Subsecretário de Saúde diz que secretário de Educação alterou plano vacinal no DF

O subsecretário de Atenção Integral à Saúde, Alexandre Garcia, solicitou, nesta terça-feira (1º/6), o desligamento oficial do Comitê Gestor de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, responsável por definir, dentro da Secretaria de Saúde, os critérios para inclusão de grupos prioritários no plano local de imunização. No início de maio, ele chegou a pedir exoneração, mas mudou de ideia após uma conversa com o titular da pasta.

No documento apresentado ao secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, o médico de carreira relata preocupação com a “interferência política” sobre as decisões tomadas pelo comitê. Garcia acusa o secretário de Educação Leandro Cruz (foto em destaque) de descumprir as determinações do plano local de vacina e tentar incluir gestores de escolas públicas na fase autorizada exclusivamente para profissionais de creches.

Segundo registrou no memorando que tramita internamente, o subsecretário reforça que houve orientação da Secretaria de Saúde sobre a disponibilidade para atender apenas aos trabalhadores da educação que atuam em creches públicas e privadas com um total de 5 mil doses. O gestor lembrou a responsabilidade da Secretaria de Educação pela elaboração da lista nominal, bem como a veracidade das informações.

“O que temos observado é uma ação direta do secretário de Educação, Leandro Cruz Fróes da Silva, fazendo gestão à revelia do que foi decidido em Comitê, dirigindo-se pessoalmente às unidades básicas com listas diferentes das orientações do PNO, impondo aos servidores das unidades as vacinações não previstas no plano. Por tudo isso, venho respeitosamente solicitar o meu desligamento do Comitê Gestor de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19”, escreveu.

Veja o documento: 

 

Pelo menos dois documentos obtidos pela coluna Janela Indiscreta, do Metrópoles, indicam que em duas oportunidades o secretário de Educação se dirigiu ao titular da Secretaria de Saúde, de forma oficial, para incluir os gestores de escolas públicas do DF na imunização.

“Nesse bojo e, em menor número, estão também inseridos os gestores escolares da Rede Pública de Ensino, visto que esses, mesmo com o ensino remoto, mantiveram as atividades presenciais e, principalmente, atuaram por meio de grande contato com a comunidade escolar”, informou Leandro Cruz, em 26 de maio.

A Secretaria de Educação informou que, “desde a fase de elaboração do Plano de Vacinação da Educação, o secretário Leandro Cruz defende publicamente a inclusão dos grupos gestores das escolas públicas na primeira etapa da imunização. Este posicionamento se dá pelo fato de esses profissionais estarem em trabalho presencial ininterrupto nas escolas da rede pública de ensino desde o início da pandemia. Este posicionamento foi posto em todas as reuniões preparatórias de execução do plano com dirigentes designados pela Secretaria de Saúde. Mais do que isso, está posto nos ofícios expedidos pela Secretaria da Educação à Secretaria de Saúde.”

O órgão acrescentou que, “dessa forma, são absolutamente inverídicas as alegações feitas pelo subsecretário Alexandre Garcia. Tanto é verdade que o próprio governador Ibaneis Rocha deu declarações à imprensa informando da inclusão dos gestores no plano.”