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Ludmilla, João Luiz e mais artistas falam do racismo velado na mídia

A coluna conversou com personalidades que comentaram sobre a falta de protagonismo negro na televisão e em outros espaços

atualizado

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1 de 1 ludmilla joão luiz racismo - Foto: divulgação

É notória e perceptível a ausência de negros como protagonistas na teledramaturgia brasileira. Aposto que, se eu te perguntar qual atriz negra você mais gosta, a resposta será Taís Araújo, já que é a única que tem mais espaço na mídia. E a própria sabe disso. Em entrevista à coluna, ela contou sobre sua luta em ter mais representantes pretas em papéis de destaque, uma posição merecida por tantos negros talentosos.

A coluna conversou com personalidades, como a cantora Ludmilla, os ex-BBBs João Luiz Pedrosa e Angélica Ramos, o apresentador do Globo Esporte Marcos Luca Valentim, a ex-Globeleza Valéria Valenssa e o autor de novelas João Ximenes Braga, que comentaram sobre a falta de protagonismo negro na televisão e em outros espaços.

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Primeira mulher negra e latina a ter um bilhão de streams no Spotify, Ludmilla deu sua opinião sobre o assunto. “O racismo no Brasil é estrutural. Precisamos tirar o preconceito da invisibilidade. As pessoas acham normal expressões racistas que são faladas diariamente. Primeiro de tudo, o Brasil precisa reconhecer o racismo que acontece nele, esse é o ponto de partida. Além disso, precisamos enxergar os privilégios que as pessoas brancas possuem”, comentou a cantora.

“A probabilidade de uma pessoa branca ser perseguida dentro de um estabelecimento comercial porque o segurança acha que vai furtar algo é mínima em relação a pessoas negras. Isso é normal? Precisamos lutar diariamente contra o racismo e cada vez com mais intensidade. Racismo é crime e as coisas não podem continuar como estão”, disse Lud.

João Luiz Pedrosa, ex-BBB21 e apresentador do Trace Trends, programa de histórias e projetos das periferias do Brasil em áreas de educação do Globoplay, afirmou: “Pessoas negras não estão pegando o lugar dos brancos. Inclusive, a própria frase ao dizer ‘lugar dos brancos’ pressupõe que é exclusivamente dos brancos, mas a realidade é que nós queremos poder circular e usufruir dos mesmos espaços”.

Sucesso nos anos 1990 como a Globeleza, a modelo e repórter Valéria Valenssa foi considerada uma das mulheres mais bonitas do Brasil e foi o símbolo do Carnaval durante anos em uma época em que o racismo era presente na TV. “Em 1989, participei do concurso Garota de Ipanema. Era a única negra entre as candidatas. Não dava ouvidos ao que a sociedade falava que eu podia ou não fazer por conta da cor da minha pele. Não ganhei o concurso, mas foi ali que conheci o Boni, o Hans, o Chico Recarey e surgiu a oportunidade que mudaria minha vida. Então, não deixe que o preconceito da sociedade tire as suas oportunidades, continue lutando”, ressaltou ela.

Racismo e o protagonismo negro

O escritor João Ximenes Braga foi co-autor da novela Lado a Lado, da Rede Globo, uma trama ambientada no período posterior à abolição da escravidão e Proclamação da República no Brasil, que retrata as lutas das mulheres, dos negros e das classes populares do Rio de Janeiro por igualdade, em um momento de grandes transformações políticas e sociais. A produção ganhou o Emmy Internacional de Melhor Novela com os atores Lázaro Ramos e Camila Pitanga como protagonistas da história.

O autor falou sobre o racismo e o protagonismo negro no País. “A questão é que não se trata de tirar lugar, mas tirar margem de lucro. O racismo não é espontâneo, foi um sistema de pensamento criado para justificar o injustificável, a escravidão. A escravidão não acabou exatamente, foi transformada num outro sistema de exploração de mão de obra barata, em vigência até hoje. O racismo é o óleo que lubrifica as engrenagens dessa máquina, pois é o que permite que a sociedade aceite conviver com a desigualdade, pois o racismo desumaniza o explorado”, explicou ele.

“Então não é que a sociedade tenha dificuldade de entender. A sociedade entende muito bem e se organizou para manter essa máquina funcionando. No século XX, antes que a coisa fugisse do controle, criaram a guerra às drogas para manter a contenção dessa população. A guerra às drogas só aumentou o lucro desse sistema, pois toda bala perdida um dia foi uma bala comprada. Estou falando, claro, do grande capital, mas a classe média o espelha, pois também explora a mão-de-obra barata. Portanto, não acho que a branquitude não dê espaço aos negros por medo ou ignorância. É cinismo e apego à liberdade de ser mau caráter e canalha”, pontuou Braga.

Angélica Ramos, participante do No Limite e do BBB15, é engajada nas causas sociais e raciais. Ela mesma já disse que pessoas brancas não gostam de ver um negro inteligente e com uma boa posição. “A sociedade ainda tem receio de dar o lugar para o negro, principalmente, em grandes empresas, marcas e representatividade. Existe um estereótipo criado em cima do povo preto, de que não somos consumidores e, na verdade, a gente consome”, comentou ela.

“O Brasil é carregado de miscigenação e ancestralidade. As pessoas negam isso há muitos anos e tentam mostrar que o negro não tem poder de compra. Falta espaço. Dar lugar ao negro não tira o do branco. Todos têm o seu lugar e precisam ser representados. O branco, o preto, o pobre, o indígena. Quando falam dos pretos, colocam de forma errônea. Devem apostar no povo preto, sim”, finalizou Angélica.

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