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Rompendo padrões e afastando estereótipos em um ano na TV, Gabriela Prioli saltou de 80 mil seguidores no Instagram para quase 2 milhões. Seja nas telinhas ou nas redes sociais, a advogada e apresentadora vem mostrando que os espaços estão aí para serem ocupados, principalmente por mulheres fortes que tem o que falar.
Gabriela vem da classe média baixa de São Paulo. Nasceu e foi criada no bairro paulista Vila Mangalot, tendo sido bolsista durante toda a vida no colégio Campos Salles, em São Paulo. Formou-se em direito na faculdade Mackenzie e fez mestrado na Universidade de São Paulo (USP). Foi advogada no Toron Advogados, trabalhou no caso da máfia dos fiscais, na Operação Porto Seguro, na Lava Jato (participou da primeira busca e apreensão) e no Mensalão. Saiu do escritório para tentar a carreira na comunicação. A coluna Leo Dias bateu um papo com ela. Confira!
Você acredita que a autoridade que conquistou com suas análises fez com que o público ganhasse confiança para consumir conteúdo para além do intelectual?
A ideia de autoridade me traz a sensação de uma relação vertical. A confiança que o meu publico tem em mim é resultado da horizontalidade. Nossa relação é de troca. Eu incentivo a autonomia e liberdade de pensamento. É um processo genuíno. A confiança nasce disso. Portanto, eles consomem todo tipo de conteúdo. É muito gratificante pensar que construí essa relação com mais de três milhões de pessoas que acompanham minhas redes sociais.
O que você faz para unir esses dois mundos como jornalista/advogada e referência no universo da beleza/moda?
Leo, muito interessante sua pergunta, mas eu teria que me esforçar para separar esses mundos e não para unir. Eu sou essa pessoa. Como mulher, posso dizer que parte da minha exaustão foi devido a tentativa de desvincular coisas que são absolutamente naturais para mim. Sempre fui essa pessoa que transita por esses “dois mundos”. A gente viveu muito tempo que a ideia do universo da moda e beleza não combinava com intelectualidade. Eu sentia que não era única a sofrer essa pressão. Apresentar um programa no horário nobre da TV brasileira me permite mostrar minha complexidade e me dá a chance de falar com muitas mulheres. Fico feliz de perceber o movimento de várias outras mulheres abraçando a própria complexidade. O fato de você gostar de moda e beleza não faz de ninguém uma má profissional.
Você pode falar um pouco mais sobre seu clube do livro? E qual impacto você quer gerar com esse movimento?
{Gabriela lançou um clube do livro que reúne quase seis mil alunos, contando as bolsas concedidas para os professores do Ensino Médio da rede municipal de São Paulo]
O clube do livro é um espaço muito rico de troca entre pessoas com um objetivo comum, que é abrir portas por meio da leitura. Portas de autoconhecimento, de sensibilidade, profissionais. É um espaço privilegiado, pois nesse momento de intensa polarização, nós conseguimos dialogar sobre assuntos complexos e relevantes com muita honestidade intelectual, respeito e educação. E, claro, é muito bacana porque é a chance de leitores encontrarem seus interlocutores, que viram amigos ou que podem e evoluir para uma relação de amor, como já aconteceu inclusive. A leitura mudou minha vida e me permitiu entender melhor a mim, aos outros e o mundo. Eu gostaria que isso fosse realidade para muito mais pessoas.
Você tem outros projetos desse perfil em mente?
Sim. O clube do livro é um projeto anual. Em 2021, teremos um clube do livro ainda melhor do que o de 2020, com uma nova lista de livros e uma parceria que as pessoas vão se surpreender muito.
O que você sente por parte das marcas quando propõe ações como a da Pantys?
[Em 2020, duas penitenciárias femininas do estado de São Paulo receberam milhares de calcinhas absorventes da marca Pantys. A doação foi uma iniciativa de Gabriela Prioli]
Eu sinto muita receptividade das marcas. Desde o primeiro contato, a Pantys embarcou no projeto assim como foi proposto por mim. Todas as minhas marcas parceiras me procuram por eu ser uma mulher que se posiciona de maneira firme. Tenho muito respeito pelos meus parceiros e fico muito feliz de poder trabalhar com marcas que apostam em mulheres fortes. E, ao buscar mulheres fortes, eles estão abertos a todos as minhas ideias mirabolantes. Adoro criar com as marcas!
Como você enxerga esse mercado e ascensão dos influenciadores?
Eu enxergo com bons olhos. A ascensão dos influencers não significa que a publicidade tradicional vai deixar de existir. Ela vai ter que se atualizar. Todas as mudanças incrementam a criatividade. E o surgimento dos influenciadores nos traz a chance de ouvir vozes de pessoas que não tinham espaço nos veículos tradicionais de mídia e de ouvir de maneira mais próxima o público consumidor.