Veja 10 marcas internacionais para ficar de olho em 2021
Levantamento do site Highsnobiety com a plataforma Lyst apontou as etiquetas que ajudaram a moldar a cultura jovem em 2020
atualizado
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A cada três meses, o site Highsnobiety, em parceria com a plataforma de pesquisas de moda Lyst, destaca 20 marcas de moda e “pioneiros culturais” que estão moldando a cultura jovem. O último levantamento do ano reflete a influência dessas duas categorias em todo o ano de 2020. Entre as marcas, destacaram-se aquelas que construíram uma dinâmica com seus consumidores, admiradores, e a cultura de maneira geral, em diálogos diários. Para isso, essas empresas ofereceram narrativas autênticas, que vão além da venda, e se adaptaram aos novos jeitos de trabalhar. Dentre a lista, a coluna selecionou 10 etiquetas que valem a pena ficarmos de olho em 2021. A seleção reúne etiquetas pouco ou nunca comentadas por aqui.
Vem comigo!
Insights relevantes do relatório
O poder de abraçar as mudanças de 2020 foi um dos principais diferenciais das marcas que se destacaram neste ano. Em vez de contarem somente com o apoio dos recursos mais tradicionais, como cobertura pela imprensa, grandes varejistas e celebridades, elas usaram todo seu potencial de comunicação direta com o público para se sobressair em meio à crise.
Atualmente, essas marcas mostram que autenticidade, propósito e conexão cultural conversam muito mais com a nova geração de consumidores. Com conteúdos simples e bem direcionados, elas comprovaram que uma boa comunicação pode ir muito além de campanhas caríssimas. Ainda mais neste momento, quando tudo que o público busca é a normalidade.
“Ao fazer isso, eles deixaram de ser vendedores de produtos e se tornaram criadores de cultura e mídia, e olharam para uma realidade fora da moda em uma época em que nenhum de nós estava realmente preocupado com a moda. São marcas que não esperam que a indústria da moda em geral as convidasse para sua ‘mesa de honra’ e, em vez disso, criaram a sua própria”, explica o texto que acompanha o relatório The Next 20.
Alguns fatores ajudaram a alavancar determinadas marcas. Ações beneficentes, como doações para instituições do movimento Black Lives Matter, a exemplo do que fizeram a Brain Dead e a Fear of God, ajudaram a elevar o senso de comunidade que envolve cada empresa. As colaborações marcantes também demonstraram inovações na era pós-colaboração. A ascensão de etiquetas esportivas, motivada por exercícios ao ar livre durante o período de confinamento, é outro detalhe a ser notado.
Na lista abaixo, confira 10 marcas que se destacaram na cultura jovem em 2020 e são grandes apostas para ficarmos de olho no ano que está para começar:
Fear of God
O estilista Jerry Lorenzo era desconhecido no universo do streetwear e sequer tinha formação na área quando deu início à marca Fear of God, em 2013. Hoje, a etiqueta norte-americana é uma das representantes do segmento street de luxo.
Tanto nas peças com mais casuais quanto nos conjuntos de alfaiataria, as criações da etiqueta têm uma pegada clean e despojada. Ao mesmo tempo, proporcionam elegância confortável. Pense em combinações de blazers com moletons, jeans e peças que, em sua maioria, carregam cores neutras. O pre-fall 2021, para lá de descomplicado, é uma prova disso.
Neste ano, a Fear of God expandiu a linha “Essentials” com novas categorias e também a levou a diferentes mercados. Outro fator em destaque foi o lançamento de uma coleção com a Zegna muito aguardada. Em 2020, as menções da etiqueta nas redes sociais subiram 73%.
Salomon
Além de ter visto um aumento de 91% em suas menções nas redes sociais, as visualizações de página da Salomon no Lyst cresceram 634%, se comparadas ao ano passado. A marca para esportes ao ar livre nasceu nos alpes franceses em 1947, por iniciativa de François Salomon. Com auxílio da tecnologia, trabalha no sentido de criar equipamentos para essa finalidade, como os tênis.
“A marca não apenas possui as tecnologias mais cuidadosamente pensadas e a mais alta funcionalidade, mas também nunca para de explorar novas possibilidades para todos os ângulos, desde o clima adverso até a vida cotidiana na cidade”, diz Mitsuhiro Kubo, fundador e diretor criativo da loja conceito GR8, em Tóquio.
