“Incapacidade de dialogar”, diz psicóloga sobre Maiara e Fernando
“Precisamos deixar claro: relacionamentos de muitas idas e vindas, geralmente, são relacionamentos abusivos”, afirma Manuela Xavier
atualizado
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Depois que Maiara anunciou o término do relacionamento com o sertanejo Fernando Zor na véspera de Natal, o assunto dominou as redes e as rodas de conversa em todo o país. De um lado, pessoas apoiavam a decisão da cantora, enquanto que, do outro, muitos especulavam que o par vai se acertar mais uma vez. Enquanto muita gente reforça o rótulo de “casal ioiô”, atribuído aos artistas depois de tantas separações e reconciliações, a coluna LeoDias conversou com a psicóloga e psicanalista Manuela Xavier, para tentar entender por que, em casos como esse, parece ser tão difícil encontrar uma solução definitiva para as dores do amor.
“Precisamos deixar uma coisa clara: relacionamentos de muitas idas e vindas, geralmente, são relacionamentos abusivos. Mas, por quê? Porque geralmente são sustentados na crença de que alguém vai mudar e de que aquela dinâmica vai mudar. Esses relacionamentos ioiô denunciam uma incapacidade do casal de dialogar e atender um às demandas dos outros e da relação, e, sendo incapazes de dialogar e estabelecer o fim ou a permanência, esses casais atuam. Eles terminam como forma de acabar com o mal que lhes aflige e também como uma forma de saberem se conseguem viver um sem o outro ou não. E quando voltam, voltam sem elaborar o motivo que os levou a terminar, e acreditando mais uma vez na promessa do amor romântico que tudo suporta, que tudo cura”, explica a especialista.
A psicóloga afirma que o que vimos acontecer entre Fernando e Maiara é um caso típico de gaslighting, um tipo de violência psicológica em que o homem faz com que a mulher duvide de sua percepção da realidade, fazendo com que não só ela, mas todos ao seu redor, acreditem que a mulher é louca. “No caso do Fernando, a gente viu isso muito claramente. Ele diz que Maiara está fora de si e que está exagerando. Essa prática acontece por uma justificativa histórica: a insegurança feminina. Mulheres não são inseguras porque nasceram assim. Os homens e a sociedade produzem a insegurança feminina. Eles estão sempre dizendo que só seremos amadas se formos magras, se formos bonitas, se preferimos o padrão. Precisamos merecer o amor, e então, diante disso, nós estamos sempre trabalhando para poder merecer o amor de um homem e, portanto, esse amor também poderá ser retirado de nós. Aprendemos que os homens poderão nos trocar sempre: por uma mulher mais nova, mais bonita, mais interessante, melhor de cama”, diz Manuela Xavier.
Segundo a psicóloga e psicanalista, a permanente ameaça de ruptura funciona como uma espécie de arma masculina para que a dominação sobre as mulheres se perpetue. “Isso é a produção da insegurança feminina; e é essa produção que nos empurra a relações abusivas porque aprendemos que precisamos de um homem para viver, que nós precisamos estar numa relação para sermos validadas como mulher, que precisamos ser escolhidas por um homem para sermos legitimadas. E em nome disso, a gente vai relativizando e aceitando qualquer relação porque tudo vale a pena para que a gente não carregue o ‘fracasso de ser uma solteirona’. É preciso mudar essa cultura e emancipar mulheres para que elas saibam que não precisam de um homem ou de um relacionamento para ser felizes e completas. A gente vê Maiara, uma mulher bonita, rica, magra, sofrer de insegurança e tem sua justificativa num padrão misógino e machista de desqualificação da mulher”, finalizou.
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