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Já faz alguns anos que o Big Brother Brasil se tornou um programa multitelas. Mas, a cada edição, essa conexão entre televisão e internet vem se emaranhando de tal forma que o público das redes sociais tomou o lugar daqueles do sofá sobre as decisões que envolvem o reality show. E isso não é mais orgânico.
No mundo conectado, a web pauta o que é assunto e quais temas serão relevantes. Ok, é bem verdade que o tal agenda setting existe desde que o mundo é mundo. Afinal, nos comunicamos das mais variadas formas desde então. O que acontece é que esse fenômeno fica mais claro e evidente quando unimos o maior reality show de uma das maiores empresas de comunicação do Brasil nessa nova e potente dinâmica comunicacional. E mais: em meio à pandemia que nos tornou ainda mais refém das redes sociais.
Exemplo não nos faltam, mas iremos lançar mão de um bem paupável (porque esta coluna não lê mentes, entretanto sabe bem que depois de abrir os olhos ao acordar você viu um meme ou se informou naquele Instagram de fofoca assim como eu). Em outro texto, já falamos da potência e importância deles mas, agora, vamos mostrar como agendam as pautas dentro, neste caso, do contexto BBB21.
Esses perfis para além do meme e da fofoca se tornaram um produto rentável para as marcas. De uma maneira bem simples: conteúdo compartilhável, relevância, engajamento estratosféricos tudo que as marcas (lê-se também artistas e todo e qualquer tipo de negócio) querem e precisam para catapultar suas vendas. Vale lembrar que este texto está longe de ser uma crítica ou um apontamento, mas é importante que você, leitor, se questione e não consuma (até mesmo este texto) de forma passiva. Eu penso o que penso por mim? Ou pelo que me fizeram pensar?
Muito se fala sobre o conglomerado do grupo Globo, outros tem a imprensa como um quarto poder. A mídia e até mesmo este colunista como um grande conspirador consomem e absorvem passivamente todo conteúdo da internet.
Vamos lá, a mesma empresa gerencia a venda publicidade de alguns participantes do BBB21: Camilla de Lucas e Fiuk, que já faziam parte do casting da Mynd antes do programa, e Gilberto Nogueira, João Luiz Pedrosa e Thaís Braz, que foram contratados ainda dentro do confinamento. E também fazem ações para marcas patrocinadoras do reality.
Além disso, a Mynd também tem um braço especializado em Instagram de Fofoca e Meme que a empresa define como Banca Digital. Entre eles estão: Alfinetei, Choquei, Nazaré Amarga, Gina Indelicada, Fofoquei, Gossip do Dia, Tricotei, Central da Fama, Subcelebrities, Miga Sua Louca, Nana Rude, Cutucadas, Rainha Matos, Babados, Xuxa Nave, Garotx do Blog e Geshow.
Além disso, também é responsável pelo marketing de alguns artistas que já se apresentaram no BBB21. Ludmilla, Léo Santana, Luísa Sonza, Lexa e Pedro Sampaio são gerenciados pela empresa e cantaram em festas patrocinadas no reality show por Fiat, Samsung e C&A, respectivamente. Não se engane, leitor: há muito por por trás dessas ações de branded content.
Ou seja, é um ciclo redondinho de jogo de interesses. A grandes agências promovem seus brothers contratados através de perfis de fofoca também contratados, além de colocar seus artistas para se apresentarem no BBB21. Agora, fica pergunta: Quem te influencia?
Reportagem de Thais Sant’Anna