Brasília poderá ter transporte aquaviário no Lago Paranoá. Entenda
Proposta da CLDF sugere criação de política aquaviária e abre possibilidade de deslocamento coletivo e público nas águas do cartão postal
atualizado
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Conhecido por ter uma das maiores frotas náuticas para lazer no Brasil, o Distrito Federal estuda dar um passo à frente sobre as possibilidades de uso do Lago Paranoá ao criar nova forma de locomoção coletiva: desta vez, nas águas.
Um projeto de lei apresentado na Câmara Legislativa (CLDF) propõe as diretrizes para a implantação de uma política pública de transporte aquaviário e coletivo na capital federal. A ideia é criar alternativa de acessos, principalmente para quem mora ou trabalha nas regiões próximas ao considerado um dos principais cartões postais brasilienses.
Na prática, se aprovada, a proposta abrirá a oportunidade para que o Governo do Distrito Federal (GDF) crie o novo modal público, que poderá contemplar não apenas o transporte de passageiros, mas também o de mercadorias por barcos, navios ou balsas, nos moldes do que já ocorre em outras capitais do país.
“Não subsiste dúvidas de que cabe ao Estado garantir o efetivo direito ao transporte, por meio de condições de mobilidade que abranjam ao mesmo tempo qualidade, segurança, rapidez e custos acessíveis aos cidadãos. Com a saturação viária, faz-se necessária a construção de políticas públicas de potencialização da mobilidade urbana, a qual deve ser demanda prioritária de nossos gestores públicos do DF”, disse o vice-presidente da Câmara Legislativa, Rodrigo Delmasso (Republicanos), autor da matéria.
Em conversa com o Metrópoles, o deputado distrital explicou que o Lago Paranoá poderá ser, além de área destinada ao lazer, uma alternativa à redução do tempo para o deslocamento entre extremos, com a construção de decks de embarque e desembarque no perímetro do local.
“Cabe esclarecer que o referido meio de transporte exige o menor aporte de investimentos em sua execução. Diante disso, essa iniciativa legislativa tem o condão de incluir uma linha social para atendimento dos setores populares no transporte aquaviário de passageiros na orla do Lago. Se bem gerido, pode garantir sua sustentabilidade praticando tarifas mais baixas, sendo que isso se justifica pelo grande contingente a que é capaz de atender”, completou.
Associação
A ideia da criação do modal aquaviário de transporte foi apresentada ao deputado Rodrigo Delmasso pelo presidente da Associação Náutica, Esportiva e do Turismo de Brasília (Asbranaut), João Carlos Bertolucci, e tem como objetivo contemplar um novo tipo de transporte público e, por conseguinte, ampliar a oferta de transporte aquaviário para a população, hoje restrita ao turismo.
“O transporte de passageiros já existe no Lago Paranoá. Só que ainda é feito como um alternativa de lazer ao turismo. O que propomos ao deputado é criar um novo modelo de transporte público para a população brasiliense”, ressalta Bertolucci.
No projeto proposto pelo deputado distrital, consta a construção de píeres e decks públicos em toda a extensão do Lago Paranoá. Além da condição de ser de baixo custo para a população.
“Imagine que viajem maravilhosa pelo Lago Paranoá, saindo com um ‘bus boat’ [ônibus barco] do deck norte e viajar até o Pontão do Lago Sul?”, provoca o presidente da entidade náutica.
Os pontos inicialmente sugeridos pela Asbranut englobam o Deck Norte (que já conta com infraestrutura), Prainha do Lago Norte; Concha Acústica; Barragem do Paranoá; Ermida Dom Bosco; Ponte JK; Parque Ecológico do Anfiteatro do Lago Sul (Morro da Asa Delta); trecho 3 do lago Sul; Pontao do Lago Sul e QL 08 na altura da ponte das Garças.
“A proposta ainda tem como objetivo fortalecer o turismo náutico no Lago Paranoá e enriquecer ainda mais a economia e a geração de empregos na capital”, finaliza Bertolucci.
Marinas
Em fevereiro deste ano, o GDF autorizou o início de estudos preliminares para conceder à iniciativa privada a implantação de marinas públicas no Lago Paranoá. A decisão representa o primeiro passo oficial para que empresas possam investir, a princípio, em duas áreas localizadas na orla do cartão postal de Brasília: uma na QL 08 e outra na QL 20 do Lago Sul.
Os dois pontos, um deles próximo à Ponte das Garças, vão contar com estrutura para as atividades da marina, com área molhada, vagas, atracadouro, rampa para barcos, áreas esportiva e social, restaurantes, área logística ponte de pedestres e ciclistas, além de quiosques para lanchonete e banheiros, nos moldes do que ocorre em cidades litorâneas.