Compartilhar notícia
Jonathan Azevedo foi o convidado do programa Tô na Pan desta terça-feira (22/9). Durante a entrevista, o ator afirmou que não deixou de sofrer preconceito após ter ficado famoso e disse que só foi aprender sobre racismo quando começou a estudar por conta própria. Ele também não deixou de criticar quem reclamou sobre o processo de trainee exclusivo para pessoas negras do Magazine Luíza.
Segundo Jonathan, as ações afirmativas para negros são uma reparação histórica, que deveria ser praticada pelo governo. O ator questionou os críticos ao processo seletivo do Magalu. “Onde eles estudaram história a professora só falava de futuro? Ela não falava de passado?”. O ator também aproveitou para elogiar Luíza Helena Trajano, dona da rede de lojas Magazine Luiza.
“Eu sou encantado por essa mulher, a Magalu. Eu tive a oportunidade de conhecer um pouco da história dela. Até na área que eu trabalho, repara na quantidade de pretos protagonizando. É uma estrutura criada para isso. E como se quebra essa barreira? Te doeu porque é só para pretos, se fosse para loiras, você pintava o cabelo e ia para a fila”, afirmou Jonathan.
“O que o Magazine Luíza está fazendo é o grito de uma empresa que está falando o que os presidentes, governadores e prefeitos já deveriam estar falando há muito tempo. Todas as reformas políticas deveriam falar disso também. A história tenta apagar a gente. Hoje, a rede social dá uma abertura para a gente aprender, mas está faltando escutar mais. Depois que eu comecei a estudar, eu conheci pessoas maravilhosas”, diz ele.
BLACK MONEY: Jonathan Azevedo (@negblack) EXIGE ser atendido por funcionários negros em lojas de grife. Entenda no #TôNaPan
Assista ao programa completo no aplicativo #PanFlix. Baixe agora, É GRÁTIS: https://t.co/90Tb81l9Qr. pic.twitter.com/NfScbJCxaU
— Jovem Pan Entretenimento (@JovemPanEntrete) September 22, 2020
O ator também criticou a maneira como a história é ensinada na escola. “Minha professora mentia para mim. A história da Princesa Isabel acontece até hoje. As pessoas sobem no morro e depois voltam para onde a princesa mora. Há outras histórias que deveriam ser ensinadas, como a do André Rebouças. Ele foi um arquiteto abolicionista, um revolucionário, que podia ser tema de novela para dar perspectiva aos jovens negros”.
Jonathan também aproveita sua visibilidade para dar vez a outros negros. “Hoje eu tenho a oportunidade de vestir qualquer marca, e isso abriu o meu olhar. Quando eu comecei a ir nas lojas, eu procurava ser atendido por uma pessoa preta, que vai saber o que fica melhor no nosso tom de pele e não tem. Se tem, está no estoque. Então, eu peço para descer. Eu só vou gastar meu dinheiro se tiver uma pessoa preta para me atender”.
Mas a fama não o poupou do racismo. “O preconceito é uma coisa construída, é um conceito que está no brasileiro. Outro dia, indo para Búzios, eu fui parado em uma blitz que o policial me revistou tanto que eu perdi a chave do meu carro. Por que eu fui parado? São essas coisas que a gente tem que se atentar. Quando se trata da segurança para todos, eu não tenho problema nenhum, mas dessa forma é só para a segurança de alguns”.