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Ícone negro da cultura brasileira, considerada a rainha negra do Brasil, a atriz e cantora Zezé Motta completa 77 anos neste domingo (27/6) e comemora a vida ativa na carreira artística, que ainda consegue manter. A eterna sedutora Xica da Silva (1976) bateu um papo com a coluna Leo Dias para contar como se sente hoje e sobre o futuro.
“Passei a cuidar mais da minha saúde mental, evolui, aprendi, me reinventei, e estou aqui, forte como cobra coral”, confessa a artista.
Confira a entrevista!
O que vai fazer neste dia 27?
Quero acordar, curtir minha casa e, agora que estou vacinada com as duas doses, almoçar com minhas filhas e com meu filho. Não dá pra fazer nada além disso hoje, né? Ainda estamos em pandemia, não temos muito o que comemorar.
O que você costuma fazer no dia do seu aniversário de especial?
Eu sou canceriana, dizem que vivo no mundo da lua, então, acordo normalmente e lá pro meio do dia começo a ver a movimentação, flores chegando, presentes… Aí me dou conta que é meu aniversário (risos). Apenas rezo todos os dias e agradeço a Deus pela vida, por estar aqui com consciência.
Como você avalia o último ciclo? O que aprendeu com ele?
Como todo mundo, eu passei por inúmeros processos. Olhei para dentro de mim, passei a cuidar mais da minha saúde mental, evolui, aprendi, me reinventei, e estou aqui, forte como cobra coral. É claro que existem dias e dias, mas tenho procurado ser forte em quase todos. O trabalho tem me ajudado muito. Graças a Deus eu tenho trabalhado mais na pandemia que antes. Só na pandemia fiz mais de 12 campanhas grandes e para diferentes marcas.
Acabei de rodar quatro filmes, estou atualmente fazendo mais dois e me preparando para duas séries na Globo. Restreei um show que amo fazer, o Zezé canta Caetano, por aí vai. Então o que posso dizer desse ciclo? Aprendizado, crescimento, resiliência. Na pandemia perdi parentes queridos, perdi minha mãezinha. Perdi muitos amigos, muitos. Teve uma semana em que dia sim dia não acordava com a notícia do falecimento de alguém, parecia um pesadelo. Mas, enfim, resisti.
E para o novo ciclo, o que mais deseja?
Desejo que o Brasil volte a ser um país digno. Sem tanta fome, sem tanto desemprego. Desejo que a cultura volte a ser respeitada. Desejo novos governantes porque esses que estão no poder me trazem desgosto todos os dias. Desejo saúde para mim e para todos. É o que mais desejo.
Você curte fazer aniversário?
Mais por ser o meu septuagésimo sétimo aniversário. Chega uma hora que vai perdendo graça. Vamos perdendo os amigos. Enfim, vamos desanimando um pouco. Mas tenho uma família que amo, filhas, sobrinhos, netos, amigos, aí vai chegando na véspera até que dá uma animada. Quero comemorar, se Deus permitir, os meus 80 anos porque, agora, sem chance de comemorar.
Tem um aniversário inesquecível?
Olha, como eu disse, já fiz muitos aniversários e já fui muito festeira. Sempre gostei de morar em apartamentos grandes, então pensa, minha casa nunca ficou vazia. Eram muitos almoços, jantares, se eu estivesse fazendo alguma novela, todos eram convidados, uma loucura! Não me vem nenhuma festa específica na cabeça agora, mas não posso reclamar da vida, já tive boas festas de aniversário. Muitas delas eram organizadas por amigos meus, tudo surpresa, eu chegava tava todo mundo lá, tudo pronto. A última dessas, que me lembro, foi organizada pelo Vinicius Belo, meu produtor, quando cheguei em casa tinha um monte de gente que eu amo, a casa toda decorada, bufê, bolo e tudo! (Risos).
Como está sendo para você envelhecer?
Não tenho medo da velhice. Falar sobre isso não é um problema pra mim, pelo contrário. Acredita que tenho trabalhado muito hoje porque, segundo dizem, sou uma atriz-cantora que se tornou sinônimo de longevidade? Estou adorando isso tudo. Só esse mês fiz duas campanhas grandes, para duas marcas de saúde. Estou muito segura onde estou e o lugar que ocupo hoje. Eu não sei se eu quero viver 95 anos como minha mãe, que antes de morrer ficou com a saúde bem comprometida. Não quero passar por isso. Me cuido bem. A dor está lá na esquina e já estou indo ao médico (Risos). Eu estou ótima. Nunca escondi a idade. Estou achando legal ter 77… Quer dizer, se a gente pudesse escolher, não passaria dos 30 (Risos). Mas existem algumas vantagens, por exemplo: tive a crise dos 30, dos 40, dos 50 e dos 60. E, de repente, aos 70 não, desencanei.
Qual mensagem você daria para você mesma neste momento?
Perseverar, resistir, acreditar e sonhar!
* Toda semana, a coluna vai trazer uma entrevista exclusiva com um famoso que está fazendo aniversário. No último sábado (19/6), Letícia Spiller foi quem conversou com a gente.