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No BBB21, ao contrário das edições anteriores, o público não tem gostado nada dos casais que foram formados na casa, dentre eles, Carla Diaz e Arthur. Isto porque o professor de Crossfit tem tido comportamentos e mantido uma relação considerada abusiva e nada empática para com sua parceira. A coluna Leo Dias conversou com Thamiris Dias, psicóloga, feminista e especialista em saúde da mulher pela UFRJ, que explica a dinâmica dessa relação sob a ótica da psicologia.
“Quando a gente fala de relacionamento abusivo, o imaginário que a gente construiu é quando o homem é aquele agressivo, violento, que grita, bate e xinga. E isso, realmente, é muito violento e mais fácil de enxergar de fora. São abusos mais claros, mas também temos que entender que, em um relacionamento abusivo, existem as microviolências que são sutis e nem sempre conseguimos enxergar de uma maneira clara e objetiva, o que acredito que acontece na relação de Carla Diaz e Arthur”, pontua.
Segundo a especialista, o professor de Crossfit, por conta da masculinidade tóxica – que é uma outra conversa -, tem registros do machismo quando escolhe se aliciar aos homens para falar da atriz e não defendê-la: “Ele critica os amigos dela fazendo com que ela se afaste deles. O que é muito comum em relacionamentos abusivos”, explica.
Dias explica ainda que essas microviolências são evidentes quando o brother ignora e não defende a companheira: “A fala dele de ‘vamos nos separar por conta do jogo’, o que faz com que ela se sinta exposta e desamparada”.
“O próprio fato de ele ter a ignorado no momento que ela passa mal na prova e ele não tem empatia”, completa.
A psicóloga alerta que essas microviolências e situações podem acontecer, também, para além do BBB.
“A mulher, quando ela é ignorada, silenciada, ela não é cuidada. Diaz se mostrou muita mais numa posição de cuidadora do Arthur tentando perdoá-lo e, de alguma maneira, minimizando a responsabilidade que ele tinha sobre suas atitudes e escolhas no jogo. Que é uma posição que nós mulheres aprendemos desde muito novas”.
“A sermos dóceis, a estarmos sempre disponíveis, a perdoarmos e é um movimento que a Carla Diaz acaba fazendo, o que é uma lógica muito comum em relacionamentos abusivos.”
De acordo com a psicóloga, as consequências são várias, dentre elas a dúvida dos próprios sentimentos, o sentimento de erro e culpa.
“Ela tem sentido dificuldade de enxergar essas microviolências porque é difícil mesmo de enxergar. Quando a violência chega no seu limite, uma agressão física, por exemplo, ainda assim é difícil de sair desse ciclo porque há muita manipulação psicológica. Ali no jogo vamos poder acompanhar e ver as consequências para além das que já citei.”
“Vale lembrar. Quando o Rodolffo indica a Carla ao paredão, ele fala que ela não foi leal ao Arthur e em nenhum momento ele a defende. E, mais uma vez, é cobrada uma posição da mulher que tem que defender o homem e protegê-lo mas o contrário não acontece. Já que o Arthur escolhe o Projota para o anjo e em nenhum momento isto é questionado. Há ali o pacto da masculinidade de apontar o dedo para Carla, então isso reforça muito e é uma situação emblemática do lugar e papel da mulher na sociedade e nas relações”, finaliza.