Compartilhar notícia
Em entrevista ao Tô na Pan desta terça-feira (22/9), Jonathan Azevedo relembrou seu trabalho em A Força do Querer. A novela, que foi um grande sucesso e voltou ao ar ontem na Rede Globo, revelou o ator para o grande público no papel do traficante Sabiá. Mas ele conta que não foi fácil aceitar o personagem e que Glória Perez teve um papel fundamental em sua decisão de topar o desafio.
“Minha agente me falou que tinha uma novela para eu fazer e me mostrou o personagem Sabiá, que era um bandido. Eu falei que não ia fazer, porque já fiz muito bandido. Eu queria mostrar outras coisas, que eu faço comédia, faço várias coisas. Mas ela falou para eu fazer a novela para conhecer a Glória Perez”, disse. A autora deu liberdade a Jonathan para não falar aquilo que não o deixasse confortável.
Mesmo assim, o ator conta que não foi fácil interpretar o personagem. “Esse foi o personagem mais difícil que eu já fiz, porque ele é tudo o que eu lutei para não ser na minha vida. Ele é tudo o que uma mãe ou até mesmo o rapaz que ocupa esse lugar não quer. É só você dar uma oportunidade para ele, dizer que, se ele sentar e estudar, ele vai poder ser presidente da própria empresa”.
Jonathan acredita que a reprise vai gerar novos debates. “Quando a novela foi exibida originalmente, a discussão sobre o racismo ainda não estava tão latente, ela pairava, estava começando a transbordar. Acho interessante analisar como esse personagem consegue ser tão querido em uma estrutura social que trabalha contra isso. Quando eu olho para o Sabiá, eu vejo um mar de possibilidades de discussões raciais”.
Essência
O sucesso da novela não tirou a essência do ator. “O Sabiá foi o extremo do sucesso e ali eu vi que eu só queria ser o Jonathan. O personagem que eu sou mais apaixonado sou eu. O jeito como eu vivo, como eu olho para as crianças, para a minha comunidade e para as pessoas que vêm de onde eu vim. Essa é a minha criança, que desbrava tudo em busca de conhecimento”, diz ele.
O ator contou também que já tinha um pressentimento do que estava por vir. “Eu já estava sentindo dentro de mim que alguma coisa ia acontecer. Não importava o que fosse, eu ia fazer bem, porque eu tinha essa chama que me conduzia. O que mudou em mim na viagem foi que eu voltei decidido a fazer somente o que meu coração mandasse. Não aceitaria mais como artista um personagem que não fizesse jus a minha persona”.
O carinho que o público tem por Sabiá pode ser pela personalidade de Jonathan que transparece no personagem. “O que eu quis levar para o Brasil é aquele moleque cheio de amor dentro do coração, que quer abraçar todo mundo e nem sempre é abraçado, mas que tem a intenção de modificar um olhar, um gesto. E foi isso que o Sabiá fez. Ele modificou muitos olhares não só sobre a minha pessoa, mas do meu povo. Eu fico muito grato”.
Apesar da personalidade do ator ser tão diferente da do personagem, ele vê algumas semelhanças. “O Sabiá foi o que fez esse voo sair do chão. Nem sempre o mundo quer ver nossa história, mas eu usei esse momento da novela para mostrar novas possibilidades para o Brasil e para o nosso povo. A chave do meu personagem é ser essa ponte, é o grito dele por ética. E o grito do Jonathan é ético, amoroso e afetivo”.
Jonathan ainda aproveitou para homenagear os pais. “Tudo o que eu batalho na minha vida é para honrar meus pais, para dar o melhor para eles. Meus pais foram muito julgados, mas sempre responderam com amor e positividade. Eu sempre entro em cena para dar o melhor de mim, e o que há de melhor em mim é fruto dos meus pais e agora meu filho. O que eu trago da minha infância é afeto e compaixão”.