Compartilhar notícia
Atualmente, duas novelas escritas por Manoel Carlos estão no ar. Enquanto a Rede Globo exibe Laços de Família, de 2000, no Vale a Pena Ver de Novo, o Canal Viva transmite Mulheres Apaixonadas, de 2003. Ambas as reprises têm repercutido muito nas redes sociais e rendido bons números de audiência para as emissoras. Mas será que o Leblon continua mesmo tão encantador?
A estreia de Laços de Família, em 7 de setembro, marcou 22 pontos, a terceira maior audiência na década do Vale a Pena Ver de Novo, ficando atrás apenas de Êta Mundo Bom e de Avenida Brasil. Já Mulheres Apaixonadas, em suas duas primeiras semanas de exibição, teve o melhor desempenho entre todas as novelas reprisadas desde que o Canal Viva entrou no ar, em 2010.
As novelas de Maneco são produtos do tempo delas e reflexos de um autor que sempre deixou muito claro que iria retratar apenas a realidade do mundo em que ele vivia, aquele Leblon utópico. Sua obra foi responsável por criar a imagem de um Rio de Janeiro que já não existe mais, que esmaeceu com o tempo. E o sucesso das reprises pode ser explicado pelo fator nostalgia.
A última novela de Maneco que teve muita repercussão foi Páginas da Vida, de 2005. Viver a Vida, de 2009, e Em Família, de 2014, já precisaram batalhar pela audiência do horário nobre. Talvez porque o público já não estivesse tão interessado nas relações da classe média-alta. Para quem não se lembra, a novela que mais fez sucesso nesse período foi Avenida Brasil, de 2012, que retratava o subúrbio.
Obviamente, a coluna não está desmerecendo a qualidade das obras do autor. Laços de Família e Mulheres Apaixonadas são novelas muito boas. Mas será que ainda retratam a realidade ou os personagens já estão ultrapassados? Até mesmo uma mulher moderna como Capitu, que era uma garota de programa em Laços de Família, foi repreendida por seus pais por carregar camisinhas na bolsa. Isso não cabe mais em 2020.