Ao longo deste ano, a etiqueta cresceu no segmento de lifestyle e lançou colaborações com etiquetas como Fumito Ganryu, Wander, Avnier, Palace e BEAMS. Teve, também, um bom resultado em pesquisas mensais médias no Google – 550 mil, no segundo trimestre, além de ter lançado seu primeiro tênis de corrida reciclável.
Arc’teryx
Outra etiqueta para atividades ao ar livre no inverno, especialmente nas montanhas, é a Arc’teryx. A empresa entrega parkas, jaquetas puffer, calçados e outros tipos de peças voltados para atividades como alpinismo, escaladas, caminhadas e esqui. No entanto, podem migrar das florestas diretamente para a moda das ruas.
“Nos últimos 12 meses, a marca canadense encontrou um novo interesse no espaço de streetwear. Apesar de sua presença crescente neste novo grupo, Arc’teryx permaneceu focada no desempenho, na qualidade e na sua própria comunidade direta”, afirmou o consultor Sam Trotman.
No início do ano, a etiqueta viu suas menções em redes sociais e na imprensa subirem 540% depois que a Off-White desfilou vestidos personalizados em parceria com a marca na coleção outono/inverno 2020. Já no segundo trimestre, entrou para o time das etiquetas engajadas na corrida por EPIs para profissionais de saúde, produzindo e disponibilizando 30 mil aventais reutilizáveis para trabalhadores essenciais.
A-Cold-Wall*
Dona de um streetwear contemporâneo e sofisticado, a A-Cold-Wall* foi lançada por Samuel Ross em 2015. A marca tem como uma das referências a classe trabalhadora britânica, detalhe que explica a utilização de têxteis industriais e a paleta neutra de cores.
Em relação a 2019, as visualizações de página da marca na plataforma Lyst cresceram 452%. Em meio à crise sanitária provocada pelo novo coronavírus, a empresa também ofereceu um programa de subsídios para ajudar negócios independentes de propriedade de pessoas negras.
“Este ano, assistimos a uma versão turbo-alimentada de Samuel Ross no trabalho que ele fez tanto com o ACW* quanto em um nível social mais amplo”, comentou Stefano Martinetto, CEO e fundador da Tomorrow London Holdings, dona da ACW* e de outras marcas, como a Coperni.
Aimé Leon Dore
A cultura de rua dos anos 1990 cercou o fundador Teddy Santis. Atualmente, isso é o que inspira suas criações na Aimé Leon Dore, etiqueta sediada em Nova York e lançada em 2014. As influências incluem a urbanidade do grafite e um toque da cultura do basquete. A marca trabalha uma moda masculina sofisticada.
As peças são modernas e atemporais, ao mesmo tempo. Ao longo do ano, a etiqueta trabalhou seu DNA nas parcerias que fez com empresas como Porshe, New Balance e Clark. O crescimento da marca em pesquisas na plataforma Lyst foi de 121% em relação ao ano passado. A média de pesquisas no Google, por sua vez, foi de 90%.
Brain Dead
Estampas disruptivas e divertidas marcam presença nas peças do coletivo de design Brain Dead. “Brain Dead não é uma pessoa, nem uma ideia. Ele fica no espaço entre as pessoas”, informa a etiqueta em sua curta apresentação no site oficial. As referências gráficas passeiam pelo pós-punk, o skate, os quadrinhos com pegada underground e a própria ideia de subculturas de maneira geral.
A criatividade lúdica também paira sobre os calçados e objetos da etiqueta. Não à toa que ela reflete alguns dos gostos pessoais do fundador Kyle Ng, apaixonado por música punk, HQs, artes e cinema. Em 2020, a etiqueta teve aumento de 153% nas menções em redes sociais e arrecadou mais de US$ 500 mil em uma semana com uma camiseta de caridade, lançada em colaboração com Dev Hynes.
“Existem marcas e, em seguida, Brain Dead. A indústria pode aprender com a capacidade dos Brain Dead de criar, administrar e operar verdadeiramente como um coletivo de forma consistente”, afirma Bhavisha Dave.
Awake NY
A atemporalidade e a diversidade da cidade de Nova York se traduzem nas criações da Awake NY, etiqueta criada em 2012 por Angelo Baque. A marca, bem relevante no segmento masculino de streetwear, tem um toque do hip hop dos anos 1990.
