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Muitas coisas mudaram desde a última vez que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve em campanha presidencial. Uma delas foi a mulher ao seu lado. Após a morte de Marisa Letícia, em 2017, Lula encontrou uma nova alma gêmea. Contraponto à primeira-dama Michelle Bolsonaro e também peça-chave na campanha do marido, a socióloga Rosângela da Silva é “frente de batalha” e intermediária de algumas decisões políticas importantíssimas tomadas por Lula nos últimos dois anos.
Filiada ao PT desde a maioridade, a paranaense de 56 anos é a protagonista deste dossiê produzido pela coluna LeoDias, que tem por objetivo acompanhar a trajetória das mulheres que, sobretudo, estão com o poder em mãos para mudar os rumos do Brasil nos próximos quatro anos.
Relação com Lula e influência na política
Popularmente conhecida como Janja, apelido que vem desde a infância, ela passou a ser notada nacionalmente a partir de 2019, quando o Brasil descobriu que Lula estava namorando. Chegou a ser considerada “ameaça” aos que orbitam no entorno dele e, de certa forma, um incômodo para alguns petistas caso o marido vença o pleito.
Sua ideia é ressignificar esse conceito de primeira-dama, sinalizando objetivos políticos, como o combate à violência contra as mulheres e à fome, além de aumentar a interlocução entre gerações – esses são projetos já em andamento. Janja está sempre presente e bastante atenta em reuniões nas quais são definidas estratégias de campanha.
Quando Michelle disse que mulher tem de ser “ajudadora do esposo”, frase que repercutiu negativamente entre algumas mulheres, Janja se pronunciou durante um comício de Lula. “Eu vou estar aqui do seu lado junto com esse povo maravilhoso. Não vou te ajudar, não vou ser ajudadora, eu vou estar do seu lado, junto, lutando”, disse, sem citar a esposa de Bolsonaro.
Queridinha dos artistas e participação ativa na campanha
O networking de Janja foge do comum. E foi com essa capacidade persuasiva que ela tirou de cima do muro artistas importantes da Globo, além de influenciadores digitais – escudos da tropa de Lula contra Bolsonaro.
Ela, inclusive, fez a ponte para que Anitta declarasse apoio a Lula nas eleições deste ano, em um dos movimentos mais inteligentes da campanha do petista. A mesma ideia foi aplicada por ela nas viagens de Lula pelo Brasil, em que artistas locais eram convocados a participar dos atos nas ruas. O “tour” teve encerramento em Salvador, mais precisamente na mansão de Daniela Mercury.
Essa questão, no entanto, foi um grande desconforto para alguns aliados do petista, que criticaram o fato de os correligionários estarem se divertindo enquanto poderiam visitar periferias.
Bem articulada e bastante politizada, Janja foi responsável pela releitura do famoso jingle “Sem Medo de ser Feliz”, lançado para a campanha de 1989.
Carreira profissional
Formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Janja também tem MBA em gestão social e sustentabilidade. Trabalhou na Usina Hidrelétrica de Itaipu e na Eletrobras. Durante sete anos, foi assistente do diretor-geral e coordenadora de programas voltados ao desenvolvimento sustentável na hidrelétrica.
Retornou mais tarde e permaneceu por mais quatro anos na estatal. Nesse mesmo período, foi assessora de comunicação e relações institucionais da Eletrobras, que recentemente foi privatizada pelo governo Bolsonaro.
A história de amor
Terceira esposa do candidato à Presidência da República petista, Janja protestava contra a prisão de Lula na Operação Lava Jato quando passou a tentar contatos com o ex-presidente. Com Lula atrás das grades, ela escrevia cartas, o visitava e até mesmo se oferecia para lavar suas roupas.
O relacionamento e a confiança foram se solidificando. Os dois passaram a viver juntos assim que Lula deixou a cadeia, em novembro de 2019. Contudo, é um mistério quem pediu quem em namoro.
Reza a lenda, e isso nunca foi confirmado, que Janja e Lula se conhecem há décadas. A aproximação ocorreu no fim de 2017, quando o ex-presidente já era viúvo. Em maio deste ano, o Brasil acompanhou com exclusividade, na coluna LeoDias, todos os detalhes do casamento de Lula e Janja. A cerimônia foi realizada em uma quarta-feira, para 220 convidados, em São Paulo.
Não é possível afirmar se há a intenção de Janja seguir o caminho político e tentar, ela própria, uma campanha para se eleger a algum cargo nas próximas eleições. No entanto, em caso de vitória do petista, Rosângela da Silva mostrou ser o tipo de mulher que não ficará apenas olhando enquanto o marido governa o país.