Veja 5 fotógrafas de moda de Brasília para seguir no Instagram
Expressão e olhar fashion marcam os trabalhos das brasilienses Alexia Fidalgo, Marcela Gonçalves, Pryscilla K., Luísa Rocha e Bruna Reis
atualizado
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Não é novidade que Brasília está repleta de talentos de várias áreas diferentes, como moda e fotografia. Mas, e quando a mesma pessoa reúne esses dois universos? É o caso das fotógrafas Alexia Fidalgo, Marcela Gonçalves, Pryscilla K., Luísa Rocha e Bruna Reis. Entre editoriais e trabalhos para marcas brasilienses, cada uma aborda o mundo da sua maneira, com imagens repletas de significado, expressão e poesia. No momento atual, com o empoderamento feminino cada vez mais em pauta, nada mais justo que discutir moda sob o olhar de diferentes mulheres.
Vem comigo conhecer o trabalho de cada uma!
Alexia Fidalgo
A fotografia está na vida de Alexia Fidalgo desde que nasceu. Ainda bebê, já era modelo da mãe, que segue a profissão, até passar a fotografar por hobby já na adolescência, com autorretratos caseiros e cliques em festas de amigos. Com o passar dos anos, ela decidiu o que queria ser quando crescesse: trabalhar com trailers de cinema. No meio do processo, apareceu a moda.
“Quando entrei na Universidade de Brasília, percebi que gostava muito de fazer direção de arte e styling para os filmes, mais do que dirigir ou editar. Nessa de entrar no meio da produção de moda, comecei a fazer alguns trabalhos para fotógrafos. Aos poucos, fui percebendo que queria fazer a produção e as fotos”, conta.
O olhar de Alexia valoriza o inusitado e uma paleta de cores bem trabalhada. Contudo, a estética pode variar de acordo com o editorial ou ensaio. A complexidade criativa do trabalho de Tim Walker é sua maior inspiração, além de outros nomes como Alessio Albi e Can Dagarslani. Porém, ela prefere usar outros elementos como fonte de inspiração.
“Depois de um curso que fiz em Londres em 2014, aprendi a me inspirar mais em texturas, cores e sentimentos do que em trabalhos de outros fotógrafos em si. É um processo até você conseguir se inspirar em coisas menos óbvias”, opina.
À medida que o trabalho da artista de 27 anos foi evoluindo, a moda foi incorporado ao currículo, que inclui jobs para Lucila Pena, Caju Studio e a loja Shop’n Share. A sintonia criativa entre fotógrafo e produção, segundo ela, é um fator fundamental para que um editorial funcione bem.
A fotógrafa resume esse segmento em uma palavra: expressão. Ela também tem um pé na música e foi vocalista da banda Scalene.
Marcela Gonçalves
Ainda na escola, Marcela Gonçalves era conhecida como “a menina que faz fotos maneiras”. Desde pequena, gostava de maquiar as amigas, vesti-las e transformá-las em verdadeiras personagens.
Com tanta produção envolvida, veio a ideia de eternizar cada momento de diversão em fotografias, brincadeira que rendeu sua primeira câmera digital. Em seguida, algumas propostas de ensaios pessoais pagos começaram a aparecer.
Na faculdade, ela chegou a cursar um ano de cinema, mas acabou se formando em design de moda e fotografia. “Para mim, moda significa voz, é o caminho que eu encontrei de me comunicar, de incluir e mostrar mulheres. Foi a forma que encontrei de viabilizar a minha arte”, divaga. Em março deste ano, inclusive, ela abriu a agência criativa Magenta, especializada no ramo fashion e formada apenas por mulheres.
Com a empreitada, Marcela já fez fotos para a estilista brasiliense Letícia Gonzaga. “A marca confia no nosso trabalho e nos deixa livres para criar. Adoramos também o trabalho que estamos desenvolvendo para o Bolo da Ivone, que não é diretamente moda, mas passeia muito pela estética fashion”, comenta.
O olhar da jovem, particularmente, é bem aberto a ideias “malucas” e misturas de cores, texturas e formas. Para ela, tudo que a rodeia serve como inspiração: desde as músicas até os espaços. “Busco sempre uma linguagem jovem, narrativas de empoderamento feminino e tento sempre criar algo novo. Amo fotografar em campos abertos, onde o pôr do sol chega sem barreira alguma”, descreve.
No mercado fashion brasileiro, as fotografias da marca Cris Barros estão entre suas favoritas. “Toda campanha que eles lançam me surpreende e me inspira”, indica. Entre nomes prestigiados como Annie Leibovitz e David LaChapelle, além da Obvious Agency (principal referência da Magenta), Marcela se inspira em fotógrafos jovens do Instagram, caso de Obidi Nzeribe.
Atualmente, os esforços da jovem estão focados em expandir o trabalho da Magenta. “Vamos trabalhar muito para sermos o melhor time possível, queremos ser vistas e dar voz. Temos planos de oferecer muitos serviços e produtos que ainda não oferecemos, mas tudo ainda é tudo segredo”, adianta. Vale destacar que, atualmente, ela não trabalha mais com ensaios pessoais pagos.
Pryscilla K.
A fotografia de Pryscilla K. é performática e passeia por diferentes personagens. Atualmente, a brasiliense de 27 anos mora em São Paulo para “se lançar em voos maiores”, como ela mesma define – inclusive, dentro de outras linguagens artísticas além da fotografia.
Formada em artes cênicas, ela se inspira em histórias que escuta de outras mulheres. “Elas confiam no trabalho e dizem pelo processo que estão passando, traumas, alegrias… Dar esse espaço e protagonismo é uma grande potência política nos dias de hoje”, opina.
