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Após as denúncias do caso de DJ Ivis, que agredia sua esposa Pamella Holanda, a coluna conversou com Michele Pin, escritora e ativista no combate a violência contra a mulher, que explica como as vítimas de violência doméstica podem buscar auxílio nesses casos.
“A violência contra as mulheres é uma questão de todos, ela acontece cotidianamente, muito próximo de cada um de nós. É nossa responsabilidade enquanto cidadãs e cidadãos ajudar as redes de proteção e apoio à mulher, que dão acolhimento e suporte às vítimas, num esforço conjunto às políticas públicas já existentes, e que foram conquistadas a duras penas. Avançamos muito com a Lei Maria da Penha que tipifica as situações de violência doméstica, e com o Senado aprovando a pouco, por unanimidade, um projeto que inclui no Código Penal o crime de violência psicológica contra a mulher”, explica.
De acordo com a ativista, o primeiro passo é olhar com empatia, se colocar no lugar da mulher que sofre a violência e, em casos extremos, meter a colher em briga de marido e mulher sim.
“Quantos casos poderiam ter sido evitados se um vizinho/a ou porteiro tivesse ligado para o 190 – ( Emergência ) ou para o 180 – ( Central de Atendimento à Mulher ) – ao primeiro pedido de socorro? Literalmente não custa nada, a ligação é gratuita, anônima e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. O Ligue 180 – registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes, atende todo o território nacional e pode ser acessado até em outros países. Ele fornece informações sobre os direitos da mulher, como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso: Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros”, explica.
Alguns projetos de apoio a essas mulheres também estão disponíveis como o Justiceiras.org.br , criado pela Promotora de Justiça Gabriela Manssur – Instituto Justiça de Saia – , a Administradora e Advogada Anne Willians – Instituto Nelson Wilians – e o Empresário João Santos – Instituto Bem Querer Mulher – que visa suprir a necessidade de canais e sistemas alternativos para combater e prevenir a violência de gênero. Possui cerca de 7.000 voluntárias cadastradas e conta com mais de 6.000 vítimas atendidas. Prestam serviços de orientação jurídica, psicológica, socioassistencial, médica, rede de apoio e acolhimento gratuita e on-line.
Além disso, é importante que essas mulheres identifiquem um ou mais vizinhos para o(s) qual(is) possa contar sobre a violência, e peça para eles ajudarem se ouvirem brigas em sua casa:
. Se a briga for inevitável, certifique-se de estar em um lugar do qual possa fugir e no qual não haja armas.
. Planeje como fugir de casa em segurança, e o lugar para onde você poderá ir, caso necessário.
. Deixe em um lugar seguro um pacote com cópias de seus documentos e dos documentos de seus filhos, dinheiro, roupas e cópia da chave de casa, para o caso de ter de fugir rapidamente.
. Faça um acordo com alguma vizinha(o) em quem possa confiar, e combine um código de comunicação para situações de emergência, como: “Quando eu colocar o pano de prato para fora da janela, chame ajuda” ou “Quando ouvir briga, chame os vizinhos para bater em panelas na frente da casa”.
. Nunca brigue na cozinha ou em local em que haja armas ou facas.
Para Michele, uma forma importante de prevenção é investir em autoconhecimento desde a infância, tema que venho trabalhando desde 2014 em prol de ajudar meninas e mulheres a reconhecerem seu amor-próprio, para que se valorizem e se afastem de relacionamentos abusivos.
“Após sofrer violência doméstica, ressignifiquei toda a minha vida e reescrevi minha história, dessa vez me colocando como protagonista. Descobri que ela tinha muito valor, quando principalmente compartilhada para ajudar outras mulheres. Foi aí que decidi escrever meu primeiro livro, DESAFIO DO AMOR-PRÓPRIO, um manual prático para se chegar ao autoconhecimento de uma forma leve, dedicado a mulheres de todas as idades. De lá para cá, tenho focado 100% do meu trabalho a ajudar no empoderamento das mulheres vítimas de violência doméstica”, comenta.