Veja como o Copenhague Fashion Week é exemplo de sustentabilidade
Com lineup que segue até esta sexta-feira (31/01/2020), a semana de moda estabeleceu um plano de ação em prol do meio ambiente
atualizado
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Enquanto as principais capitais da moda representam um mercado competitivo e extremamente comercial, a Semana de Moda de Copenhague constantemente rema na contramão, mirando a práticas alternativas e mais conscientes. O fashion week da capital dinamarquesa, com a edição de outono/inverno 2020, termina nesta sexta-feira (31/01/2020). Nesta temporada, a iniciativa estabeleceu um plano de ação de sustentabilidade que vai durar três anos.
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Com propósito de reforçar o perfil de sustentabilidade do evento, o plano foi projetado com ajuda de especialistas. Atuaram no projeto o Conselho de Administração e o Conselho Consultivo de Sustentabilidade (criado no começo de 2019) do Copenhague Fashion Week, em parceria com a In futurum, empresa que presta consultoria estratégica.
A semana de moda dinamarquesa pretende se firmar como uma plataforma de referência para avanços amplos. O objetivo é pressionar a indústria fashion para acelerar os esforços no mesmo sentido. Apresentadas na terça-feira (28/01/2020), as novas metas têm duração até 2022.
“Todos os participantes do setor, incluindo as semanas da moda, devem ser responsáveis por suas ações e estar dispostos a alterarem a maneira como os negócios são realizados. O prazo para evitar os efeitos devastadores das mudanças climáticas no planeta e nas pessoas é inferior a uma década, e já estamos testemunhando seus impactos catastróficos hoje. Simplificando, não pode haver status quo”, declarou Cecilie Thorsmark, CEO do Copenhague Fashion Week, em coletiva de imprensa.
As medidas vão ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre elas, estão a redução do impacto climático em 50% e a reestruturação dos sistemas de resíduos em todos os aspectos, com zero desperdício como objetivo final.
Atualmente, o evento já compensa as emissões de carbono provenientes de voos e acomodações em hotel de convidados internacionais, do jantar oficial de abertura e dos ônibus da imprensa, por exemplo. Além disso, apenas carros elétricos são usados durante o fashion week.
Em 2020, toda a liberação de CO2 do evento será medida, incluindo em shows e apresentações. “Continuaremos a identificar novas soluções para reduzir nosso impacto, sendo honestos sobre o uso de compensações para equilibrar emissões de carbono inevitáveis”, alegam, em comunicado.
O plano envolve padrões e mudanças que as marcas devem implementar para se qualificarem e participarem da semana de moda. A organização vai lançar um piloto com critérios que valem pontos.
As grifes serão desqualificadas se descartarem estoques de roupas não vendidas ou não conseguirem provar que pelo menos 50% das peças são desenvolvidas com materiais mais sustentáveis, por exemplo. Para completar, será analisado o empenho das labels em relação a medidas adicionais para incorporar a responsabilidade ambiental em suas estratégias de design, marketing, escolha de materiais e condições de local de trabalho.
Também neste ano, a iniciativa vai lançar um relatório periódico de avanços. A ideia é avaliar o próprio progresso e manter a transparência com o público.
Vale destacar que a ascensão de e–commerces, showrooms virtuais e mídias sociais levantam questões sobre o papel dos eventos sazonais. Além disso, as novas gerações demandam responsabilidade social das etiquetas e do mercado em geral. Nesse sentido, responsável e estrategicamente, Copenhague atende ao desejo do consumidor por roupas éticas e inseridas em uma cadeia de produção circular.
Não é de agora que o fashion week de Copenhague prioriza a sustentabilidade, mas a nova estratégia é uma aposta de longo prazo, com intuito de atingir a indústria como um todo. Realizada sem fins lucrativos, atualmente, é a única semana de moda na Escandinávia, região formada por Dinamarca, Suécia e Noruega.
A cada temporada, o evento se mostra como uma plataforma cada vez mais interessante, mesmo fora do principal circuito de desfiles internacionais (Nova York, Londres, Milão e Paris). A iniciativa recebe 15% de financiamento público e 85% de parcerias comerciais, tendo o Ministério Dinamarquês de Indústria, Empresas e Assuntos Econômicos como principal contribuinte.
O outono/inverno 2020 Semana de Moda de Copenhague começou em 27 janeiro. O calendário oficial, que segue até esta sexta-feira (31/01/2020), incluiu marcas como Mykke Hofmann, Lovechild 1979, Soeren Le Schmidt, Munthe, Selam Fessahaye, Stand Studio e Ganni. Além de desfiles, o evento englobou exposições e feiras comerciais.
Colaborou Rebeca Ligabue