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Quem acompanha os movimentos da música ficou de boca aberta esta semana ao ver, diante dos olhos, algo histórico, que jamais acontecera no Brasil desde que o aplicativo Spotify foi lançado no país, em 2014. As quatro primeiras músicas mais baixadas eram pop ou funk. Pela primeira vez em todos os tempos, não havia nas primeiras posições uma música sertaneja sequer. (Veja a imagem abaixo).
O que a gente pode concluir com isso? Qual o significado dessa mudança de ritmo? O sertanejo está em queda? O funk ressurgiu das cinzas?
A Coluna do Leo Dias ouviu alguns especialistas no mercado de música que também quebraram a cabeça para entender a mensagem passada pelo público que usa a plataforma Spotify. Vamos às conclusões:
Não, o sertanejo não está em queda. A força do ritmo e deste mercado está muito evidente com as lives no YouTube. É precoce demais dizer que essa liderança do pop e funk será algo duradouro e contínuo, principalmente diante do amadorismo e da falta de investimento no mercado funk e pop no país. As duplas e os cantores sertanejos investem pesado no lançamento de seus trabalhos e, no momento, nenhum sertanejo de expressão lançou nada novo.
A conclusão mais lógica para esta “mudança de gosto” do brasileiro que usa o Spotify é que, na verdade (usando o português claro), ninguém aguenta mais ficar em casa. As músicas melancólicas e sofredoras foram ouvidas à exaustão nas lives nas últimas semanas. Mas atenção: esta não é uma mudança de comportamento definitiva, mas apenas uma fotografia do momento atual do país.
As grandes cidades do Brasil (em sua maioria) começaram a reabrir, as academias estão voltando a funcionar, as praias estão sendo liberadas, as pessoas perdendo o medo do Covid-19 e sabendo que têm que conviver com a doença e deixar o isolamento total. O trânsito no Rio e em São Paulo já volta a ter grandes engarrafamentos. Aos poucos, de maneira lenta, o país está voltando. Ainda falta muito, mas ficar dentro de casa durante todo esse tempo foi um grande baque para todos.
O próprio Spotify viu seus números desabarem e acabou percebendo que o aplicativo está muito ligado à festa, ao dia -a-dia agitado e à rua cheia. A população dentro de casa não procura o aplicativo para ouvir música. E o funk entendeu de vez que o seu lugar é a rua e não dentro de casa ao lado da família.
Igual a antes, é fato, não seremos mais. Mas o Spotify mostrou uma vontade tremenda do brasileiro de voltar a se confraternizar, a se juntar e a festejar. E tenho dito.