Vogue britânica mira na ascensão de modelos africanas e gera polêmica
A edição de fevereiro de 2022 da revista pretende celebrar a diversidade, mas o resultado final do editorial fotográfico foi criticado
atualizado
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O que é ser modelo? Até pouco tempo atrás, significava se encaixar em um padrão de beleza que colocava em destaque mulheres brancas e de etnias muito específicas. Com o objetivo de celebrar a ascensão de modelos negras, sobretudo de origem africana, a Vogue britânica de fevereiro lançou a publicação Fashion Now. “Com uma nova geração de modelos africanas em destaque, a moda está finalmente abraçando o que é ser verdadeiramente global”, aponta o veículo. Contudo, o resultado do editorial fotográfico que estampa a edição gerou críticas.
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Para representar a nova realidade e a diversidade, a edição traz como protagonistas nove modelos. São elas: Adut Akech, Anok Yai, Majesty Amare, Amar Akway, Janet Jumbo, Maty Fall, Nyagua Ruea, Abény Nhial e Akon Changkou.
“Elas representam uma mudança sísmica em andamento que se tornou mais pronunciada nas pistas da primavera/verão 2022; repleta de modelos de pele escura cuja herança africana se estendia do Senegal ao Ruanda, ao Sudão do Sul, à Nigéria e à Etiópia. Para uma indústria há muito criticada por sua falta de diversidade, bem como por perpetuar padrões de beleza vistos através de lentes eurocêntricas, essa mudança é importante”, apontou a Vogue britânica.
As fotografias são do brasileiro Rafael Pavarotti, com styling assinado por Edward Enninful. Para a publicação, a jornalista Funmi Fetto reuniu relatos das personalidades que vêm redesenhando o mundo da moda.
Em uma das capas, Adut Akech aparece sozinha. Ela é apontada pela Vogue britânica como a modelo africana de maior sucesso atualmente. Ela estreou na passarela da Saint Laurent, em 2016. Desde então, estrelou inúmeras campanhas de moda e beleza, de Valentino a Estée Lauder. “Sem dúvida, inspirou outras modelos africanas”, destacou o veículo.
No recheio da revista, a modelo destacou que, quando começou, não havia outras companheiras de profissão sudanesas e africanas nos castings. “Agora, eu participo de um show e há garotas do meu país, garotas da África que se parecem comigo. Então, sim, houve uma grande mudança”, reconheceu. “Passou de eu ser a única em um show para 15 ou 20 de nós. Estou tão feliz que finalmente estamos neste lugar”.
Uma das participantes, a sudanesa Anok Yai foi a segunda modelo negra a abrir um desfile da Prada, em fevereiro de 2018, depois de Naomi Campbell, em 1997, como destacou a Vogue.
Pelo Instagram, ela comemorou a oportunidade de estar na edição Fashion Now. “Palavras não podem explicar a importância dessa capa. Durante toda a minha carreira, lutei para comandar meu espaço nesta indústria enquanto tentava afetar a mudança”, escreveu.
“Minha mensagem para qualquer garotinha negra lendo isso – permaneça em sua essência, nunca se conforme, e não ouse se encolher. Tudo que você tem são seus sonhos e sua alegria; nunca deixe isso ser tirado de você”, aconselhou.
Controvérsia
A edição já chegou às bancas e também vem sendo divulgada via redes sociais. No entanto, o resultado do editorial fotográfico que estampa a revista não agradou a todos. Nas redes sociais, algumas personalidades africanas questionaram o tom dramático das imagens e com suposta manipulação no tom de pele das modelos.
A nigeriana Stephanie Busari, editora supervisora da CNN África, fez um artigo sobre o assunto. “A iluminação, o styling e a maquiagem, que propositalmente exageraram os tons de pele já escuros das modelos, reduziram seus diferenciais e apresentaram um visual homogeneizado”, criticou.
“Por que as modelos são retratados em um quadro sombrio e ameaçador, a iluminação tão obscura a ponto de serem quase indistinguíveis em uma capa destinada a celebrar sua individualidade? Por que elas estavam vestidas de preto, dando um ar fúnebre e uma aparência quase macabra, de outro mundo?”, escreveu na CNN Style.
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Colaborou Rebeca Ligabue