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Na última segunda-feira (29/3), Juliette foi a participante que ganhou mais plaquinhas no jogo da discórdia pela segunda semana seguida. A sister foi considerada “bloqueada” ou “caça-likes” sete vezes e desabou no choro depois da dinâmica do BBB21. “Eu não aguento mais ser saco de pancadas”, disse ela, que, no dia seguinte, distribuiu corações partidos no queridômetro para Arthur, Caio, Fiuk, Gil e Pocah.
Mas todo o ódio dos outros participantes à advogada tem explicação. “Juliette incomoda porque ela é boa. Gratuitamente. Genuinamente. Existe uma coisa chamada consciência crítica, que Freud chamou de ‘supereu’. O ‘supereu’ é implacável e se expressa através da culpa inconsciente. E é isso que eles sentem: culpa”, explicou a psicanalista Manuela Xavier em seu Instagram.
“Juliette gosta de todo mundo porque vê o lado bom das pessoas. Em nome disso, eu acho que ela erra, porque tem coisas que são imperdoáveis. Mas ela enxerga a não-binaridade do outro: ninguém é só bom ou só mau. Mas ninguém está preparado para isso porque as pessoas funcionam por espelhamento e projeção. A gente olha o outro como a gente é. E se a gente tem maldade dentro da gente, vamos enxergar a maldade no outro”, afirmou ela.
Segundo Manuela, a forma como os outros participantes agem com a paraibana é apenas a maneira como eles acreditam que ela deveria reagir. “Quem é ruim com a outra pessoa sempre espera vingança, mesmo que inconscientemente. E é isso que aquela casa toda espera de Juliette. Todos esperam que Juliette aja como eles, sendo falsa, má, cruel. Mas ela não faz isso. Permanece firme à sua própria ética”.
“Eles precisam odiar Juliette porque sabem que o que fazem é odiável. Precisam execrá-la na expectativa de que ela mostre o seu pior, para que aí sim se sintam autorizados a odiá-la. Entretanto, o pior que Juliette tem para mostrar é ser meio chata às vezes”, disse a psicanalista, que aponta um ciclo vicioso na relação entre a advogada e os brothers. Juliette é legal, mas ninguém acredita nela. Ela percebe a desconfiança, mas não muda o seu jeito.
Manuela voltou, então, a definir o conceito do ‘supereu’ de Freud. “A nossa consciência crítica sempre vai esperar uma represália que deve ser na mesma proporção da nossa transgressão. É o tanto de violência que precisa ficar virtual para mediar e articular as ações que a gente vai tomar na vida. Isso é o que acontece no BBB. As pessoas revestem Juliette de uma maldade que só existe na cabeça delas”.
“Mas uma coisa que é o ponto chave de tudo isso: Juliette é boa, mas não é otária. Ela não se permite ser controlada ou obediente e age em nome da própria ética e da própria verdade. Não disputa com ninguém. E isso é um recado importante, que atualiza o ‘endurecer sem perder a ternura’. Juliette ensina que dá para ser boa e justa sem se corromper, sem obedecer ninguém a não ser a própria consciência”, finalizou a psicanalista.