Psiquiatra explica o que pode ocasionar surto psicótico igual de Urach
A influenciadora falou com a coluna sobre o surto que teve recentemente
atualizado
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Andressa Urach conversou com o titular desta coluna sobre o surto psicótico que teve no ano passado e detalhou como ficou abalada com a situação. Este espaço, então, ouviu o psiquiatra Tiago Figueiredo para entender um pouco mais sobre como esses surtos acontecem e como eles podem impactar a vida das pessoas.
“O episódio psicótico (popularmente chamado de “surto psicótico”) representa uma desordem grave do funcionamento cerebral. Esse desequilíbrio pode ser provocado principalmente por alguns transtornos psiquiátricos e leva o indivíduo a apresentar diversas alterações comportamentais que são socialmente inadequadas. O episódio psicótico provoca uma ‘pane’ no sistema que regula a nossa percepção do que é vivenciado e isso pode levar o indivíduo a perder o contato com a realidade e com o julgamento social”, explicou.
Figueiredo detalha que pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Humor Bipolar também podem apresentar o quadro, mas ressalta que apenas uma minoria dos portadores do Transtorno Bipolar apresenta essa manifestação.
O psiquiatra também deu mais detalhes do que acontece quando alguém está em surto, como foi o caso de Andressa: “Quando presente, pode haver interpretações delirantes e os delírios de cunho religioso estão entre os mais frequentes. É comum que a pessoa passe a ter certeza de que há uma missão religiosa a ser cumprida, seja a representação de uma divindade ou uma identidade Bíblica, por exemplo.”
“Quando esse tipo de quadro surge, é fundamental que a pessoa afetada tenha ajuda médica especializada o mais rápido possível pois, a depender do conteúdo do estado delirante, isso pode representar um risco à integridade da própria pessoa ou de pessoas próximas, inclusive familiares”, continuou.
Tiago também adverte que, quando alguém está em meio a um surto, não tem consciência do que está fazendo. “Quando há risco de agressão a pessoas próximas, isso não traduz em nada se há amor ou não naquela relação. Naquele momento em que o delírio está instalado, a pessoa não está agindo por si. Pode haver uma interferência no estado de consciência, inclusive. Por isso, é comum que a pessoa não se recorde dos motivos que a levaram a agir de determinada maneira”, explicou.
Compreensão das pessoas próximas
Figueiredo ressalta que esses episódios fogem do controle das pessoas afetadas e que a compreensão de ambos os lados é necessária, principalmente para que haja uma incentivo ao tratamento: “A compreensão desse processo tanto pela pessoa afetada quanto pelos familiares é fundamental para a recuperação funcional e para que haja a conscientização da necessidade do tratamento. O tratamento correto permite que a pessoa volte a ter uma vida normal e evita que esse tipo de alteração volte a ocorrer.”
Tiago finaliza relembrando que quem passa por esses episódios pode sentir culpa e outros sentimentos após uma crise e esse é mais um do motivos pelos quais é importante se ter uma rede de apoio forte.
“Passado o período mais agudo, não é incomum que a pessoa passe a apresentar sentimentos de culpa, remorso, arrependimento e sensações de incapacidade. Por isso, a rede de apoio é fundamental para que a pessoa volte a se sentir segura e confiante. É natural que seja necessário um tempo para que tudo se reorganize, inclusive na maneira como a pessoa se percebe, age ou se apresenta, e isso deve ser respeitado e assegurado. A conscientização social é fundamental para que exista menos preconceito e julgamentos errôneos”, completou.
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