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A escritora Helena Lahis está acusando seu ex-marido, Paulo Lima, presidente da gravadora Universal Music, de tê-la internado à força em uma das melhores clínicas psiquiátricas do Brasil, localizada em Botafogo, no Rio de Janeiro, por não aceitar o pedido de divórcio. Ela afirma não ter ido a nenhuma consulta médica e que o diagnóstico de bipolaridade teria sido dado com base no depoimento do ex-marido para uma amiga, que é psiquiatra.
Além disso, a mãe da escritora também concordou com a internação, já que não aceitava a separação, após 24 anos de casamento, devido ao fato de Helena ter um amante. Helena entrou com processo criminal contra o ex-marido por cárcere privado no dia 12 de novembro de 2019, dois dias após receber um habeas corpus para deixar a clínica, onde ficou internada por 21 dias.
“Eu vinha de uma relação de 24 anos de casamento e duas filhas. No dia 27 de setembro de 2019, pedi o divórcio. No dia 20 de outubro de 2019, eu estava em casa, quando uma psiquiatra, que é amiga pessoal do meu ex-marido, entrou com dois homens enormes pelo corredor. Não tive tempo de fazer nada, mas entendi na hora o que estava acontecendo”, contou Helena durante live com o professor de direito Leandro Santos.
A mulher a quem a escritora se refere é a médica Maria Antonia Serra Pinheiro, que é citada no processo criminal como testemunha. Em depoimento, a psiquiatra declarou que Paulo a mostrou algumas mensagens trocadas entre sua esposa e o amante dela, Alexandre Barreto. Com isso, ela teria diagnosticado um “quadro fortíssimo de bipolaridade” e sugeriu a internação de Helena baseada somente nos relatos dele e nas mensagens de texto.
“Eu vinha sofrendo pressão psicológica tanto do meu ex-marido quanto da minha família. Essa mulher me falou: ‘A gente vai te internar em uma clínica psiquiátrica. Você escolhe se quer ir por bem ou por mal’”, disse Helena, o que é confirmado por Maria Antonia em depoimento. A médica afirma que a escritora precisaria começar a tomar remédios para bipolaridade, mas que não sugeriu tratamento por achar que ela não aceitaria.
“Me levantei e os enfermeiros me acompanharam. Tinha uma ambulância na porta de casa. Me levaram para uma clínica psiquiátrica sem eu saber para onde estava indo. Foi a meia hora mais angustiante da minha vida. Conversei com o enfermeiro e relatei tudo o que tinha acontecido sobre o divórcio. Ele respondeu que estava vendo que eu não estava em surto e me disse que fiz uma coisa muito boa, que era não oferecer resistência”, contou.
“Sabia que viria uma guerra”
Segundo Helena, ela nunca havia tido problemas psiquiátricos, mas a família estranhou seu comportamento após ela mudar o estilo de livros que escrevia — de infanto-juvenis para adultos —, pedir a separação e começar a namorar outro homem. “Disseram que comecei a escrever textos sombrios, depressivos e eróticos. Mas já vinha me preparando para pedir o divórcio há anos, porque sabia que viria uma guerra”, afirmou ela.
“Foram três semanas entre o pedido de divórcio e a internação. Nesse período, comecei a namorar o Alexandre. Meu ex-marido invadiu meu WhatsApp e leu nossas conversas. Ele entendeu que eu estava me separando por causa do Alexandre. Mas disse a ele algumas vezes que não tinha mais amor, não tinha mais desejo, tesão, e que não queria mais ser mulher dele. Só isso”, explicou.
Paulo teria levado a mãe de Helena, que mora em Petrópolis, para o Rio de Janeiro como objetivo de pedir ajuda. “Ele fez um tribunal do júri na minha casa. Leu as minhas conversas com o Alexandre de forma descontextualizada e começou a dizer que eu estava maluca, possuída, envolvida com um golpista. Foi a maior humilhação da minha vida. Eles queriam me separar dele para eu desistir da ideia e voltar para o casamento”, garantiu Helena.
A coluna procurou a assessoria de imprensa da Universal Music, que enviou a seguinte nota: “Esclarecemos que o conteúdo da live não corresponde à verdade, e foi, inclusive, objeto de ações judiciais propostas por Paulo Lima contra a ex-esposa e contra o autor da live, o Sr. Leandro Santos, há seis meses, resultando numa decisão, em dezembro de 2020, em sede liminar, que proibiu a ex-esposa de vincular o nome do ex-marido à acusações desta natureza”.