Transgressora e genial: relembre a vida e carreira de Rita Lee
Uma das maiores cantoras do rock brasileiro, Rita Lee faleceu hoje aos 75 anos de idade após lutar contra um câncer no pulmão
atualizado
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O Brasil amanheceu mais triste ao saber da morte de Rita Lee aos 75 anos. A coluna presta uma singela homenagem, relembrando momentos importantes de um dos principais nomes da história da música brasileira. Transgressora, Rita foi uma das principais vozes do rock brasileiro, sendo integrante do grupo Os Mutantes e tendo uma brilhante carreira solo.
Início de carreira e os Mutantes
Rita Lee Jones nasceu em dezembro de 1947 em São Paulo. Seu pai, Charles Jones, era dentista filho de norte-americanos. Já sua mãe, Romilda Padula, era italiana e pianista e foi a primeira incentivadora de Rita no mundo da música. Aos 16 anos, a cantora integrou um trio de vocal feminino, Teenage Singers, que fazia apresentações amadoras em eventos escolares.
Nesta época, Rita foi chamada para fazer gravações como backing vocal. Não demorou muito para que entrasse em uma banda. Em 1966, ela formou os Mutantes, ao lado de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. Neste meio tempo, Rita Lee também chegou a se envolver romanticamente com Arnaldo Baptista.
A banda foi vanguardista na disseminação do tropicalismo, um movimento cultural que pregava inovações estéticas radicais baseadas na mescla da cultura brasileira com influências estrangeiras. Ao lado de nomes do MPB como Caetano Veloso e Gilberto Gil, Os Mutantes foram os principais nomes do movimento.
O grupo serviu de influência para diversos músicos ao redor do mundo. Nomes como Kurt Cobain, David Byrne, Jack White e Beck já chegaram a reconhecer a banda brasileira como uma das mais importantes da história do rock. No entanto, no início da década de 1970, ela pôs um fim ao relacionamento com Arnaldo Baptista. Rita Lee foi expulsa da banda e investiu em sua carreira solo na mesma época.
Carreira solo e luta contra o álcool e as drogas
Ao deixar os Mutantes, Rita Lee se uniu ao grupo Tutti Frutti e passou a lançar trabalhos em sua carreira solo. Nos primeiros anos, a cantora emplacou sucessos como Agora Só Falta Você, Mania de Você, Lança Perfume e Baila Comigo.
Foi nesta época também que um dos dramas da vida de Rita começou a aparecer na mídia: o vício. Em 1996, a cantora acabou adormecendo, sob efeito de álcool e remédios, e caiu da varanda de seu sítio. No acidente, ela fraturou o maxilar. A cantora tentou largar o vício inúmeras vezes, mas admitiu só ter conseguido em 2006.
Ao longo da carreira solo, Rita Lee lançou 34 discos. Em 2001, ganhou o Grammy Latino de melhor álbum de rock em língua portuguesa com o trabalho 3001. Ela voltou a ganhar o prêmio em 2022 de excelência musical pelo conjunto da obra.
Em 2012, a cantora anunciou que se aposentaria dos palcos por conta da fragilidade física. Ela ainda chegou a se apresentar em 2013, durante o aniversário da cidade de São Paulo, mas desde então vivia a vida reclusa.
Diagnóstico de câncer e outros dramas pessoais
Em 2016, ao lançar sua autobiografia definitiva, Rita Lee chocou fãs ao relatar que sofreu abuso sexual aos 6 anos de idade por um técnico que foi consertar a máquina de costura de sua mãe. A cantora também detalhou a luta contra o alcoolismo e o drama ao ser expulsa dos Mutantes em 1972.
Em 2021, foi diagnosticada com câncer no pulmão e passou por tratamentos de imuno e radioterapia. Em abril de 2022, seu filho, Beto Lee, chegou a anunciar que a mãe estava curada do câncer. No entanto, rumores nas redes sociais alertavam que a rainha do rock teria ficado com a saúde fragilizada.
Rita Lee deixa um legado imortal e uma legião de fãs após 75 anos de uma vida marcante. A coluna LeoDias lamenta a morte da cantora e expressa toda solidariedade a familiares e fãs.