“Awake começou o ano forte, com colaborações com Carhartt, Timberland e Levi’s. Elas representam a essência e o espírito cultural de Nova York, embora tenham uma presença global. A Awake continuará liderando o caminho para além de 2020 ”, disse o estilista e consultor Marcus Paul.
Neste ano, a grife usou o valor de vendas para contribuir com o New Immigrant Community Empowerment. As visualizações de página da Awake NY no Lyst aumentaram 125% em relação a 2019.
Daily Paper
Inspirada no universo da cultura de maneira geral, a Daily Paper foi lançada em 2012 e é resultado da parceria entre três amigos de infância: Hussein Suleiman, Jefferson Osei e Abderrahmane Trabsini. Com base em Amsterdã, o trio se reuniu para criar designs contemporâneos com referências à herança da cultura africana.
O resultado disso aparece em peças que incorporam tendências atuais, como tie-dye e cores neon, mas que conseguem ser atemporais. Todos os anos, a etiqueta – que começou como um blog – apresenta duas coleções, com opções masculinas e femininas.
O ano de 2020 foi um período e tanto para a Daily Paper. Enquanto muitos negócios sucumbiram à crise do novo coronavírus, a etiqueta prosperou e inaugurou sua primeira flagship na cidade de Nova York. Além disso, ao mesmo tempo que expandiu os negócios, conseguiu permanecer autêntica à própria ética, como destacou Sandrine Charles em entrevista ao Highsnobiety, para o relatório.
Hoka One One
Em 2009, a dupla de corredores Nicolas Mermoud e Jean-Luc Diard se uniu com a missão de criar tênis de corrida que aliassem conforto e velocidade. Assim nasceu a Hoka One One. A marca celebrou a performance de seus produtos já no primeiro ano, calçando atletas vencedores de corridas importantes na Ásia, nos Estados Unidos e na Europa. Mensalmente, as procuras pela etiqueta no Google aumentaram 49%. Houve aumento de 202% de visualizações de página na plataforma Lyst, em relação ao mesmo período do ano passado.
Cactus Plant Flea Market
Cynthia Lu é o nome misterioso por trás da Cactus Plant Flea Market, etiqueta lançada em 2015 que conquistou celebridades como Pharrell Williams (parceiro profissional de Lu), Timothée Chalamet, Kendall Jenner e A$AP Rocky. Segundo a GQ americana, a designer nunca deu uma entrevista e trabalha com processos de tingimento e bordados que geralmente são feitos por ela.
Camisetas, moletons e acessórios como chapéus e bandanas ganham desenhos gráficos e lúdicos que vão desde rostos sorridentes amarelos a palavras e frases. Em 2020, a marca cresceu 77% em menções nas redes sociais e viu suas pesquisas mensais no Google subirem 25%. Além disso, a etiqueta assinou uma das melhores colaborações de tênis com a gigante esportiva Nike.
Além dessas 10 marcas, o relatório do Highsnobiety com a plataforma Lyst reúne mais algumas que já ganharam destaques na coluna anteriormente: Telfar, Jacquemus, Marine Serre, Pyer Moss, Amina Muaddi, Medea, Wales Bonner, Ahluwalia, Bode e Mowalola. Outra lista de etiquetas que merece atenção é a de emergentes, que inclui ELR, Harris Reed, Humanrace, Athletics Ftwr, 4SDESIGNS, Total Luxury Spa, Post Archive Fashion, Gold Laundry, Maximilian e Gallery Dept. Vale conferir, ainda, a lista de “Pioneiros culturais de 2020”.
Para chegar ao resultado das duas listagens The Next 20, as duas empresas reuniram o trabalho de um conselho consultivo de líderes da indústria que, com a ajuda de algoritmos, chegaram ao resultado final dentre mais de 400 grifes e 660 personalidades. O potencial de cada uma delas foi indicado a partir de mais de 13 mil pontos de dados.
“Os dados considerados incluíram o valor de pesquisa do Google, desempenho de mídia social, imprensa, blog e métricas de discussão on-line e, para as marcas, insights com propriedade da Lyst”, explica o levantamento, que ajustou os algoritmos para medir o impacto das marcas de maneira justa em relação às mais emergentes.
Colaborou Hebert Madeira