Globo acerta ao abrir alas para a folia na estreia do Seleção do Samba
Gravado na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, programa deu ao carnaval o destaque que merece como maior expressão da cultura do país
atualizado
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Quando a Globo anunciou a ideia de transmitir a escolha dos sambas das agremiações do carnaval carioca, os fãs da festa torceram o nariz. Temiam pela pasteurização de um dos momentos mais importantes no ritual cumprido pelas escolas até o dia do desfile na Passarela do Samba. Passadas as críticas prematuras, Seleção do Samba estreou na madrugada deste domingo (17/10) e cruzou a avenida televisiva arrebatando corações. Apesar do horário ingrato da exibição, a produção se tornou rapidamente o assunto mais comentado no Twitter. Em dados preliminares, os envolvidos com a estreia comemoram: no horário de transmissão, a audiência da emissora saltou 36% no Rio de Janeiro.
Apresentado por Luís Roberto, com comentários de Teresa Cristina e Milton Cunha, o programa acertou ao tratar com o devido respeito a maior manifestação da cultura popular brasileira. Já no episódio de estreia, baluartes como Cartola, Jamelão, Delegado, Tia Chica e Mestre André preencheram a tela, reforçando a importância da ancestralidade para as escolas de samba. E aqui está um dos maiores méritos da nova aposta global: ao escolher uma abordagem reverente ao carnaval carioca, a atração conseguiu agradar ao fãs mais apaixonados, atentos a cada passo do dia a dia das agremiações, sem deixar de lado os que não pertencem à tribo do samba. Ampliação de público salutar para as escolas e para a emissora.
Mocidade, São Clemente e Mangueira foram as responsáveis pelas apresentações da estreia. A verde e branco de Padre Miguel vai levar Oxóssi para a Sapucaí e brilhou com um dos mais belos sambas da temporada. Wander Pires, o intérprete, chamou a atenção pelos vibratos marcantes e pelo topete-ostentação, que já viraram marcas do cantor.
Paulo Gustavo, morto em maio em decorrência de complicações da Covid-19, é o homenageado da São Clemente. Um tributo mais do que merecido para o artista, é claro. Mas o luto provocado por uma perda tão traumática parece ter complicado a missão dos compositores e ficou evidente que a alegria tão característica do ator teve dificuldades para encontrar espaço nos versos dos três sambas apresentados. O hino que venceu a disputa na agremiação tem um refrão libertário, em alusão à trajetória do artista como um ícone LGBTQIA+ brasileiro.
Para fechar o episódio, a Globo guardou a apresentação da Estação Primeira de Mangueira. Com um enredo que homenageia o trio Cartola, Jamelão, Delegado – três ícones da nação verde e rosa – o carnavalesco Leandro Vieira promete emocionar todos os apaixonados por carnaval. “E quem guardou com amor o nosso pavilhão / Tem aos seus pés a nossa gratidão”, diz a letra vencedora, um hino de amor cantado pela escola para três dos mais ilustres e saudosos mangueirenses de todos os tempos.
A julgar pelo que se viu na estreia, Seleção do Samba é daquelas ideias que chegam para driblar dificuldades – no caso, as trazidas pela pandemia – mas pode ter vida longa. No futuro, num formato híbrido, que junte o calor das quadras lotadas ao capricho da emissora, pode seguir como opção para não resiste ao bum-bum-paticumbum de uma boa bateria.
Nota 10 no quesito estreia surpreendente!
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