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Os filtros do Instagram viraram uma febre entre famosos e anônimos, embora essa interação do real com o virtual por meios dos filtros já seja antiga — basta levar em conta os tempos áureos do Snapchat e o famoso filtro do “cachorrinho”, quem lembra? Mas, agora, há versões mais arrojadas, que vão desde um lifiting até a uma rinoplastia. Muitas vezes, os filtros acabam distorcendo a fisionomia real de quem o utiliza. Mas, afinal, a quem serve os filtros? Por que se recorre, cada vez mais, a esse tipo de recurso?
Um fenômeno chamado Snapchat Dysmorphia mostrou que um um número significativo de mulheres norte-americanas estava levando fotos com os filtros utilizados no app para consultas com cirurgiões plásticos. Atitudes como essa provam que, de certa forma, o uso dos que modificam aparência original acabam alterando a percepção do usuário com relação à própria aparência, além de reforçar estereótipos e padrões.
Um exemplo disso é o filtro Cute Baby Face, criado por Aleksandra Matveichuk, que ficou famoso após ser utilizado pela icônica Kylie Jenner — o que nós faz pensar que nem uma das mulheres considerada mais bonitas do mundo está livre da pressão estética fomentada dentro e fora das redes sociais.
Segundo a psicóloga Rosangela Prata, o uso exacerbado desse tipo de recurso pode ser só um desejo de modificar algo que você passa a vida inteira olhando e não consegue mudar, mas, em casos graves, pode levar a dismorfia. “Há desejo de mudar algo como um nariz, um dente, uma ruga, uma sobrancelha. Então, o filtro é algo barato (já que está disponível nas redes) e que você se coloca para o mundo com aquele visual. Um dos fatores do aumento do uso pode ter sido pela pandemia, porque muita gente começou a se perceber mais. Mas em casos mais graves pode levar a dismorfia”, explicou.
Em 30 de setembro, Mariana Goldfarb afirmou que ficaria uma semana sem usar filtros ou efeitos nas fotos. Nas redes sociais, ela compartilhou uma foto em que aparece completamente sem maquiagem, toda natural. “Propus um desafio de durante uma semana ficar sem usar filtros e efeitos das redes sociais com intuito de voltarmos a nos olhar com carinho do jeito que realmente somos e gostar do que vemos refletido na tela. #EssaSouEuHoje é a tag que estou propondo para participarmos desse movimento de libertação juntas”, escreveu.
Essa discussão a cerca do uso exacerbado deste tipo de ferramenta fez com que surgisse um movimento de skin/body positivity, que não vai contra, mas traz a reflexão sobre o uso dos filtros. Está liberado ser quem quiser com ou sem filtro, mas, lembre-se, que, no final, o filtro é quem te serve e não o contrário.