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Por dois anos, Daya Luz foi bailarina do Domingão do Faustão. Ainda na atração, ela chegou a cantar duas músicas numa edição do Ding Dong, em 2017, a realização de um dos grandes sonhos dela. Almejando uma carreira na música, ela pediu demissão do dominical para gravar um clipe, mas lembra do tempo diante das câmeras com carinho, além de ter faturado alto.
“Para uma menina de 20 anos que tinha saído de uma periferia de São Paulo, estudava administração e ganhava um salário mínimo, eu passei a ganhar muito bem. Quando fazíamos merchandising tínhamos bônus, quando as gravações aconteciam em SP [na época a base era o Rio], ganhávamos mais diárias e o salário variava, fora convênio, vale-refeição e benefícios em academia, salão de beleza, clínicas de estética e tantas coisas que conseguia com permuta por ser bailarina. Eu conseguia me manter e ajudar minha família em São Paulo”, relembra Daya.
Nesta sexta-feira (19/06), Daya Luz lança o clipe de Primeiro lugar, com gravação 100% on-line, coreógrafa estrangeira e bailarinas de astros internacionais. Mas ela nunca conseguiu falar diretamente com Faustão sobre o sonho de viver da música: “Na minha época, ele não se envolvia nessas questões pois eram muitas meninas”, explica.
“Meu sonho sempre foi ser cantora e entrei no balé almejando encontrar pessoas que acreditassem nesse sonho. Eu cantava pelos corredores sonhando em encontrar uma forma de gravar uma música. Quando consegui e tive a segurança de investir todo o meu tempo nesse sonho, pedi demissão para me dedicar 100% a isso”, afirma a cantora, que investiu pesado para seguir seu sonho na música: “Ganho com monetização, direitos, parceria com marcas. Mas o investimento em música é muito alto e como todo trabalho que está sendo desenvolvido, envolvendo um sonho, dinheiro não pode ser o foco e o objetivo”.
Apesar da felicidade de viver da arte, Daya também sofreu com um outro lado da fama que oprime muitas mulheres. Por dançar no balé do Faustão, ela já sofreu com o assédio no dia a dia, além do preconceito por explorar seu lado sensual. Mas da sua trajetória, a cantora deixou a periferia de São Paulo e se arriscou no Rio de Janeiro sem conhecer ninguém, ela tirou forças para lutar contra o machismo.
“Infelizmente, as pessoas confundem e ainda existe muito preconceito com certas profissões. Dançar, usar a beleza e a sensualidade em um programa de TV, causa curiosidade e desperta a fantasia das pessoas. Já passei por isso e é constrangedor. Eu me questionava se eu estava fazendo algo errado por receber esse tipo de proposta. Me questionava se era minha roupa, minha forma de dançar e depois passei a entender que nada disso deveria ser motivo para ser assediada e ser alvo de propostas indecentes por ser uma bailarina. Eu saí da minha casa na periferia em busca dos meus sonhos, cheguei no Rio sem conhecer ninguém, com uma mochila nas costas, pedindo favor para ter onde dormir e quando entendi toda a minha luta, passei a ter cada vez mais força e garra”, finaliza.