Uniformes escolares do Reino Unido aderem à moda agênero
A gigante varejista Stevensons fornece itens unissex para alunos das escolas espalhadas pela Nação
atualizado
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Ainda na infância, as crianças costumam ser vestidas com peças de roupas que representam o gênero de nascimento, geralmente com cores específicas para os meninos e recortes delicados para as meninas. Com o passar dos anos, o mercado da moda vem se adaptando a quebras de padrões obsoletos e abre espaço para a inovação dos estilistas. As roupas passam a não serem apenas vestes, mas uma forma de encontro pessoal. Na terra da rainha, não é diferente. Um dos maiores fabricantes de uniformes escolares, a partir de agora, venderá peças sem gênero.
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Foi no século 20 que a pioneira Stevensons deu início à confecção de uniformes para as escolas do país. A empresa familiar fornece roupas escolares e esportivas para mais de 500 clientes no Reino Unido. Entre a clientela que a varejista atende, estão escolas tradicionais e militares, que engrossam a lista de demandas.
A lista engloba, por exemplo, o colégio internato para garotos Eton College, a escola do Coral da Catedral de Westminster, o internato só para meninas de Saint Paul e a Royal Ballet, a primeira e mais importante companhia de balé do Reino Unido.
A nova empreitada da rede varejista enfatiza a diversidade e a representatividade de gênero. Para dar continuidade ao conceito, não venderá mais os uniformes como masculinos ou femininos, mas a quem quiser se vestir de maneira livre.
Inclusive, as embalagens dos produtos também serão neutras para não representarem uma divisão de gêneros já no primeiro contato do cliente final com o produto da Stevensons.
Além de renovar os ares do tradicionalismo que cercava os uniformes, a iniciativa veio por causa de preocupações das escolas, como explicou um porta-voz da empresa ao The Guardian.
“Me simpatizo com a mudança em relação a um uniforme escolar neutro, sem gênero. Estamos eliminando todas as referências que atingiam diretamente e indiretamente os meninos e meninas que vestimos”, disse Mark Stevenson, diretor administrativo dos negócios lançados por seu avô.
Com o objetivo de desenvolver uma cultura de aceitação nas escolas, um projeto de lei no Reino Unido sugerido pelos democratas liberais prevê que as escolas permitam o uso de uniformes sem gênero durante o período letivo.
Em geral, a tendência da moda agênero ganhou força global pela quebra de padrões, especialmente em relação ao gênero e à sexualidade. O conceito existe desde o século passado e teve uma pitada de leveza no vestuário feminino criada por Coco Chanel. A estilista também trouxe itens do armário masculino para o dia a dia da mulher daquela época.
Em 1994, Jean Paul Gaultier mesclou a moda feminina e a masculina nas passarelas internacionais. Com o mesmo viés, em 2010, a italiana Prada aderiu ao mix e trouxe um desfile feminino em plena semana de moda masculina de Milão.
Apesar de não serem recentes as modificações nos códigos, sobretudo no meio social, a aposta do genderless realmente ganhou força em 2014, ao aparecer com propriedade nos desfiles de moda e em collabs. De lá para cá, isso só aumentou e virou uma pedida constante do público.
O mundo das celebs também foi invadido com saias e vestidos. Ao longo dos anos, Kurt Cobain, Jared Leto e David Bowie aderiram às peças que até então eram tidas como femininas. Em seguida, essa moda se tornou popular até no meio infantil.
No Brasil, em 2017, o Sindvest-MG (Sindicato das Indústrias de Vestuário do Estado de Minas Gerais) sinalizou que a moda agênero era uma tendência com grande potencial de expansão nos próximos anos.
Nas passarelas, em looks de famosos ou nas araras das principais etiquetas mundo afora, a forte tendência das roupas sem gênero tem conquistado maior espaço nas ruas. De maneira geral, traduz uma maior conscientização em relação à identidade de gênero.
Colaborou Sabrina Pessoa