Victoria’s Secret: veja campanha estrelada por trans brasileira
Primeira mulher transexual a posar para a empresa, Valentina Sampaio surge deslumbrante em fotos feitas para linha For Love & Lemons
atualizado
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As primeiras fotos da cearense Valentina Sampaio para a Victoria’s Secrets já estão entre nós! Confirmada em agosto como a primeira modelo transsexual da etiqueta de lingeries, a jovem de 22 anos surgiu deslumbrante nos cliques de Zoey Grossman, feitos em Nova Iorque, para a linha For Love & Lemons da gigante do underwear.
Vem conferir comigo!
Após resistir às críticas relacionadas a seu casting sem diversidade, resultando em uma baixa considerável nas vendas e no cancelamento de seu tradicional show de lingeries, a Victoria’s Secret, finalmente, tenta se adaptar às demandas dos clientes ávidos por inclusão.
Como adiantamos aqui na coluna, a brasileira Valentina Sampaio foi escolhida como a primeira transgênero a fazer parte do time de modelos da label. A novidade foi anunciada pela própria top model, em seu Instagram. “Nunca pare de sonhar”, escreveu na rede social, junto a uma foto no backstage da campanha.
Em entrevista exclusiva à coluna, a cearense revelou que estar entre as famosas angels da etiqueta é um desejo antigo. “Eu sempre quis estar lá para levar a diversidade, empoderar a mulher trans e levantar nossa bandeira”, afirma.
Questionada sobre a demora da gigante das lingeries em aderir à inclusão de modelos transexuais em seu casting, ela acredita que o processo de evolução é lento, mas, aos poucos, está acontecendo.
“A sociedade e as empresas vêm aprendendo muito sobre a importância de abraçarem as diferenças e respeitarem a diversidade. Estamos conquistando novos espaços. Aparecemos nas capas de revista, depois na TV e, agora, na VS”, conta, sem esconder a alegria. “Só tenho a comemorar por essa nova conquista. É um momento que representa muito”, disse.
Com o cancelamento do Victoria’s Secret Fashion Show, Valentina, infelizmente, não chegará a ostentar as asas da etiqueta na passarela mundialmente conhecida. Porém, como a marca trabalha em um novo formato para apresentar suas coleções, poderemos ver a modelo em outros trabalhos midiáticos da empresa. “Desfilar para a Victoria’s Secret continua sendo um sonho”, garante.
Filha de um pescador e uma professora, Valentina nasceu no município de Aquiraz, na região metropolitana da capital do Ceará. Lançada pela Joy Model, estreou nas passarelas no Dragão Fashion Brasil. No currículo, a jovem acumula trabalhos para grifes como Balmain, L’Oréal e Marc Jacobs, além de capas da Elle, L’Officiel e Vogue Paris.
A Victoria’s Secret contratou Valentina depois de muitos apelos do público por mais representatividade. Enquanto o mundo da moda passou a abraçar a causa, a gigante do underwear continuou apegada aos defasados padrões de beleza que a consagraram, com um elenco pouco variado.
Em novembro do ano passado, o diretor de marketing da empresa, Ed Razek, deu uma entrevista desastrosa e problemática para o site da Vogue, onde expressou intolerância a modelos plus size e pessoas trans.
A declaração incendiou ainda mais o ânimo dos consumidores, o que culminou na demissão de Razek e na posterior renúncia de Jan Singer, o então executivo-chefe da companhia. Após a saída do dirigente, esperava-se alguma novidade, mas o contrário aconteceu.
Mesmo anunciando o fechamento de dezenas de pontos físicos, com prejuízo considerável nos rendimentos do último trimestre de 2018 e perda de 1,7 milhão de espectadores no último Victoria’s Secret Fashion Show, a empresa apresentou Barbara Palvin e Alexina Graham como pupilas, enfatizando o estereótipo trabalhado pela marca desde que foi fundada, há mais de duas décadas.
A gigante do underwear ainda lidera a participação no mercado americano, com mais de 24% das vendas, mas sua fatia do bolo diminui a cada mês, ao passo que marcas recém-lançadas registram rápidas evoluções comerciais por responderem melhor aos anseios das consumidoras.
A Savage X Fenty, que oferece lingeries para todos os shapes e idades, ilustra bem essa movimentação. Desde o lançamento da marca, há um ano, os varejistas dos Estados Unidos e do Reino Unido aumentaram a produção de estilos inclusivos em 34%, de acordo com a Edited.
“Eles finalmente estão entendendo que é preciso haver uma representação maior de tamanhos nos produtos e na publicidade”, observou a Edited, em comunicado ao Fashion United.
É triste imaginar que a Victoria’s Secret teve que perder milhões em vendas e seu tradicional show anual para começar a se adaptar às demandas por diversidade e inclusão, mas, antes tarde do que nunca.
Alguns especialistas apontam que a etiqueta demorou muito a se adequar e isso gerou um efeito irreversível. Contudo, a empresa do grupo L Brands pode manter sua relevância se correr atrás do prejuízo, como fez ao contratar Valentina Sampaio e lançar uma linha plus size em parceria com a etiqueta londrina Bluebella.
Veterana no Victoria’s Secret Fashion Show, Bella Hadid participou como angel em três edições. Entretanto, a modelo deu a entender que não se sentia poderosa na passarela da label. “O desfile da Savage x Fenty foi onde, pela primeira vez, me senti sexy”, contou ela ao diretor de cinema Loïc Prigent, durante o Fashion Festival da Vogue, que aconteceu em Paris.
Colaborou Danillo Costa