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“Vendedor sem camisa” da Abercrombie & Fitch relata casos de assédio

O ex-modelo Kai Braden revelou experiências de assédio, racismo e hipersexualização durante seu trabalho na Abercrombie & Fitch

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Edward Wong/South China Morning Post via Getty Images
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1 de 1 modelo assédio abuso abercrombie fitch moda - metrópoles - Foto: Edward Wong/South China Morning Post via Getty Images

Um ex-modelo norte-americano revelou as experiências de assédio que sofreu durante seu trabalho na Abercrombie & Fitch, onde atuou como “recepcionista sem camisa”, prática comum em lojas da marca durante os anos 2000. A vivência de Kai Braden nesse ambiente de trabalho hipersexualizado o levou a se tornar defensor dos direitos dos trabalhadores da moda.

Vem entender o caso!

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O corpo masculino foi, por muito tempo, identidade visual da marca

Durante décadas, os clientes da Abercrombie & Fitch eram recebidos nas lojas por jovens — geralmente com menos de 21 anos — sem camisa, que posavam para fotos com os visitantes. A atmosfera era “intimidadora”, relembrou ao jornal The Guardian o ator Kai Braden, contratado pela marca quando tinha 18 anos, em 2006.

As interações não se limitavam a fotos, já que os clientes costumeiramente constrangiam, com toques e alisamentos, os profissionais. Braden se sentia como o “rosto asiático” da marca, já que a maioria dos recepcionistas era branca. Ele relatou que funcionários negros e latinos eram frequentemente relegados a funções nos bastidores, como dobrar roupas, em vez de interagir com clientes.

“As pessoas achavam que, por sermos modelos, não havia problema em nos tocar e agarrar”, contou Braden à publicação britânica. Segundo o ator, a Abercrombie não oferecia treinamento sobre como lidar com toques não consensuais, e a prática era normalizada nos bastidores.

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Abercrombie enfrentou polêmicas e quedas nas vendas

 

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Atendentes das lojas tiravam fotos com clientes

Em 2015, após anos de escândalos e queda nas vendas, a Abercrombie proibiu o “marketing sexualizado” em suas lojas e dispensou os recepcionistas sem camisa. Em 2017, a marca contratou uma nova CEO, Fran Horowitz, que conduziu a reformulação da estética da marca para um estilo mais clássico e sofisticado.

Apesar das mudanças, o passado da Abercrombie continua a ser revelado. Em 2018, várias denúncias de assédio sexual durante ensaios fotográficos vieram à tona. Em outubro de 2024, o ex-CEO Mike Jeffries foi preso e se declarou inocente de 16 acusações criminais, incluindo tráfico sexual e prostituição envolvendo aspirantes a modelo da Abercrombie.

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Mike Jeffries (ex-CEO) e Bruce Weber (fotógrafo) receberam acusações de ex-funcionários da empresa

Ativismo contra a Abercrombie

Braden, que se manifestou publicamente sobre um caso de abuso sexual que sofreu durante um ensaio fotográfico (não relacionado à Abercrombie), uniu forças à Model Alliance, uma organização sem fins lucrativos que defende os direitos dos trabalhadores da moda.

Ele faz campanha pelo Fashion Workers Act (Lei dos Trabalhadores da Moda), que estabelece proteções de saúde e segurança para modelos, cria um canal seguro para denúncias e protege contra retaliações de empregadores. A lei, que entra em vigor em junho de 2025, é a primeira do gênero nos Estados Unidos.

Modelos protestam na cidade de Nova York com cartazes rosa com reivindicações escritas em preto - Metrópoles
Modelos protestando por direitos no New York Fashion Week

Os casos de assédio, racismo e abusos de poder da Abercrombie & Fitch foram abordados pela série documental White Hot: a ascensão e queda da Abercrombie & Fitch, lançada pela Netflix em 2022. O testemunho de Kai Braden reforça a necessidade de mudanças profundas na indústria da moda e expõe a importância do Fashion Workers Act, cuja vigência começa em breve.

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