O sucesso da parceria de quase 5 anos entre o youtuber Ricardo Corbucci com Zeka Costa, agora seu ex-produtor do canal Corbucci Eats, chegou ao fim de uma forma nada amistosa e uma entrave judicial pelos direitos sobre parte da receita gerada pelos conteúdos do canal, hoje com mais de 2 milhões de inscritos e quase 500 milhões de visualizações. A coluna LeoDias descobriu que Zeka foi simplesmente tirado do seu próprio projeto construído em sociedade com Corbucci e, sobretudo, saiu sem receber absolutamente nada.

O produtor abriu um processo na justiça contra Corbucci, que por sua vez alega justa causa na quebra de cláusula de um contrato firmado entre eles em 2020. Entretanto, mesmo alegando o fim do contrato, o youtuber continua utilizando e se beneficiando dos direitos das produções realizadas (aproximadamente 330), sem efetuar o repasse mensal dos valores previstos em contrato.

Desde o acordo firmado, onde 70% era para o youtuber e 30% para o produtor, Ricardo Corbucci passou a questionar os ganhos do colega à medida em que eles ganhavam mais público. “Ele dizia que eu ganhava muito além do mercado, começando a exigir prazos e revisões nos vídeos, vídeos adiantados, etc”, relata Zeka, que precisou vender seus equipamentos de trabalho após impacto financeiro que sofreu por conta da situação.

Além de produtor do canal Corbucci Eats, Zeka também criou toda a identidade visual e padrão de enredo e edição dos vídeos, e também buscava oportunidades de parcerias para realizar gravações em restaurantes, eventos, entrevistas. “Inclusive, foram em vários desses eventos gastronômicos que o Ricardo foi entrevistado por emissoras de TV locais e portais de notícias, com isso o número de inscritos no Youtube foi aumentando cada vez mais”.

Do que se trata o Corbucci Eats?

O canal mostra desafios de comida com o brasiliense Ricardo Corbucci, de 31 anos. Ele virou sensação no YouTube e ganhou muitos fãs por devorar comidas em um tempo inimaginável.

Como surgiu a parceria Ricardo e Zeka 

“Conheci o Ricardo em um evento gastronômico no qual eu estava cobrindo (em 2017), gravei ele em uma competição de “quem come mais pizza” nesse evento, após ver a habilidade dele em comer muito.  Fui conversar com ele sobre produzir esse tipo de conteúdo para o Youtube, ele me disse que tinha um canal (menos de 200 inscritos na época) e que já tinha feito um outro desafio com açaí, fiz então uma proposta de parceria para produzir os vídeos do canal e juntos fazer o canal dar certo.  A nossa parceria foi evoluindo, me tornei produtor do canal. Depois de quase um ano produzindo, veio os primeiros 100 dólares, decidimos então a nossa divisão em porcentagem, 30% pra mim e 70% pra ele. Nesse mesmo ano virei pai e me dediquei ao máximo para fazer o projeto Corbucci Eats decolar. Eu acreditava tanto no projeto que sempre me dispus por ele, o dia seguinte ao nascimento do meu filho eu já estava gravando com o Ricardo”, conta Zeka.

Os primeiros desentendimentos

Para Zeka, Ricardo era uma pessoa extremamente ansiosa e parecia não entender o processo de produção e edição dos conteúdos. E mesmo com um trabalho elogiado pelo público, esse reconhecimento não era visto da parte do youtuber, que em determinada altura do sucesso propôs mudar o acordo e passaria a pagar por vídeo.

“Fiquei extremamente chateado e reforcei o que tínhamos combinado desde o início, e que se não fosse assim eu não continuaria e entraria com um processo, comentei com ele que tinha conversado com um advogado sobre o assunto e tivemos um desentendimento por isso, ele não queria falar comigo e muito menos me receber na casa dele pra gente conversar (usando a pandemia de justificativa), dois dias depois ele veio até minha casa pra gente resolver as coisas. Ele falou que aceitaria me pagar os 30% desde que fizéssemos um contrato, que até então era um acordo verbal. No dia da conversa rolou pedido de desculpas, declaração de amizade e etc, reforçamos um ao outro sobre acreditar no projeto e querer fazer dar ainda mais certo, porém o Ricardo a partir dali queria me tratar como um “funcionário”, como alguém que ele contratou para editar os vídeos dele”.

O fim da parceria e o início do embate judicial 

Quando Ricardo se mudou para os Estados Unidos, ele passou a cobrar por trabalhos que não haviam sido acordados entre eles, como a tradução de vídeos em inglês. “Com isso o tempo de produção de um vídeo passava das 72 horas, pois era um trabalho em conjunto que a todo momento ia e voltava, apesar do Ricardo ter participação direta nesses atrasos e na intenção de me descartar do canal, ele aplicou a cláusula do contrato e puniu meus ganhos, logicamente questionei, porém ele simplesmente parou de me responder, a última coisa que disse foi: ‘Zeka, tão estressante quanto está sendo pra você está sendo pra mim, prefiro que nossos advogados conversem por nós'”, disse ele.

Após isso, Zeka ainda foi removido de administrador do canal e perdeu a senha do banco de áudio que utilizavam para as trilhas sonoras. “Tentei contato diretamente com o Ricardo diversas vezes e nada, fui então atrás de um advogado para resolver a situação por mim, elaboramos uma carta extrajudicial cobrando os valores referentes a uma rescisão contratual, direitos sobre produções já feitas, etc. A resposta que tive por parte do Ricardo através do advogado dele foi que o contrato estava encerrado por justa causa por conta dos ‘atrasos’ que ele mesmo teve participação direta”.

Junto com a resposta negativa sobre o contrato estar encerrado por justa causa, veio uma proposta de indenização por livre espontânea vontade de Ricardo com um valor de aproximadamente 12% do que ele deve, informa.

“E isso ainda dividido em 5 parcelas. Não aceitei e para não ficar no prejuízo entrei com um processo contra ele, pois existem cláusulas de recisão que precisam ser cumpridas. Foram quase 5 anos de dedicação ao projeto e essa era minha renda principal, já afetou minhas obrigações financeiras do dia a dia e consequentemente meu emocional, ninguém é obrigado a trabalhar com ninguém, e já que ele quer romper esse nosso laços, só peço que seja justo”, alega Zeka.

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