Drake esqueceu do básico: relação de fã e ídolo deve ser recíproca
Drake cruzou uma linha ao desrespeitar mais uma vez o público brasileiro com o cancelamento do show no Lollapalooza e seus motivos para isso
atualizado
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Eu sempre achei incrível a capacidade do brasileiro de se unir e se defender quando algum gringo tece comentários negativos sobre o Brasil ou nosso povo. Criticamos sim, nos 365 dias do ano, tudo que não funciona no país ou o que não gostamos, mas isso é algo que só permitimos a nós mesmos. Drake cruzou uma linha ao desrespeitar mais uma vez o público brasileiro, e espero que não exista mais espaço para que ele tenha outra oportunidade de fazê-lo.
Em 2019, no Rock in Rio, ele colecionou polêmicas, fez um show bem abaixo da média, proibiu transmissão televisiva, apareceu no palco sem muitas luzes, de forma que dificultou (e muito) que o público presente pudesse acompanhar sua apresentação e protagonizou ataque de estrelismo nos bastidores.
Acontece que o brasileiro até perdoa o estrelismo, Drake, mas que destratem os nossos, não. De volta ao Lollapalooza deste ano como atração principal e sendo aclamado pelo público, o cantor, mais uma vez, decepcionou os fãs brasileiros. Na verdade, acho que ele fez além. Desrespeitou o público e o festival com um cancelamento recheado de motivos sem sentido, que escancarou um preconceito com os sul-americanos.
Não, não é só com o Brasil. Drake se apresentou na Argentina e Colômbia, em shows de pouco mais de 40 minutos e pouco carisma. As apresentações serviram para que ele tivesse mais certeza de que não gostaria de vir ao Brasil. Nem por um cachê de mais de quatro milhões de dólares.
Sob a justificativa de um público muito exigente, que não sabe cantar fluentemente suas músicas em inglês e que representa muito pouco para seus rendimentos, ele alterou a rota de seu voo, voltou de Bogotá para Miami e esfregou na cara de seus fãs que não precisa deles e tampouco se importa.
Essa, no entanto, foi uma das poucas vezes que se viu nas redes sociais o português sendo falado claramente sobre o que o rapper fez. Ele sofreu duras críticas sim em 2019, mas sob um pano de fundo de estrelismo que praticamente o concedia o direito de fazer e acontecer, afinal ele é um astro, era a sua primeira apresentação no Brasil e tinha o “infortúnio da chuva”.
Dessa vez não tinha chuva no Lollapalooza, não tinha stress com a transmissão televisiva, teve apenas um cantor de cachê milionário batendo o pé e escancarando o que o brasileiro talvez não quisesse ver em 2019, ele não se importa com nosso país ou os fãs daqui. Cabe a nós como público e aos contratantes, cravarem daqui pra frente um limite e no melhor jeito brasileiro de ser, delimitar: “Champagne Papi, aqui você não se cria mais”.
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