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A noite do último domingo estava perfeita para o mais nova estratégia de marketing digital das redes sociais brasileiras. Milhares de pessoas com o celular na mão, acompanhando a “volta” do casal Gusttavo Lima e Andressa Suita, assistindo na TV a Globo e a Record mostrando a briga de casal da semana anterior na mesma internet.
Ah, e o Brasil tinha começado a vacinar sua primeira cidadã contra o vilão do momento da web, o coronavírus. Tudo pronto para começar o “Topa Tudo por 1 milhão de Seguidores” na vida de mais um “artista”.
Mas não vá pensando em lançamento de nova música ou uma expressão de arte dramática digna de um Oscar. A internet brasileira anda tão rasteira que se contenta com baixa qualidade, de tudo.
Um vídeo escuro, sem nexo, com alguém pedindo socorro, informações desconexas, falas sem sentido e muitas (mas muitas) dúvidas no ar. Pronto. Em questão de meia hora, é possível criar um dramalhão digno de Janete Clair (a geração das redes sociais desconhece que foi ela, né? Deixa pra lá).
Em uma noite, com um factoide mal feito e o engajamento de uma dezena de páginas de celebridades, é garantido, no mínimo, um milhão de novos seguidores. E, se um dia esse artista resolver sua “arte”, 10% desses novos seguidores podem comprá-la em uma plataforma musical e já dá até uma boa grana.
O que virou a internet, meu caro leitor? O que viraram as redes sociais? O que nós viramos? É efeito da pandemia? Eu preciso resolver tudo isso na minha próxima sessão de terapia. É profundo demais…
A sede por seguidores
Agora, qualquer um com um número razoável de seguidores vira artista, quer dizer, influencer. Na semana passada, Duda Reis, ex namorada de Nego do Borel, chorou, gritou e o acusou de tudo um pouco após o fim de um relacionamento de Instagram fadado ao fracasso.
Pronto! Em 24h, Duda entra para o livro Guiness Book, o livro das recordes, com a maior conquista das redes sociais no planeta: três milhões de seguidores em 24h. Isso é sério! O mais inacreditável é que Dudinha promete lançar uma música nas próximas semanas. Mas, quem não era o cantor não era o Nego? Eu não estou entendendo mais nada.
A única coisa que eu posso escrever aqui é: cuidado com o que estão fazendo com você, caro leitor com o celular na mão. Não permita que ninguém o trate como um fantoche. Hoje, ter seguidor é ser relevante. E eu aconselho que você reveja a quem você segue. Diga-me quem tu segues, que eu direi quem tu és.
PS: a coluna, em nenhum momento, está colocando em questão a veracidade das acusações feitas por Duda Reis contra Nego do Borel. O texto analisa, apenas, como certos comportamentos dos artistas tendem a soar como estratégias de marketing quando associados à capacidade de angariar seguidores nas redes sociais.