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Ao nascer, Marcelo Facchini tinha tudo para levar uma vida tranquila e confortável. Mas, desde jovem, o empresário preferiu deixar as facilidades de lado e aprender com o trabalho duro na empresa da família, a Facchini. No entanto, uma sucessão de eventos trágicos, como um acidente de trânsito que quase o levou à morte, o ensinaram que ele precisava se aproximar da fé. “Estou aqui para comprovar que Deus fez o milagre em minha vida”.
Em 2009, Marcelo saiu de São José do Rio Preto e pegou a estrada a caminho de Votuporanga para visitar a fábrica da Facchini na cidade. Após uma colisão com outro carro, o empresário ficou inconsciente, com múltiplas fraturas pelo corpo, entre elas um traumatismo craniano encefálico, e só acordou 38 dias depois. “Não me lembro de nada disso. Tenho poucas lembranças de quando já estava no quarto da UTI semi-intensiva.”
“Graças a Deus, a minha sequela foi motora e não cognitiva. Mas eu desaprendi tudo o que sabia. Tive que começar as movimentações do meu corpo do zero. Não conseguia nem escovar os dentes, não tinha coordenação para isso. Achei que o mundo iria se mover para mim, mas era necessário meu primeiro passo. Fiquei alguns meses de cama e voltei a andar com muito apoio da minha família e da equipe multidisciplinar que me acompanhava”.
“Quase todos os dias eu me perguntava ‘por que eu?’. Eu tinha acabado de me tornar pai, meus filhos tinham dois meses, e eu não podia brincar com eles. Conseguia fazer poucos movimentos, sentia muitas dores e me questionava muito o porquê de tudo aquilo acontecer comigo, porque Deus tinha permitido que eu passasse por aquela situação. Eu chorava muito, foi difícil”.
Filhos
“Eu só tive coragem de ver as fotos do acidente seis meses depois. Foi quando eu percebi que eu estava vivo não somente pelos médicos e por minha condição física, mas sim por Deus. Ele tinha salvado minha vida, então, não era momento para reclamar. Era o momento de lutar e ser forte, encarar que Deus estava me proporcionando mais uma oportunidade. Que Ele queria de alguma forma me ensinar”.
O nascimento dos filhos gêmeos de Marcelo dois meses antes também não havia sido nada fácil. As crianças nasceram prematuras, com apenas sete meses, e precisaram ficar internadas na UTI. A menina, Rafaella, estava se desenvolvendo bem, mas o menino, Lucca, teve uma grave infecção e quase faleceu. Para tratá-lo seria preciso um medicamento que vinha de outro país.
“Era uma ‘bomba de canhão’, pois poderia ajudá-lo como também poderia matá-lo. Quando fomos levar o medicamento ao hospital, o médico veio ao nosso encontro todo sorridente e me disse: ‘Marcelo, esse Deus para o qual você ora é muito forte e curou o Lucca. Fizemos os exames e ele não precisa tomar mais nada’. Deixamos o remédio no hospital e três meses depois me ligaram para dizer que outra criança havia sido curada com ele”.
Durante sua recuperação, Marcelo começou a sentir outras sequelas decorrentes do acidente, como dores muito fortes nos pés, que haviam tido mais de quinze fraturas cada, e na perna esquerda, que fez com que ele necessitasse de uma prótese de quadril. “A sensação que eu tinha era que quando as coisas poderiam começar a melhorar, eu levava mais um ‘tombo’. Era um obstáculo atrás do outro”.
Convulsão
O empresário também começou a sofrer com convulsões quatro anos após o acidente. “Eu me divorciei e comecei a sair. Dormia mais tarde, tinha uma rotina um pouco diferente, e acredito que exagerei. Meu corpo e minha cabeça não aguentaram. As convulsões eram como se meu corpo estivesse transbordando. Comecei a tomar remédios controlados diariamente e a ter uma vida mais regrada e calma. Tive que me reerguer outra vez”.
“Todas as vezes em que eu desmaiava por causa da convulsão, sentia que o meu caminho estava errado e que Deus estava me dando um alerta. Eu tinha consciência que estava fazendo mal para o meu corpo, para a minha mente e o meu espírito. Aquelas convulsões eram um alerta para que eu pudesse cuidar mais de mim”. O empresário ainda descobriu que o acidente fez com que ele se tornasse mais suscetível a explosões de irritação.
“Após o acidente, eu fiquei com algumas limitações. Mas, ao meu entender, sou uma pessoa normal como todos. Algumas pessoas acham que eu tenho uma deficiência, mas isso não é uma realidade para mim. Eu faço tudo o que todos fazem, porém, tenho o meu tempo. Eu nunca desisti de fazer algo sem tentar. Acredito que temos que fazer o máximo até conseguir”.
“Eu tinha medo de como as pessoas iriam me enxergar, se a sociedade iria me aceitar daquela maneira, com dificuldades. Mas não tive problemas. Em qualquer lugar que eu vou, as pessoas me ajudam. E, após o acidente, eu comecei a me interessar mais em ajudar algumas instituições e hospitais que fazem a diferença em nossa região, como o Hospital do Câncer de Barretos e o Hospital Infantil Pequeno Príncipe”.
Com as dificuldades, Marcelo também foi se aproximando da fé. “Sempre fui um católico ausente, frequentava a Igreja poucas vezes. Mas, a partir do momento que me tornei pai e tive o problema com meus filhos, me apeguei a Deus. Quando eles nasceram e ficaram 30 dias internados, eu fiquei 30 dias de joelhos rezando por eles. Após o acidente, me apeguei mais ainda e passei a frequentar a Igreja Evangélica”.
Marcelo deu seu primeiro testemunho na Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, à convite de André Valadão e na frente de cerca de mil pessoas. “Naquele momento, eu descobri que Deus tinha um propósito para minha vida. Após todos os acontecimentos em minha vida, eu descobri que Deus me deixou vivo para que eu pudesse transmitir para as pessoas que ele existe e que nós devemos acreditar Nele porque Ele é muito maior”.