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Após receber duras críticas por escrever um livro voltado ao público infantil com temática LGBTQ+, Xuxa Meneghel desabafou em sua coluna para a revista Vogue Brasil. A apresentadora fez algumas revelações sobre seu passado e falou de sobre algo que, segundo ela, vive desde que se conhece por gente: preconceito.
“Quando cheguei ao Rio, eu era chamada de interiorana. Achavam graça do jeito como eu falava, riam do lugar onde eu nasci (minha linda Santa Rosa, no Rio Grande do Sul), diziam que eu era caipira. Depois, aos 16 anos, quando comecei a trabalhar, me chamavam de suburbana. Eu pegava um trem e levava uma hora para chegar à Central do Brasil e de lá pegava outra condução para estar ao lugar marcado, o que é a realidade de muita gente,” comentou Xuxa.
Uma das discordâncias mais ferrenhas em relação à nova empreitada de Maria da Graça veio do ex-senador Magno Malta. Em vídeo publicado nas redes sociais, o político classificou como “esdrúxula e indigna” a obra que a artista pretende lançar. Sem citar nomes, Xuxa deixa claro para quem ela direciona seu texto: “Agora, eu peço aos intolerantes. Não querem ajudar? Não atrapalhem! O mundo não precisa da sua ignorância, do seu desamor”.
Relacionamentos
A eterna rainha dos baixinhos fala ainda dos seus relacionamentos e dos julgamentos que sofreu em todos eles. “Depois, aos 17 anos, namorei Pelé, o maior ídolo do país por 6 anos e foi aí que eu conheci a maldade real das pessoas. Fui chamada de puta, interesseira que queria aparecer às custas de um rico famoso, garota de programa de luxo e muitos outros nomes. Quando comecei a trabalhar para crianças, aos 20 anos, fui taxada de loira burra, despreparada. Disseram que eu tinha relações com as Paquitas, com minha diretora e que eu não poderia trabalhar com o público infantil.”
Xuxa conta que seu relacionamento com Ayrton Senna também incomodou muita gente por considerarem que tudo era fachada. E, ainda, que após resolver ter sua filha aos 35 anos sem se casar, foi apontada como mau exemplo para os públicos infantil e adolescente.
“O então ministro José Serra, na época, disse até que eu estava incentivando as jovens a seguir o meu exemplo. Será que trabalhar muito, ter uma conta bancaria alta, ser uma mulher independente, resolver ter filho aos 35 anos, cuidar da saúde, não fumar, não beber, são maus exemplos?”, questionou.
Não ter o pai da Sasha ao seu lado também reforçou uma outra visão cheia de preconceitos: que não gostava de mulheres, não prestava, etc. E, se aos 35 era criticada por ter tido filho sem casar, aos 50 anos, estar feliz e com “cara de bem comida ao lado do homem que escolhi” parece ainda causar abalo nas pessoas.
“Isso choca? Sim, choca, porque para muitos, eu não tenho direito de ter uma vida sexual depois dos 50”, escreveu.
Amor, Estranho Amor
A famosa também comentou sobre as tentativas de a atingirem falando do filme Amor, Estranho Amor, de Walter Hugo Cury, um cineasta premiado. Na trama, ela fazia o papel de uma menina de 15 anos comprada no interior para ser dada a um político. O que nada tem a ver com sua biografia.
“Mas amam dizer que sou eu, a ‘Xuxa dos Baixinhos’ e não a personagem, menina que foi vendida para um prostíbulo – que aliás é um tema tão atual”, continua. Sobre os infinitos julgamentos a cerca de seu novo livro Xuxa, escreveu que o Deus que ela acredita é tudo, menos preconceituoso.
“Aliás, nós somos a semelhança Dele, então Deus é menino? É menina? É gordo? É magro? É preto? É branco? É surdo? É cego? O meu Deus é tudo isso, menos preconceituoso, homofóbico, racista, gordofóbico, machista. Deus é simplesmente amor. Onde houver amor, Ele estará: em cada sorriso da Maya, meu bebê arco-íris, que está representando tantos outros bebês que são discriminados por não se encaixarem no que resolvemos dizer que é ‘normal’ ou ‘certo’”, afirmou.