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Caso Luva: contrato assinado por analfabeto pode ser anulado. Entenda

Coluna LeoDias conversou com advogada que explicou o que a lei diz sobre esses casos

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Luva de Pedreiro em entrevista a Roberto Cabrini para o Domingo Espetacular (Reprodução: Record TV)
Luva de Pedreiro em entrevista a Roberto Cabrini para o Domingo Espetacular (Reprodução: Record TV)
1 de 1 Luva de Pedreiro em entrevista a Roberto Cabrini para o Domingo Espetacular (Reprodução: Record TV) - Foto: Luva de Pedreiro em entrevista a Roberto Cabrini para o Domingo Espetacular (Reprodução: Record TV)

O caso do Luva de Pedreiro tem novos capítulos diariamente. Mas uma questão antiga segue pairando no ar: se um analfabeto assinar um contrato sem nenhum apoio jurídico – como foi o caso de Iran Santana -, esse documento é válido perante a Justiça? Ele pode ser anulado? Para responder a essas dúvidas, a coluna LeoDias ouviu a advogada Juliana Fincatti Santoro.

Logo de início, a profissional analisa que existe sim a possibilidade de anular um contrato assinado por um analfabeto caso alguns requisitos não sejam cumpridos. “Não se pode considerar a pessoa analfabeta como incapaz para manifestar a sua vontade, apenas pelo fato de não saber ler e escrever. Porém, a manifestação de vontade para contratar do analfabeto exige a observância de requisitos adicionais, para a sua própria segurança, sob pena de ser possível a anulação judicial do contrato”, explica.

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Morador da pequena cidade de Tábua, na Bahia, Iran conseguiu inovar nas redes usando um toque de autenticidade e de simplicidade. O jovem logo se tornou um fenômeno. Jogadores da Seleção Brasileira, como Neymar e Richarlison, e até mesmo o filho de Cristiano Ronaldo já fizeram menção ao baiano nas redes
Ao Esporte Espetacular, da TV Globo, o rapaz revelou um pouco da vida difícil. De família simples, Iran auxilia, desde os seus 7 anos, nos cuidados em casa, enquanto o pai trabalha em uma fazenda. Capinar a terra, cuidar dos animais e tomar conta da simples residência da família eram atividades rotineiras na vida do Luva de Pedreiro
Apaixonado por futebol, Iran decidiu comprar uma luva numa casa de material de construção, porque não tinha condições de comprar uma profissional, para jogar com os colegas. “Eu pensei: 'Quer saber? Vou botar meu nome assim, para ninguém me menosprezar. Resolvi a crítica assim”, disse o rapaz
Pouco tempo depois, o jovem ganhou as redes gravando vídeos em que marca gols e comemora de maneira engraçada. Os bordões “Receba!", “Síi” e "Obrigado, meu Deus!" têm histórias. Segundo o jovem, o primeiro é para rebater as críticas: “Quando eu marco, eu olho para a câmera e digo como um desabafo mesmo”, disse Iran
"Já o 'Síí', eu não vou mentir, veio do Cristiano Ronaldo, de quem eu sou muito fã. O 'Graças a Deus pai' e 'Pai, Filho e Espírito Santo' é porque eu tenho muita fé em Deus”, completou
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Aos 20 anos de idade, Iran Ferreira, mais conhecido como Luva de Pedreiro, resolveu fazer vídeos bem-humorados no TikTok, mostrando sua habilidade no futebol. Pouco tempo depois, viralizou

Reprodução/ Instagram
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Morador da pequena cidade de Tábua, na Bahia, Iran conseguiu inovar nas redes usando um toque de autenticidade e de simplicidade. O jovem logo se tornou um fenômeno. Jogadores da Seleção Brasileira, como Neymar e Richarlison, e até mesmo o filho de Cristiano Ronaldo já fizeram menção ao baiano nas redes

Reprodução/ Instagram
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Ao Esporte Espetacular, da TV Globo, o rapaz revelou um pouco da vida difícil. De família simples, Iran auxilia, desde os seus 7 anos, nos cuidados em casa, enquanto o pai trabalha em uma fazenda. Capinar a terra, cuidar dos animais e tomar conta da simples residência da família eram atividades rotineiras na vida do Luva de Pedreiro

Reprodução/ Instagram
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Apaixonado por futebol, Iran decidiu comprar uma luva numa casa de material de construção, porque não tinha condições de comprar uma profissional, para jogar com os colegas. “Eu pensei: 'Quer saber? Vou botar meu nome assim, para ninguém me menosprezar. Resolvi a crítica assim”, disse o rapaz

Reprodução
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Pouco tempo depois, o jovem ganhou as redes gravando vídeos em que marca gols e comemora de maneira engraçada. Os bordões “Receba!", “Síi” e "Obrigado, meu Deus!" têm histórias. Segundo o jovem, o primeiro é para rebater as críticas: “Quando eu marco, eu olho para a câmera e digo como um desabafo mesmo”, disse Iran

Reprodução/ Twitter
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"Já o 'Síí', eu não vou mentir, veio do Cristiano Ronaldo, de quem eu sou muito fã. O 'Graças a Deus pai' e 'Pai, Filho e Espírito Santo' é porque eu tenho muita fé em Deus”, completou

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Com o sucesso, o jovem acumula mais de 14 milhões de seguidores no Instagram e mais de 16,9 milhões no TikTok: um crescimento meteórico. Ainda assim, Iran mantém o modelo do sucesso: uma bola de futebol, um campo de terra batida de sua cidade, um gol e a indispensável luva de pedreiro

