Veja os destaques da primeira Mostra Intercultural de Moda Indígena
O evento reúne estilistas e modelos de diversas tribos indígenas. As roupas, em sua maioria, contam com elementos extraídos da floresta
atualizado
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As Semanas de Moda são marcadas por criatividade, inovação e conceitos singulares propostos pelos diretores criativos à frente das marcas. Na primeira Mostra Intercultural de Moda Indígena, evento que teve início no último dia 9 e vai até o dia 23 de abril, em Manaus, Amazonas, estilistas de diferentes tribos estampam a singularidade de suas etnias em criações autorais. O resultado? Desfiles que conectam ancestralidade, história e resistência.
Vem ver!
Sob o tema Grafismo: Tradição, Ancestralidade e Contemporaneidade, a Mostra apresenta estilistas e modelos nativos que buscam traduzir suas histórias por meio da arte existente em peças, adereços e pinturas corporais. Os desfiles acontecem aos sábados, e cada edição tem como plano de fundo uma locação diferente na cidade de Manaus.
“Os estilistas querem trazer, de uma forma organizada e elaborada, as histórias de suas etnias por meio de suas peças, com foco na temática que estamos abordando: o grafismo. Todo esse detalhe e delicadeza precisam ser passados de forma visual para o público”, explicou Seanny Oliveira, curadora e idealizadora do evento, em comunicado.
Os criativos usam elementos naturais nas peças que desenvolvem, incluindo os dentes em forma de lança do pecari — um javali da Amazônia —, o fruto vermelho do guaraná, as sementes de açaí e as cascas de coco. Os mesmos padrões geométricos dos modelos se repetem nos tecidos que os envolvem.
Ao todo, são 32 estilistas e 37 modelos de diferentes povos apresentando suas criações. Entre as etnias, estão os Sateré-Mawé, os Baré, os Witoto, os Guarani, os Munduruku, os Kokama e os Tikuna.
“É um sentimento de felicidade e orgulho”, confessou a modelo Moan Munduruku à AFP, antes de subir às passarelas. “Estamos muito ansiosos para mostrar nosso talento na costura e no artesanato. Para mostrar ao mundo que os indígenas também podem ter sucesso”, disse à agência.
O projeto está repercutindo tanto no Brasil quanto na imprensa internacional. Os idealizadores acreditam que é só o começo de muitos que virão, e, a partir dele, indígenas ao redor do mundo poderão se imaginar nas passarelas, local que até pouco tempo era predominado por brancos.
“A gente nunca imaginou que tomaria proporção internacional, e é maravilhoso o reconhecimento porque alcançamos mais do que era esperado. Hoje, essas pessoas são realmente visíveis à sociedade. Não é um ganho apenas para o Amazonas, a empresa ou o edital. É um ganho para as comunidades indígenas do Brasil, que estão sendo representadas por esse trabalho”, refletiu Reby Ferreira, produtora e diretora-executiva da Seanny Artes Produções.
Todos os indígenas participantes do desfile estão sendo remunerados; porém, o edital só podia gratificar 30 profissionais. Foi aí que entrou o Instituto C&A. A iniciativa promovida pela varejista está contribuindo financeiramente com o evento, e também distribuiu sapatos masculinos e infantis para crianças da comunidade.
A Mostra também conta com a parceria da Faculdade Anhanguera, do Sumaúma Park Shopping e do Bahserikowi — Centro de Medicina Indígena. O próximo desfile será no dia 23 de abril, às 18h, na praça de alimentação do Sumaúma Park Shopping, localizado na Avenida Noel Nutels, 1762, Cidade Nova. Mais informações no perfil da Mostra no Instagram (@mi.mostraindigena) ou através do e-mail (seannyartesproducoes@gmail.com).
Para outras dicas e novidades sobre o mundo da moda, siga @colunailcamariaestevao no Instagram. Até a próxima!
Colaborou Marcella Freitas