Comissão investiga “troca de leitos” no hospital de campanha do Mané
Congressistas ouviram relato da atual gestão da Secretaria de Saúde: em vez de vagas de UTI contratadas, unidade entregou enfermarias
atualizado
Compartilhar notícia
O subsecretário de Atenção Integral à Saúde do Distrito Federal, Alexandre Garcia Barbosa, afirmou nesta segunda-feira (22/3) que o Hospital de Campanha do Mané Garrincha previa, inicialmente, leitos de unidades de terapia intensiva (UTI), mas foram entregues leitos simples sem suporte avançado.
A declaração foi dada durante reunião da Comissão Especial instalada no Congresso Nacional para acompanhar as medidas contra a Covid-19 no Distrito Federal. De acordo com o atual gestor, o contrato era para 200 leitos de UTI a serem instalados, mas os pacientes contaram apenas com leitos de enfermaria.
“Quando o projeto nasceu, estava previsto que houvesse 200 leitos de UTI. Foi descrito como UTI, visualizado, mas, na prática, quando a primeira visita foi feita pelos executores do contrato, notou-se que eram 197 leitos de enfermaria. É por isso que eles não foram autorizados a serem pagos e o restante dos contratos está sob investigação. Então, o pagamento está suspenso e houve, sim, um problema entre o contrato e a execução”, disse Alexandre Garcia Barbosa, ao se referir ao comando anterior da Secretaria de Saúde.
Veja o vídeo:
Falta de condições
Na mesma reunião, o promotor de Justiça Georges Seigneur negou que houvesse qualquer pedido do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDF) para que o hospital de campanha fosse desativado.
A comissão recebeu ainda relatos de que a estrutura do Mané Garrincha não tinha condições adequadas para receber leitos de UTI. Com a informação, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) recomendou que os pagamentos à empresa contratada fossem interrompidos.
A deputada federal pelo DF Paula Belmonte (Cidadania) vai protocolar um pedido de informações à Secretaria de Saúde sobre a suspeita. Para a parlamentar, houve negligência. “É um absurdo, todo dia surge uma denúncia, uma irregularidade. É muito grave firmar um contrato de UTIs e não entregar para a população. Temos centenas de pessoas à espera de um leito. Hoje, Brasília não está sendo contemplada com essas UTIs porque houve um erro”, criticou.