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O ator Paulo Gustavo, que faleceu nesta terça-feira (4/5) aos 42 anos, retratou a vida de milhares de famílias brasileiras nos palcos, na televisão e no cinema. Em 21 de junho de 2013, Dona Hermínia chegava às telonas após o sucesso estrondoso de Minha Mãe é uma Peça no teatro para se tornar um fenômeno da bilheteria nacional, com cerca de 25 milhões de espectadores em três filmes.
Uma dona de casa de meia idade caiu tão logo nas graças do público e todas as mães e filhos enxergavam ali um pouco do que eram. A empatia foi o grande espetáculo, e todas as senhorinhas amaram aquela mulher com rolinhos e lenço nos cabelos mostrando que o amor pelos filhos é algo inexplicável. O mais lindo disso tudo? A história era baseada na realidade. A mãe de Marcelina e Juliano era inspirada em dona Déa Lúcia, mãe do ator.
O humorista trouxe um novo olhar aos filmes brasileiros. O preconceito, antes exalado pelo grande público em produções nativas, foi aos poucos ganhando um novo olhar. As salas de cinemas ficavam lotadas em todas as sessões em que Paulo Gustavo surgia irreverente, vestido da mulher brasileira, divorciada e relutava em deixar os filhos saírem de debaixo de suas asas.
Minha Mãe é uma Peça 1 arrecadou um total de R$ 45,8 milhões no ano de sua estreia. A sequência foi o filme de maior renda de bilheteria em 2016. Foram R$ 124 milhões arrecadados, para uma produção orçada em R$ 8 milhões. O terceiro longa da franquia se tornou o segundo filme mais visto da história do cinema nacional e superou em bilheteria uma grande estreia internacional da mesma semana: Star Wars: A Ascensão Skywalker.
Em entrevista ao UOL em 2019, Paulo Gustavo disse ter se inspirado em sua própria família para escrever o roteiro. “Esse é o meu filme mais autobiográfico e mais político. Eu quis falar do meu pai [Carlos Alberto], que foi morar na frente da casa da minha mãe, do meu casamento, da minha paternidade”, disse o ator, que era casado com o dermatologista Thales Bretas e pai dos meninos Romeu e Gael.
Na televisão, o sucesso não era diferente. No 220 Volts, programa humorístico exibido pelo Multishow, Paulo Gustavo surgiu como a Senhora dos Absurdos, mostrando situações constrangedoras, inusitadas e cômicas do cotidiano dos brasileiros. No mesmo programa, quando surgia caracterizado de Beyoncé, era aclamado pelo público, que amava a sua versatilidade para se transformar nos mais diferentes personagens.
Em 2013, entrou no ar o Vai que Cola, criado por Leandro Soares e dirigido por João Fonseca e Régis Faria. O programa era baseado no extinto Sai de Baixo, sucesso na década de 90, e popularizado por Miguel Falabella. Protagonizada por Paulo Gustavo, a série de TV, gravada no Rio de Janeiro, tornou-se a maior audiência da TV paga dos últimos dez anos.
Nos primeiros 20 episódios, foram 11 milhões de espectadores e logo foram confirmadas novas temporadas, que teve, inclusive, com a participação de Tatá Werneck. Além dela, o elenco era formado por amigos de Paulo: Marcus Majella, Cacau Protásio, Catarina Abdalla e Samantha Schmutz, entre outros. Mesmo com a saída de Paulo, o projeto continuou e também se tornou uma franquia na TV e no cinema.
Com tanto sucesso, é impossível não chegar à conclusão que Paulo Gustavo Monteiro de Barros é um grande ídolo para os amantes de televisão, teatro e cinema. O pai, marido e filho do bairro de Niterói mostra um Brasil de empatia e cheio de vertentes através das telas e dos palcos do país afora. O ator deixa um grande legado conquistado com muito trabalho e muito amor e paixão pelo o que faz.
Como diz o escritor Fernando Sabino no romance O Encontro Marcado:
De tudo ficaram três coisas…
A certeza de que estamos começando…
A certeza de que é preciso continuar…
A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar…
Façamos da interrupção um caminho novo…
Da queda, um passo de dança…
Do medo, uma escada…
Do sonho, uma ponte…
Da procura, um encontro!