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Nunca imaginei que o mundo da moda fosse tão cruel. Pude perceber isso ao tentar entrevistar a pessoa que criou o perfil “Moda Racista”. Para você entender e se atualizar: esse é o assunto mais falado no “mundinho fashion” nacional.
Desde o dia 31 de março, um perfil do Instagram tem feito graves e sérias denúncias de racismo e assédio moral atingindo gente, nomes e marcas poderosas. Nesta semana, por exemplo, a Riachuelo afastou o responsável por todas as campanhas da marca. Ralph Choate foi limado de seu posto após uma denúncia anônima em que lhe foi atribuída a seguinte frase sobre a inclusão no mundo da moda: “daqui a pouco vou ter que escalar anão com vitiligo”.
Nomes fortes como Reinaldo Lourenço e Glória Coelho foram alvo de seríssimas denúncias e tiveram que se pronunciar. Diante de tudo isso, a Coluna Leo Dias foi atrás do criador do perfil. E não foi fácil. É tudo cercado de mistério e, principalmente, medo de retaliação. Mas no bate-papo chegamos à conclusão que criou-se na moda uma atitude soberba no tratar ao outro, como se isso estivesse ligado a cargos de poder. No longa “O Diabo Veste Prada”, isso é mostrado de forma muito clara. E o mundo não aceita mais isso.
A entrevista foi feita pelo Instagram entre o meu perfil e a página oficial do “Moda Racista”. A pessoa não quis passar o telefone. E quando eu falo “a pessoa” é porque o(a) criador(a) do Moda Racista sequer revela sua identidade. Mesmo anônimo, ele ou ela está causando.
Como surgiu a ideia do perfil?
A página surgiu para mostrar a realidade do mercado da moda e a partir disso exigir mudanças. O movimento “black lives matter” era uma bandeira levantada que não poderia ser perdida.
Qual a sua ligação com a moda?
Trabalho com moda e com a realidade da moda. Não importa o cargo.
Quais eram as expectativas do perfil, que já tem mais de 25 mil seguidores?
Baixas.
O que mais te surpreendeu ao perfil virar o assunto mais comentado no mundo da moda?
O fato de ter conquistado a confiança das pessoas. As histórias não me surpreenderam.
Nada mesmo te chocou?
A da plataforma de blogs FHITS, uma plataforma de blogueiros e influenciadores digitais. Há inúmeras denúncias sobre eles (as donas do FHITS foram acusadas de racistas, gordofóbicas e elitistas). Me chamou atenção porque moda e blogueira não são a mesma coisa.
O que você acha das blogueiras?
Acho importante, mas a realidade é diferente.
Você não acha que estabeleceu-se um estilo de comportamento, digamos, mais soberbo para estilistas? Entende o que o eu falo?
Isso não acontece só na moda.
Discordo. Pelo que eu li, isso é muito mais comum na moda, sim. Talvez pela grande maioria dos estilistas já terem nascido ricos, mesmo que riqueza não esteja ligada a bem tratar.
Lógico, isso sim. Tenho coisas bem piores, segunda haverão denúncias com funcionários identificados.
Quer comentar a atitude da Riachuelo?
Considero artificial, tendo em visto que entraram em contato uma vez e depois não responderam.
E Reinaldo, Gloria…. Vocês atingiram ícones.
Ela continua mantendo a frase: “Não sou racista, foi um engano”. E não se manifesta sobre o relato dos funcionários. O Reinaldo falou para os jornais e só fala sobre modelos, não sobre os funcionários lesados.
Você quer traçar um perfil seu?
Mais importante do que quem eu sou é o que acontece.