Veja as tendências que marcaram as passarelas do SPFW N58
Nesta temporada, as marcas apostaram em silhuetas ousadas e volumosas, além de acessórios que roubaram a cena
atualizado
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Prever o que moda reserva para o primavera/verão se tornou um pouco mais fácil graças ao trabalho de influentes designers brasileiros no São Paulo Fashion Week N58 (SPFW), palco de desfiles realizados entre os dias 14 e 21 de outubro. A coluna Ilca Maria Estevão acompanhou de perto dezenas dessas apresentações, destacando o que mais chamou a atenção quando o assunto é tendência.
Vem conferir!
Acessórios de cabeça estão entre as tendências
Entre os destaques das tendências na semana de moda nacional, estão os acessórios de cabeça, que ganharam protagonismo nas passarelas. Palha, strass e variados materiais compuseram as peças.
Elaborados e extravagantes, eles surgiram em diversas formas e tamanhos, de chapéus estruturados a peças ornamentadas com plumas e muito brilho. O acessório em si deixou de ser apenas um complemento e se tornou parte essencial dos looks, o que adicionou um toque dramático e artístico às coleções apresentadas.
Volume em camadas
Outro destaque foi o volume em camadas. Saindo das silhuetas mais convencionais, as roupas apresentaram sobreposições de tecidos leves e fluídos, que resultaram em visuais com movimento e estrutura ao mesmo tempo.
Esse jogo de camadas permitiu que os designers explorassem a tridimensionalidade nas peças e adicionassem profundidade e impacto visual aos looks. Na passarela, é possível ver uma variedade de materiais e texturas.
David Lee, por exemplo, fez essas camadas com o crochê. A etiqueta Martins, por sua vez, utilizou a técnica com tule para criar essa dimensão.
Ombreiras
As ombreiras, símbolo do power dressing dos anos 1980 (movimento que exaltou o poder feminino no ambiente profissional por meio da moda), também marcaram presença. Revisitadas com um toque contemporâneo, elas apareceram tanto em blazers estruturados quanto em peças mais fluídas.
O retorno das ombreiras trouxe à tona a ideia de empoderamento, reforçando uma estética poderosa e arrojada. A tendência foi introduzida na alfaiataria e no jeans, com uma variação de dramaticidade.
Fitas
Na moda, as fitas são versáteis pois, soltas, demonstram leveza; fixas, ajudam a dar estrutura. As marcas no SPFW exploraram as duas condições e fizeram das fitas uma tendência a ser observada. Etiquetas como David Lee e Normando a utilizaram quase como franjas; na Handred, por outro lado, elas foram coloridas e presas a vestidos transparentes, formando um “esqueleto” que sustenta a peça.
Weider Silveiro, por sua vez, em coleção que homenageou as festas populares do Nordeste brasileiro, apresentou vestidos com barras cortadas em forma de fitas, em alusão ao pau de fita, dança europeia apropriada pela nossa cultura pós colonização.
Quadris estruturados
No desfile da marca homônima de Lucas Leão, os quadris estruturados foram responsáveis por alguns dos melhores looks do evento, complementados por um trabalho manual de flores de tule. Ao todo, o designer usou mais de três mil delas em toda a coleção, trazendo delicadeza às peças de primavera por meio de ainda mais volume somado à tendência.
As marcas Artemisi e Santa Resistência tiveram uma abordagem diferente aos quadris, a primeira a apresentando como parte de uma armadura complementada pela tecnologia e símbolos prateados, enquanto a segunda explorou a perspectiva das formas geométricas em “bolsões” simétricos.
Alfaiataria desconstruída
Uma das principais tendências desse SPFW foi a quebra de expectativa sobre as peças de alfaiataria. Rasgos, amassos, buracos e cortes inesperados foram vistos em looks sofisticados, impactando aquilo que por muito tempo foi considerado um clássico intocável.
Botões em pontos incomuns (Dendezeiro), um comprimento além do tradicional (Lucas Leão) e cortes na cintura (Lilly Sarti) são exemplos de uma alfaiataria renovada. Experimentações como essas marcaram as passarelas em São Paulo e podem significar a manutenção da alfaiataria como uma peça central no guarda-roupa contemporâneo, mas com uma abordagem cada vez mais livre e ousada.
Essas tendências refletem a capacidade dos designers brasileiros de reinterpretarem clássicos da moda com um olhar inovador. O SPFW N58 mostrou que acessórios de cabeça ousados, volumes exagerados e ombreiras continuam sendo elementos chave para composições que desafiam os padrões tradicionais e reafirmam o protagonismo da moda nacional no cenário global.