Tudo começou com os autorretratos da adolescência, quando teve depressão decorrente da obesidade e usava as imagens como forma de expressão. “Encontrei uma forma de falar sobre mim e também um lugar de escapismo, para fugir e ser outras personagens”, relata. Foi quando ela percebeu o poder que os retratos têm de contar histórias e momentos.
“Eu tinha quinze anos quando minha mãe me deu uma câmera de presente. Fiz do meu quarto um palco, fotografei um pouco do meu processo de emagrecimento, minhas crises depressivas e, quando queria sair desse lugar, eu me caracterizava, me permitia ser outras pessoas utilizando elementos cênicos, como figurino, maquiagem e cenário” relembra.
O contato com a moda evoluiu dos figurinos de peças teatrais, quando ela se encarregava do styling, e a levou até um editorial de moda de uma marca pequena. A partir dali, outros convites começaram a aparecer. “A moda é política, social, reflete quem somos e como queremos ser vistos. Está bem além de seguir tendências, é sobre se afirmar”, defende.
O currículo fashion de Pryscilla inclui marcas brasilienses como Quero Melancia, Baroque Atelier, Meia Jaca a paulistana Neptunia e até a Crocs. Suas fotos já apareceram em páginas on-line das publicações Petiscos, Air Mag, Sticks&Stones, Vogue Itália e Revista Old.
Luísa Rocha
Outra fotógrafa que tem grande relação com teatro é Luísa Rocha, que morou durante alguns anos em Brasília e transita entre Goiânia e a capital federal. Rodeada de arte desde criança, ela nasceu em São Paulo (SP) e é neta de uma bailarina e artista plástica. Sua mãe, formada em artes cênicas pela UnB, a levava para peças desde criança. A vivência com a dança e o teatro deram a ela um olhar especial e sensível do mundo ao seu redor.
“A fotografia surgiu em um momento da minha vida em que eu queria, de alguma forma, expressar certos conceitos que até então estavam só dentro da minha cabeça”, explica a jovem de 23 anos. E ainda acrescenta: “Sempre gostei de moda, principalmente por fazer teatro e lidar com figurinos. Gosto de coisas espalhafatosas, que chamem atenção. O engraçado é que eu me visto de maneira super básica”. Para ela, moda é liberdade de ser.
As marcas criadas por mulheres são suas favoritas de fotografar, a exemplo da Ânima Moda e o Ateliê Liza Tuli. Como inspirações principais, a jovem elenca Peter Linbergh – morto em setembro -, Bruno Stuckert e Platon. Mesmo voltada para o segmento fashion e editoriais, Luísa não abandona a estética conceitual. Com isso, busca ressaltar o figurino e a beleza dos modelos, além de encher as imagens de sentimento e paixão.
“Gosto de pensar que o meu trabalho deve ser ‘tour the force‘, um termo de origem francesa que significa ultrapassar o ótimo, fazer algo que dificilmente vá ser feito de forma igual por outra pessoa”, conta.
Luísa viajará para o exterior em breve e espera voltar cheia de referências do que está sendo feito lá fora. Para ela, a Vogue Itália é uma referência em fotografia de moda.
Bruna Reis
Comparada com nomes como Petra Collins e Nan Goldin, Bruna Reis diz que nunca conseguiu definir a própria estética. “Acho que minhas fotos são o contrário das dela [Nan Goldin]. Enquanto ela quer mostrar uma vida sem filtros, eu quero algo bem fantasioso. Quero que minhas fotos sejam uma fuga da realidade. Talvez tenhamos em comum a paixão por fotografar nossos amigos”, analisa.
A brasiliense de 22 anos começou a fotografar aos 14, pois achava que isso a deixaria mais conectada com o universo do cinema, curso que ela havia escolhido para a faculdade. No entanto, a jovem optou por estudar Teoria, Crítica e História da Arte. Nesse período, encontrou prazer em outros elementos criativos, mas sempre manteve a fotografia por perto. Em 2016, descobriu a magia dos filmes analógicos e viciou em retratos. “Deixei as coisas acontecerem de maneira orgânica”, conta.
Monika Mogi, Agostina Valle Saggio e as irmãs Andreia e Nathalia Takeuchi estão entre suas inspirações. A influência fashion nos retratos de Bruna começou de forma despretensiosa: “Fui percebendo que meus retratos tinham referências de fotografia de moda. Um dia, uma marca me convidou para fazer umas fotos e, desde então, continuei explorando essa área”.
Bruna gosta de trabalhar com empresas locais e independentes. “Acredito bastante no slow fashion e acho que é o futuro da moda”, opina.
“Um dos trabalhos que mais gostei de fazer foi um editorial para o Brechó do Óculos. Todos os envolvidos na produção das fotos são meus amigos. Fomos para um motel fazer as fotos e foi tudo bem divertido”, completa. Ela diz que admira a fotografia da marca paulistana Gla Acessórios. “Acho a fotografia deles super autêntica e impecável”, indica.
Vale destacar que Bruna tem a própria marca de bolsas feitas à mão, a Trela, em parceria com a amiga Amanda Gaspar. A etiqueta ganhou vida no início do ano. “Começamos produzindo bolsas feitas à mão, de miçanga, mas agora estamos com planos de novos materiais e produtos”, explica a fotógrafa.“Meu próximo projeto é a nova coleção. Já comecei a trabalhar na produção do material visual e esperamos lançar até o final do ano”, adianta.
Colaborou Hebert Madeira