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Deputada Júlia Lucy é alvo de representação após incitar violência

Documento tem base em vídeo o qual a parlamentar manda “descer a porrada” em quem cobrar propina e sugerir “esquema” dentro da polícia

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Deputada distrital Júlia Lucy
1 de 1 Deputada distrital Júlia Lucy - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A Mesa Diretora da Câmara Legislativa (CLDF) recebeu, nesta terça-feira (4/5), uma representação por quebra de decoro contra a deputada Júlia Lucy (Novo) por incitar, durante uma transmissão ao vivo, a violência contra servidores públicos que cobrarem propina. O documento é assinado por Cleider Paiva, que ocupa a chefia de gabinete da Administração Regional do Gama. Ele pede a perda do mandato da distrital.

A parlamentar cita o caso de Paiva, também conhecido na região como “Pudim”, que foi agredido com uma série de socos desferidos por dois homens ainda não identificados. No vídeo, ela dá a entender que o servidor apanhou por ter cobrado suborno.

“Vocês viram aquela notícia que o chefe de gabinete da Administração do Gama apanhou? Essa história está sendo investigada. Vamos esperar um pouquinho, mas vou adiantar para vocês: o que eu ouvi é que tem a ver com cobrança de propina. Então, chegou alguém para cobrar propina, desce porrada no cara. Desce o cacete! Quero ver continuar fazendo isso”, afirmou a deputada em vídeo.

Na sequência, Júlia Lucy também sinaliza existir algum tipo de “esquema” dentro da polícia para acobertar casos denunciados. “A pessoa pode ser até inocentada na Justiça, podem até passar o pano para ele na polícia, se ele tiver esquema e se tiver contato político, mas desce o cacete nele igual fizeram lá com o chefe de gabinete do Gama”, continuou.

No documento, Cleider Paiva afirma que a parlamentar o acusa, sem provas, e promove um linchamento público contra ele. “Como se vê, a deputada ofendeu a honra do peticionante, acusando sem provas de que as agressões por mim sofridas envolvem cobrança de propina (corrupção passiva). A acusação não tem qualquer fundamento e apenas demonstra seu total desconhecimento da realidade de violência e extremismo que hoje assola o país”, escreveu.

“Mais que isso, a deputada humilhou publicamente a pessoa que foi brutal e injustamente agredida. Além de toda a exposição pública decorrente da publicação das imagens, também tem que suportar o julgamento coletivo pelas acusações levianas da deputada. Demonstrou completa falta de empatia, de bom senso e de preocupação com o resultado de suas ações. Além disso, a deputada incitou a prática de crimes, sugerindo a agressão de pessoas por ela acusadas sem prova. Utilizou a sua influência pública de maneira ilícita para promover o ‘justiçamento”, a caçada de pessoas, ignorando o Estado Democrático de Direito”, emendou.

Veja o vídeo:

Representação

De acordo com o regimento interno da Câmara Legislativa, após ser protocolada, a representação será analisada pelos integrantes da Mesa Diretora da Casa, composta pelo presidente, vice e secretários. Não há previsão para que o colegiado delibere sobre o pedido.

Caso a representação seja aceita, a Mesa Direciona despacha o documento para a Corregedoria da CLDF, a qual fica responsável de identificar os possíveis crimes cometidos pela parlamentar.

Se o parecer do corregedor admitir a existência da quebra de decoro, o processo passará a ser analisado pela Comissão de Ética e Decoro Parlamentar antes de seguir, se referendada, para a análise do plenário.

Ao Metrópoles, a Júlia Lucy se manifestou por meio de nota. Veja, na íntegra:

Só irei me manifestar sobre qualquer representação depois que eu for intimada e se houver representação e puder ler o teor do que será dito. Mas o que posso adiantar em relação a isso é que minha consciência está tranquila, porque não fiz nenhuma acusação e sei que a minha indignação em relação a quem pede e a quem oferece propina é unânime entre todos os cidadãos que encontro nas ruas.

O que eu disse sobre os envolvimentos de agentes públicos em atos de corrupção já é sabido e comprovado em diversos casos tanto no DF quanto no Brasil. Infelizmente, nosso país ainda vive em um mar de corrupção e é espantoso que quando o assunto venha à tona ele seja tratado como se fosse algo inédito, em uma verdadeira inversão de valores“.

Espancamento

O chefe de gabinete da Administração Regional do Gama, Cleider Paiva, conhecido na região como “Pudim”, foi agredido com uma série de socos desferidos por dois homens ainda não identificados. O ataque aconteceu na terça-feira (27/4) em uma lanchonete da Quadra 13 da cidade.

Imagens obtidas pelo Metrópoles mostram o momento em que os dois agressores chegam ao local e um terceiro homem filma a movimentação. Nas cenas, é possível ver Paiva de camiseta azul, conversando com outra pessoa.

Em seguida, os homens com camisetas branca e vermelha se aproximam e a vítima leva a primeira bofetada. Cleider foge para dentro da lanchonete, mas é perseguido. Dentro do estabelecimento, as agressões continuam.

As câmeras internas mostram ele levando uma série de socos. Em dado momento, os homens param e parecem ameaçar o chefe de gabinete. “Eu não consegui escutar o que eles disseram, não sei quem são nem por que fizeram isso”, disse Cleider ao Metrópoles.

Cleider procurou a 14ª Delegacia de Polícia (Gama Centro) na noite do mesmo dia, onde registrou boletim de ocorrência e em seguida foi ao Instituto Médico Legal (IML).

 

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