Victoria’s Secret Fashion Show 2019 foi cancelado. Saiba tudo!
O desfile anual foi impedido de acontecer depois de uma série de polêmicas e problemas estruturais envolvendo a marca de lingeries. Entenda
atualizado
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Os últimos anos não foram dos melhores para a Victoria’s Secret. Há algum tempo, a marca vem enfrentando diversas críticas e quedas nas vendas, como consequência de insistir em práticas obsoletas e reafirmar estereótipos de padrões irreais de beleza. Atendendo a pedidos antigos de clientes, a grife de lingeries até tentou implantar algumas mudanças de última hora, como a contratação de uma modelo trans e uma collab estrelada por uma plus size. Contudo, já era tarde demais e a crise instalada só se agravou. Depois de muitos burburinhos, foi confirmado: pela primeira vez desde a criação, nos anos 1990, a VS não realizará o famoso desfile anual. A edição de 2019 foi oficialmente cancelada.
Vem comigo!
O Victoria’s Secret Fashion Show foi lançado em 1995. Desde então, todo ano a etiqueta norte-americana reunia performances musicais e um forte elenco de modelos para apresentar uma nova coleção. Gisele Bündchen, Alessandra Ambrosio, Izabel Goulart, Adriana Lima e Lais Ribeiro estão entre as brasileiras que foram destaque na passarela.
Outras top models, como Sara Sampaio, Heidi Klum, Taylor Hill, Josephine Skriver, Elsa Hosk, Lily Aldridge, Behati Prinsloo, Candice Swanepoel e Karlie Kloss, também foram consagradas pela label.
Se transformar em uma angel era considerado um ponto alto na carreira e símbolo de sucesso.
Ao longo dos anos, a sociedade passou por mudanças. Diversidade, inclusão e representatividade viraram uma pedida constante do público. Isso passou a ser uma exigência das novas gerações.
No entanto, a Victoria’s Secret ignorou e ficou para trás. Relutou e insistiu em um casting sempre igual, com modelos altas e magras, apenas. As consequências chegaram.
Ainda em maio, o presidente executivo da L Brands, empresa responsável pela Victoria’s Secret, anunciou que a atração não iria ao ar na televisão. A atração estava perdendo audiência nas últimas exibições. Para se ter uma ideia, 9,7 milhões de pessoas assistiram ao show em 2013, mas o número caiu para 3,3 milhões em 2018.
Já em agosto, uma das participantes do show, a modelo Shanina Shaik, confirmou ao jornal inglês The Daily Telegraph que o icônico desfile anual da grife havia sido suspenso. Agora, é oficial. Em comunicado, a etiqueta se manifestou e disse que está em busca de uma evolução significativa.
“Achamos que é importante evoluir o marketing da Victoria’s Secret”, afirmou Stuart B. Burgdoerfer, vice-presidente da L Brands.
“Foi uma parte muito importante da construção desse negócio, um aspecto importante da Victoria’s Secret e uma conquista notável de marketing. Estamos descobrindo como avançar no posicionamento da marca e melhor comunicá-la aos clientes”, completou.
Entenda as polêmicas
Não bastasse a falta de representatividade, Ed Razek, antigo diretor de marketing da empresa, não media palavras e fazia comentários considerados preconceituosos. No ano passado, ao ser questionado sobre a relutância da grife em selecionar modelos plus size e transgêneros, ele se expressou de uma forma ultrapassada e problemática.
“Não acho que teremos esse tipo de modelo, porque esse show é uma fantasia. São 42min de entretenimento”, comentou na época. Em resposta, modelos plus size e trans se posicionaram contra a postura do executivo, em novembro de 2018.
Mesmo depois das controvérsias, em agosto deste ano, a Victoria’s Secret parecia ter dando um pontapé inicial — ainda que tardio — para abraçar a diversidade. Já depois de ter cancelado a transmissão do fashion show na televisão, a label escalou a primeira modelo transexual para trabalhar na marca. A escolhida foi a brasileira Valentina Sampaio.
Além disso, em outubro, a etiqueta norte-americana firmou uma parceria com a britânica Bluebella, conhecida por campanhas inclusivas. Para estrelar a ação, a modelo plus size Ali Tate-Cutler foi uma das escolhidas.
Em meio às novidades, Razek deixou o cargo, claramente descontente. A favor da continuidade de uma imagem padronizada, sexualizada e estereotipada das modelos, ele decidiu se aposentar. Meses antes, Jan Singer, o então executivo-chefe da companhia, tinha pedido demissão.
Fora as crises econômica, institucional e de identidade, mais de 100 modelos assinaram uma carta aberta direcionada ao CEO da marca, John Mehas, também neste ano. O texto pedia posicionamento e proteção às profissionais contra casos de assédio e abuso sexual.
Vale destacar que próprias angels passaram a demonstrar desconforto em relação ao trabalho. A modelo Karlie Kloss, por exemplo, salientou em uma entrevista que saiu da label para “ser uma feminista melhor”.
Recentemente, Bella Hadid também abriu o jogo. A norte-americana declarou que nunca se sentiu poderosa na passarela da Victoria’s Secret.
O futuro da Victoria’s Secret é incerto. Ainda não se sabe qual é a possibilidade da grife retomar o show nos próximos anos. Ou, até mesmo, se a própria marca seguirá existindo. Vamos aguardar!
Colaborou Rebeca Ligabue