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Diferentemente do que muita gente esperava, o documentário A Vida Depois do Tombo, que narra a vida de Karol Conká depois da polêmica participação dela no BBB21, não teve passada de pano por parte da Globo.
O que pode ser visto ali é a versão de Karol assim como ela foi no reality show (talvez alguns decibéis a menos). Mas o fato é: a cantora é aquele personagem. Imponente, contraditório, intenso e, por muitas vezes, agressivo. O que não foi poupado de ser mostrado durante a narrativa da série documental.
É evidente que toda equipe e família já esperavam aquelas atitudes por parte da cantora, que a crise já era prevista. Por falta de preparo ou por subestimarem um dos maiores realities do país, nada fizeram. Dessas duas, preferimos ficar com a primeira opção.
Essa carência de expertise no posicionamento de imagem, na condução da carreira aqui fora e o deficiente planejamento estratégico para contenção da crise instaurada pela, como ela mesma diz, animosidade da cantora foram notados e repreendidos até pela própria.
Karol questionou e propôs soluções óbvias para profissionais de comunicação. “Vocês cederam à pressão da internet e abandonaram as redes” foram as palavras dela e, nesse ponto, temos que concordar. O jogo de Karol cruzou as fronteiras do reality e, como seu produtor disse, “passou o ódio que as pessoas têm ao presidente”.
Tombadores e tombados
O despreparo da equipe ficou visível não só pelo vácuo deixado nas redes, mas também ao longo do documentário. Nele, olhares assustados e vozes trêmulas deixam claro que, sim, todos temem Conká. Até ó presidente da Sony, sua gravadora, não escondeu que, se tivesse tomado conhecimento antes, teria levado a contratada para ouvir especialistas para alertá-la sobre a decisão arriscada.
Afinal, é a sua vida ali. E, falando em vida, imagina ter medo de entrar em um avião? A sister não voltou para casa pelo ar pois teve medo de ser hostilizada no aeroporto e foi acompanhada por seguranças de carro até São Paulo.
Ainda no âmbito profissional, sete dos grandes sucessos de Karol não puderam ser utilizados na trilha sonora. O motivo? Os compositores e profissionais envolvidos nas canções não autorizaram a reprodução da música, reforçando que ela não é uma pessoa querida no meio artístico, no qual carrega uma série de processos.
Por outro lado, o jeito “tombador” de Conká perpassa questões do seu passado, que envolvem desde o pai, que tinha problemas com o álcool, até preconceito, racismo e lutas travadas por ela enquanto mulher preta ao longo de sua trajetória. Marcas que, mesmo não justificando seus atos, nos ajudam a entender o seu comportamento não só como artista, mas como pessoa.
O documentário mostra, de maneira direta e com um roteiro muito bem desenhado, a realidade: na maioria das vezes, não há uma super produção por trás, planejamento, uma mente brilhante, uma trama bonita e sem tropeços ou a vilã pagando de mocinha. Somos o que somos e fim. Enquanto indivíduos, não há espaço para extremismos (para o bem e para o mal). Somos o que somos. Ora tombadores, ora tombados.