Reprodução/ Instagram
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Ao explodir nas redes sociais, Iran Ferreira alcançou a fama que todos sonham, fechou contratos publicitários com grandes marcas, como a Amazon, e marcou presença em grandes eventos, como a final do campeonato europeu de clubes em Paris, na França

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Em 19 de junho, no entanto, algo supostamente mudou. Durante uma live nas redes sociais, Iran se mostrou irritado com as cobranças que tem sofrido quanto a não mudar de casa e ao cenário onde grava. Luva de Pedreiro chegou a responder alguns seguidores que o indagaram durante o bate-papo

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“Graças a Deus Pai. Estou aqui pelos meus seguidores. O que meus seguidores falarem comigo aí… Tá ligado? Eu não bebo, não, parceiro. Estou são. Tá ligado? Mas eu quero desabafar nessa p… Estou de saco cheio, já”, comentou, exaltado

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Depois das falas de Luva, fãs chegaram a sugerir que ele precisaria de ajuda. Para alguns, ele virou uma celebridade mundial e não estaria aguentando a pressão. Outros imaginam que Iran pode ter se desentendido com o empresário

Twitter/Reprodução
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Em abril, o que era para ser motivo de comemoração virou uma grande polêmica. Isso porque, ao receber a placa de prata do YouTube (objeto cedido para quem atinge a marca de 100 mil inscritos na plataforma), o Luva de Pedreiro viu seu nome perder espaço para o nome da ASJ Consultoria

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Mesmo que o canal de Iran no YouTube fosse denominado apenas como Luva de Pedreiro, a empresa de Allan Jesus, o empresário, solicitou personalização na placa com o nome adicional. Desse modo, ao publicar a foto segurando o presente, o jovem foi alertado por fãs e personalidades da plataforma sobre o que estava acontecendo

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Essa situação e o recente anúncio de pausa nas gravações dos vídeos acenderam alerta do público. No fim da tarde do dia seguinte, porém, o jovem voltou a aparecer nas redes mostrando uma partida de futebol

Reprodução/ Instagram

Segundo a advogada, o analfabeto precisa ter um procurador e duas testemunhas que saibam ler e escrever para assinar contratos em seu nome. “O artigo 595 do Código Civil determina que no contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo (por procurador do analfabeto) e deverá ser subscrito por duas testemunhas”, esclarece.

Juliana Santoro segue explicando como esse processo funciona: “Os nossos tribunais têm entendido que o analfabeto precisa constituir um procurador através de escritura pública e, com isso, o procurador assinará o negócio em seu nome, acompanhado de duas testemunhas que saibam ler e escrever. Além disso, os tribunais entendem que os negócios jurídicos feitos por analfabetos devem ser consumados por escritura pública ou mediante procurador constituído por instrumento público”.

A assinatura do contrato de Luva seguiu essas regras?

Segundo o próprio influenciador, aconteceu o oposto. Ele não só assinou o contrato sem nenhum dos amparos jurídicos exigidos, como teria sido ameaçado por Allan de não ter mais nenhum acordo caso chamasse um advogado. Em entrevista ao jornalista Roberto Cabrini, o dono do bordão “Receba!” ainda afirmou que o ex-empresário aproveitou de sua ingenuidade. “Quando painho falava que era pra chamar um advogado [para a leitura do contrato], ele falava que não ia ficar mais comigo. Eu não tinha nada na época, e eu confiei nele, que disse que ia mudar minha vida. Assinei lá sem saber nada que eu tava assinando”, afirmou Luva de Pedreiro.

Contrato com impressão digital pode?

De acordo com Juliana Santoro, a assinatura feita somente com impressão digital não torna o documento válido. 

“Os tribunais ainda alertam que a impressão digital no contrato, do analfabeto ou de seu suposto procurador (constituído por instrumento particular), por si só não valida o negócio, sobretudo se a contratação for negada ou questionada (total ou parcialmente) pelo analfabeto na Justiça. Nem mesmo a presença de um advogado no ato da contratação supre esses requisitos de validade”, afirma a profissional.

Então, o que deve e pode ser feito?

Para a advogada, é imprescindível tomar cuidado ao assinar documentos e seguir as condições citadas acima, unicamente para que os analfabetos não sejam prejudicados devido ao fato de não conseguirem conferir o que dizem os contratos. 

“Trata-se de cuidados adicionais que devem ser observados nas contratações com pessoas que não saibam ler e escrever, porque é função da lei e da Justiça proteger os mais vulneráveis (e, mais uma vez, sem desmerecer o valor de qualquer pessoa que não saiba ler e escrever, a sua vulnerabilidade vem do fato de não conseguir conferir se o contrato escrito que lhe foi proposto corresponde à sua real vontade e negociação)”, frisa. 

Por fim, a especialista reforça que, em situações semelhantes a essas, os contratos têm boas chances de ser anulados pela Justiça, o que dá muita esperança no caso do Luva de Pedreiro. 

“Caso uma pessoa nessas condições não reconheça (total ou parcialmente) a contratação escrita, e o contrato não tenha sido celebrado com a observância da escritura pública ou da nomeação de procurador por instrumento público, deverá constituir um advogado e ajuizar ação anulatória na Justiça, com boas chances de êxito”, finaliza. 

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