Victoria’s Secret Fashion Show voltará em 2023. Relembre polêmicas
Após quatro anos cancelado, o desfile da marca de lingeries será realizado novamente. A etiqueta enfrenta cobranças por novo posicionamento
atualizado
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Criado em 1995, o Victoria’s Secret Fashion Show marcou o começo dos anos 2000. Com atrações musicais renomadas e performances das angels, como eram apelidadas as modelos da marca, o desfile anualmente televisionado atraía atenção para as lingeries apresentadas. Cancelado há quatro anos, o evento voltará a ser realizado em 2023. No entanto, a marca segue lembrada por polêmicas e enfrenta cobranças por novo posicionamento.
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Polêmicas e declínio da Victoria’s Secret
Em 1998, Tyra Banks, Naomi Campbell, Heidi Klum, Laetitia Casta e Stephanie Seymour foram as primeiras a vestir asas no Victoria’s Secret Fashion Show. Ao longo dos anos, o desfile anual consagrou modelos, afinal, ser uma angel significava o auge na carreira. Vale destacar nomes de diferentes nacionalidades, como Rosie Huntington-Whiteley, Candice Swanepoel, Shanina Shaik, Doutzen Krous, Karolina Kurkova, Lily Aldridge, Karlie Kloss, Elsa Hosk e Behati Prinsloo.
Além do status de angels, essas profissionais sempre estavam entre as mais bem pagas do mundo. Gisele Bündchen, Alessandra Ambrosio, Adriana Lima, Izabel Goulart e Lais Ribeiro estão entre as brasileiras que foram destaque nos desfiles da label. Da nova geração de top models, personalidades como Kendall Jenner, Gigi e Bella Hadid também integraram os castings.
Contudo, ao longo dos anos, mais especificamente em meados da década de 2010, o conceito do show e a própria marca ficaram ultrapassados. Enquanto o mundo demandava por mais diversidade, representatividade e inclusão, os desfiles da Victoria’s Secret permaneceram obedecendo a antigos padrões de beleza. Na catwalk, a VS colocava apenas modelos altas, extremamente magras e majoritariamente brancas. Por não acompanhar as discussões sociais, a grife passou a ser alvo de críticas do público.
Além de ajudar a reforçar padrões estereotipados e incentivar a pressão estética, a empresa se envolveu em polêmicas, sobretudo devido a falas preconceituosas de executivos. Em 2018, por exemplo, o então diretor de marketing da empresa, Ed Razek, disse, em entrevista à Vogue, por que não selecionava modelos de tamanhos maiores e mulheres trans para a apresentação. “Não acho que teremos esse tipo de modelo, porque esse show é uma fantasia. São 42 minutos de entretenimento”, declarou.
Ao ignorar os clamores de clientes por mais diversidade e se envolver em controvérsias, a Victoria’s Secret passou a sentir as consequências. A label teve anos de quedas estrondosas de vendas. Em meio à crise, chegou a fechar lojas e ficar à beira da falência.
Em maio de 2019, o grupo L Brands, controlador da etiqueta de lingerie, havia anunciado que o Victoria’s Secret Fashion Show não iria ao ar na televisão. Já em agosto, a modelo Shanina Shaik confirmou que a atração havia sido oficialmente cancelada.
Para piorar, mais de 100 modelos assinaram uma carta aberta à Victoria’s Secret para cobrar atitude contra casos de assédio, abuso sexual e tráfico humano. O texto foi direcionado a John Mehas, então CEO da marca. Um dos citados, o empresário Jeffrey Epstein, era suspeito de aliciar garotas, inclusive ao alegar ser um recrutador da VS. Acusado de pedofilia, o investidor norte-americano também tinha uma relação próxima com dirigentes do L Brands, principalmente Leslie Wexner.
Em 2020, o jornal The New York Times publicou uma série de reportagens que confirmaram casos de assédio, humilhação e misoginia dentro da Victoria’s Secret. Ed Razek e Leslie Wexner estavam entre os executivos denunciados.
Mudanças recentes
Por pressão externa e em meio ao declínio geral, em agosto de 2019, a primeira modelo trans, a brasileira Valentina Sampaio, foi contratada pela Victoria’s Secret. Já em 2020, a etiqueta passou a chamar modelos consideradas plus size para campanhas de underwear.
Em fevereiro de 2020, parte da grife foi comprada pelo fundo de investimento Sycamore Partners, que passou a deter 55% do negócio. Já em agosto de 2021, o grupo L Brands concluiu a separação dos negócios da Victoria’s Secret por meio de uma cisão isenta de impostos para os acionistas da companhia. A nova empresa, chamada Victoria’s Secret & Co., engloba os segmentos Lingerie, Beauty e a linha jovem Pink.
Quando o Victoria’s Secret Fashion Show foi interrompido, as angels foram trocadas por embaixadoras. Atualmente, entre as estrelas que integram o time VS Collective, estão a atriz indiana Priyanka Chopra Jones, a modelo norte-americana Hailey Bieber e a tenista japonesa Naomi Osaka. A modelo brasileira Valentina Sampaio, mulher trans, continua na equipe. Além disso, basta abrir as redes sociais da VS para perceber que as atuais ações incluem modelos de diferentes corpos.
Retorno do Victoria’s Secret Fashion Show
Durante a teleconferência de resultados de 2022 da Victoria’s Secret, em 3 de março, Timothy Johnson, atual chefe de finanças (CFO, na sigla original), disse que a marca está preparando uma nova versão do fashion show. “Vamos continuar a apostar nos gastos de marketing para investir no negócio, tanto no topo do funil como também para apoiar a nova versão do nosso desfile de moda”, anunciou.
Por enquanto, sabe-se apenas que o evento será realizado no fim de 2023. A grife ainda não revelou detalhes sobre o casting, se haverá atrações musicais, e até se a apresentação será transmitida em algum canal de televisão ou on-line.
Recentemente, um porta-voz da marca disse à The Hollywood Reporter que a marca está em processo constante de transformação. “Estamos sempre inovando e criando ideias em todas as esferas do negócio para continuar a colocar nosso cliente no centro de tudo o que fazemos e reforçar nosso compromisso de defender as vozes das mulheres e suas perspectivas únicas.”