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Durante muito tempo, o cabelo liso foi tido como o padrão de beleza, obrigando muitas cacheadas a recorrerem a processos para disfarçar as madeixas naturais. Felizmente, isso está mudando, e cada vez mais mulheres passam pela transição capilar para revelar o que há de belo.
A coluna conversou com Maísa Silva, Brunna Gonçalves e a influenciadora Carol Martins, que contaram como foi o processo de aceitação de seus cabelos.
Maísa Silva
Maísa Silva está encantando a web com seus cachos desde que fez o chamado big chop (corte grande para remover a química) no dia 18 de julho. A apresentadora conta que decidiu fazer a transição capilar porque não queria mais fazer escova progressiva. “Depois de anos, estava com saudades, queria conhecer o meu cabelo de verdade. Porque depois de alisar por tanto tempo, você meio que esquece do formato do seu cabelo. E o processo não foi fácil. Você tem que se blindar das críticas alheias e se focar no que você quer”, conta.
Mas a insegurança não impediu que Maísa seguisse com a transformação. “A transição capilar mexe muito com a autoestima. Vocês estão vendo esse processo externamente, mas internamente, a mudança foi muito maior. Não é só sobre o meu cabelo ter voltado ao natural. É sobre eu ter me descoberto, sobre autoconhecimento. O cabelo é personalidade, expressão. Principalmente para as mulheres, que são muito julgadas pela aparência. Mas, ao longo do tempo, percebi que valia mais a pena ser quem realmente sou e seguir com essa decisão. E não me arrependo nem um pouco”, afirma ela.
A apresentadora garante que, não importa se é com cabelos lisos ou cacheados, o foco é sentir-se bem consigo mesma. “Acho que empoderamento é a gente poder escolher usar nosso cabelo da maneira que quiser. Só que tomar essa decisão de voltar ao meu cabelo ao natural me gerou insegurança e, a partir dessa insegurança, acho que me tornei mais segura. Porque quebrei uma barreira que nem sabia que tinha. Então, estou me sentindo mais bonita, empoderada, estou muito feliz. E a felicidade resplandece. As pessoas começam a nos achar mais bonitas depois que a gente se sente mais seguro com a nossa aparência”.
Os seguidores que hoje se sentem inspirados pela apresentadora, também a inspiraram. “Descobri que estou encorajando outras meninas a passar pela transição capilar através de um post que fiz no Instagram, uma carta aberta para o meu cabelo. E, por meio daquele post, recebi tanto carinho, tanto amor, que me senti abraçada, mesmo que à distância, por muitas pessoas. Então, isso foi fundamental para seguir com a transição. E se hoje encorajo outras pessoas, é porque elas me encorajaram. Então, só estou retribuindo o que fizeram por mim”, diz Maísa.
Brunna Gonçalves
Brunna Gonçalves, que também está exibindo seus lindos cabelos crespos no Instagram, diz que foi inspirada pelas redes sociais. “Sempre acompanhei influenciadoras que também tinham cabelos cacheados e crespos e estavam passando por transição e, a cada resultado que elas postavam, eu via que era possível também ter os meus cachos de volta! Hpuve um dia que acordei decidida, cortei o meu cabelo bem curtinho para tirar toda a química e comecei a cuidar dele, foram dois longos anos de transição”, conta.
Assim como Maísa, Brunna diz que o processo mexeu com sua autoestima, mas valeu a pena. “Acho que quase todas as meninas que passam pela transição tem uma certa insegurança, medo das pessoas julgarem. É um processo muito difícil e demorado, muitas vezes a gente se olha no espelho e não se acha bonita. É bem difícil. Mas agora, estou me sentindo a mulher mais linda do mundo! Nunca imaginei que ter o meu cabelo natural de volta fosse aumentar tanto a minha auto estima. Estou me amando”.
A dançarina também percebe que está incentivando suas seguidoras a assumirem seus cachos e diz que a troca nas redes sociais é fundamental para o processo. “Eu recebo mensagem diariamente de meninas que estão passando por transição, dizendo que tenho sido uma inspiração para elas. Eu fico muito feliz! Assim como outras influenciadoras me inspiraram, hoje inspiro outras pessoas. É muita responsabilidade”, afirma Brunna.
Carol Martins
A influenciadora Carol Martins nunca fez processos de alisamento dos fios, mas tentava evitar que os cachos ficassem volumosos. “Eu aplicava gel em excesso para que o cabelo ficasse bem baixinho, ele ficava todo durinho por conta do produto. Aos poucos, fui aprendendo a usá-lo de outras formas. Uma vez, dormi em cima do cabelo na sala de aula e, quando acordei, corri pro banheiro na intenção de molhá-lo para ajeitar. Mas quando olhei pro espelho, percebi que os cachos estavam mais soltinhos e brilhosos. Foi naquele dia que aprendi a amassar o cabelo depois de seco”, conta ela.
Carol enfrentou bullying no colégio por causa de seus cabelos e uma agressão deixou uma sequela irreversível. “Eu sofri muito na escola. Já colaram chiclete, cortaram meu cabelo na sala de aula, até uma barata prenderam no meu cabelo uma vez. Tive apelidos horríveis. Fui humilhada várias vezes na frente de outros alunos. E por bullying, uma vez tentaram atacar eu e minha irmã. Jogaram uma pedra e entrei na frente dela para proteger. A pedra acertou meu olho. Passei por cirurgia e perdi 20% da visão do olho esquerdo. Não me atrapalha, graças a Deus, levo uma vida normal. Mas é muito triste saber como tudo aconteceu”, relata ela.
A influenciadora percebe que as redes sociais tem papel fundamental para combater o preconceito. “Uma das coisas que mais me faz feliz é ver como as coisas mudaram ao longo desses anos na Internet. Cada vez mais pessoas se amando, sendo quem elas querem, isso é lindo! O fato de terem influenciadoras ensinando a cuidar dos cabelos hoje em dia faz uma diferença gigantesca. Se na minha época isso existisse, as coisas talvez fossem diferentes”, comenta ela.
Hoje, Carol ostenta lindos cachos azuis e os ama. “Eu gosto dessa sensação de ser a ‘diferentona do rolê’. Meu cabelo diz exatamente quem eu sou. Se olhar para ele, vai ver um emaranhado de cachos azuis. Eu sou assim, confusa, diferente, alegre, extrovertida. Meu cabelo me mostrou que tenho coragem para ser quem e como quiser ser. E isso é algo que ninguém pode tirar de mim. Não dá para desaprender o que o meu cabelo me ensinou. Eu tenho muito orgulho dele”, garante.
