“Nova bomba pode manter CPI por um bom tempo”, dispara Humberto Costa
Durante entrevista ao Metrópoles, titular da Comissão de Inquérito também elogiou discurso de Pacheco em defesa do Senado: “Recado foi dado”
atualizado
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O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou, nesta sexta-feira (9/7), que novas denúncias a serem investigadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 podem ser uma “verdadeira bomba relógio”. A declaração ocorreu durante a participação do congressista no Spaces, novo projeto do Metrópoles para entrevistar personalidades pelo Twitter.
“Um sistema que já havia anteriormente à gestão de Ricardo Barros [como ministro da Saúde], que tratava do armazenamento e da distribuição de medicamentos e vacinas. Ele era feito pelo próprio ministério e que, de repente, foi extinto e substituído por uma empresa privada, com contrato milionário e que agora, no início do ano, teve o contrato multiplicado por 18 vezes”, disse.
Segundo o senador, se confirmada a denúncia, o fato pode ser considerado de grande gravidade. “Dizem, e onde entra toda essa especulação, que existem pessoas que são beneficiadas por esse esquema e dão sustentação política a esse contrato, o que deve ser uma bomba muito grande, não é? E eu acho que isso aí vai manter a CPI viva durante um bom tempo”, continuou.
Durante a entrevista, Humberto Costa também elogiou o discurso do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que defendeu o Senado Federal após posicionamentos das Forças Armadas contra o trabalho da CPI da Covid-19.
“Eu acho que foi já um avanço ao posicionamento anterior. O meu estilo é um pouco diferente, o de outros também, mas eu creio que o recado foi dado. Foi dado ao presidente e foi dado aos militares”, continuou.
Ouça a entrevista:
Golpe
O senador também reconheceu que as falas do comando das Forças Armadas pode ter violado a Constituição, mas avaliou que, pelo momento político do Brasil, o Senado não deve avançar nessa discussão.
“Tudo temos que levar em todos os aspectos. Creio que temos sim que levar em consideração essa observação, mas também avaliarmos um pouco o momento adequado de quando nós discutimos essas coisas. No fim das contas, o que eu estou querendo dizer é o seguinte: é bem provável que sim [violação legal], mas nós temos que analisar se neste momento há um clima, um ambiente político para nós levantarmos essas coisas”, ponderou.
Embora reconheça as ameaças veladas de Bolsonaro, que sinalizam um possível golpe antidemocrático, Humberto Costa descarta a viabilidade política para que esse suposto plano do presidente da República tenha êxito.
“Acho que os sonhos de consumo de Bolsonaro, desde que ganhou a eleição, é de se tornar ditador do Brasil e sonha com essa possibilidade de dar um golpe, né? Eu diria que as condições para ele fazer isso, num momento atrás, já foram melhores. Porque [para] dar um golpe, tem que pensar também na sustentação disso. Eu não creio que haja base social pra isso, não há apoio da população, ao contrário, a maioria da população rejeita o bolsonarismo e essa rejeição está crescendo.”
O senador pernambucano também afirmou que, a cada momento, vê o crescimento de uma possibilidade de impeachment contra Jair Bolsonaro.
“Eu acho que condição para impeachment são quatro. Uma: crime de responsabilidade – isso aí nós já temos. O outro é o apoio social – esse está erodindo – embora, como eu digo, ainda há 25% das pessoas que acham que esse governo é bom, mas esse apoio está sendo erodido. E tem a base parlamentar, que pode se perder de uma hora para outra. Por último, gente na rua, que é o que está começando a acontecer. Daqui a pouco, esses quatro ingredientes podem estar presentes de uma forma mais intensa, mais ampla. E aí, sim, pode se abrir um ambiente para o impeachment”, finalizou.
A entrevista com o senador Humberto Costa contou com a parceria da jornalista Luciana Liviero, convidada para participar da conversa.