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Após a crítica publicada por esta coluna que mostrou a ausência de shows feitos por sertanejos no Prêmio Multishow, a emissora se explicou sobre o ocorrido. Em nota, o canal de TV por assinatura disse que “a música faz parte do DNA do Multishow e todos os gêneros musicais têm espaço em sua programação. Assim como o Prêmio Multishow, que em 27 anos sempre celebrou a diversidade musical”. Além disso, mostrou que em edições anteriores artistas do estilo sertanejo foram convidados para apresentações. O comunicado termina dizendo que “a composição do lineup da cerimônia depende da agenda dos artistas”.
A pergunta é: são centenas de artistas sertanejos espalhados pelo Brasil, nenhum deles tinha agenda disponível? De forma nenhum quero desmerecer o trabalho dos artistas de pop e funk que se apresentaram — com belíssimas perfomances — no prêmio Multishow. Mas o fato é que os números desses artistas não representam a realidade do Brasil.
Vejam esses dados de 2020:
– A cada 10 músicas que tocam nas rádios do Brasil, 8 são sertanejas.
– No Spotify, entre as 10 mais baixadas, 5 são sertanejos.
– No YouTube, 9 das 20 músicas com as maiores visualizações são sertanejas.
Mas aí chegamos a um ponto crucial: as redes sociais. A única explicação plausível para esta estratégia do Multishow de explorar esses segmentos são as redes sociais. No digital, o engajamento de artistas pop é bem mais significativa. Lá sim, a vitalização é bem maior e o foco é, de fato, o público teen. Mas, então, não vamos elevar a um patamar uma premiação que tem como objetivo apenas o público que tem acesso às redes sociais.
No fim das contas, valeu o debate. Precisamos, sim, olhar para todo o Brasil e redefinirmos a palavra popular.