Treta fashion: conheça seis das principais rixas do mundo da moda
De Coco Chanel e Elsa Schiaparelli a Karl Lagerfeld e Yves Saint Laurent, descubra alguns desafetos que marcaram o universo fashion
atualizado
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Ao pensar em moda, desfiles e editoriais de tirar o folêgo estão entre as primeiras imagens que vêm à mente. Porém, nem tudo na indústria fashion se resume a flores, bordados e glamour. Os bastidores também escondem rixas e desentendimentos. Entre grandes estilistas, por exemplo, a rivalidade de Coco Chanel e Elsa Schiaparelli é uma das mais conhecidas. Azzedine Alaïa, por sua vez, não mediu esforços para expressar seu “ranço” por Anna Wintour, editora-chefe da Vogue americana.
Vem comigo relembrar seis tretas que marcaram o mundo da moda!
Coco Chanel x Elsa Schiaparelli
A “artista italiana que faz roupas”. Era assim que Gabrielle ‘Coco’ Chanel chamava Elsa Schiaparelli, recusando-se a pronunciar o nome de sua grande rival. A estilista, por sua vez, apelidou Chanel de “a chapeleira”.
No início do século 20, ambas tinham grande notoriedade no cenário da moda francesa, mas a couturier italiana era considerada mais ousada e inovadora. Hoje, a Chanel é mais conhecida.
O desprezo de Gabrielle pela colega era tão grande que, certa vez, ela teria feito Schiaparelli esbarrar “acidentalmente” em um candelabro, quando a chamou para dançar durante uma festa à fantasia. Como resultado, o vestido da designer pegou fogo, mas convidados ajudaram a apagá-lo usando água com gás.
Karl Lagerfeld x Yves Saint Laurent
O alemão Karl Lagerfeld e o francês Yves Saint Laurent não se bicavam desde a juventude, quando competiram pelo mesmo prêmio em 1954 – que YSL venceu! Não se sabe ao certo o que motivou a rivalidade de cinco décadas, que só teria terminado com a aposentadoria de Yves Saint Laurent, em 2002.
Certamente, outro fator que contribuiu para a intriga já na vida adulta foi o fato de Saint Laurent ter engatado um caso breve com Jacques de Bascher, companheiro de Karl Lagerfeld de 1971 a 1989, ano em que Bascher morreu. O romance com YSL ocorreu em 1973. Há quem diga que os dois designers até pediam para amigos escolherem um lado.
Apesar do desafeto, incluindo farpas trocadas na imprensa, os dois socializavam em eventos. A jornalista e escritora de moda britânica Alicia Drake chegou a abordar a inimizade dos dois estilistas no livro The Beautiful Fall.
Azzedine Alaïa x Anna Wintour
O estilista tunisiano Azzedine Alaïa, que faleceu em 2017, alfinetou Anna Wintour algumas vezes em seus últimos anos de vida. Wintour nunca respondeu diretamente às críticas, mas pulou desfiles do couturier em Paris e foi acusada até de boicotá-lo.
O caso mais notório da intriga foi em 2009, quando nenhuma criação do designer foi incluída na exposição de primavera do Costume Institute no Metropolitan Museum of Art, que Wintour organizou. Como consequência, ele não liberou seus vestidos para as convidadas do Met Gala daquele ano.
Após o ocorrido, Alaïa deu uma entrevista ácida ao Women’s Wear Daily. Contou que a editora-chefe da Vogue americana ignorou seu trabalho nos últimos 15 anos e chegou a dizer que ela “se comporta como uma ditadora e todo mundo tem pavor dela”. Em outra entrevista, acusou a jornalista britânica de ter mau gosto.
Apesar de Alaïa também criticar nomes da indústria como Karl Lagerfeld e John Galliano, a irritação com Wintour era um caso à parte. “Outras pessoas pensam como eu, mas não dizem isso porque têm medo de que a Vogue não as fotografe. Enfim, quem vai se lembrar de Anna Wintour na história da moda? Ninguém”, afirmou ele à Virgine Mag em 2011.
Naomi Campbell x Tyra Banks
Segundo a modelo e apresentadora Tyra Banks, as coisas nem sempre foram amigáveis entre ela e Naomi Campbell. Quando a norte-americana começou a modelar, nos anos 1990, Campbell estava no auge da carreira. Por isso, teria se sentido ameaçada com a presença de mais uma modelo negra nos desfiles, em um momento predominado por modelos brancas. Também teria insultado Banks e feito com que ela perdesse oportunidades de trabalho, algo que a colega negou.
O assunto foi abordado durante uma participação de Campbell no programa The Tyra Banks Show, em 2005, quando fizeram as pazes publicamente. Onze anos depois, Tyra Banks disse ao programa sueco Skavlan que ainda teme a colega. “Até hoje tenho medo dela. Foi muito difícil. Lidar com isso foi um dos momentos mais baixos da minha vida.”
Em 2019, questionada sobre o assunto, Banks esclareceu que não havia qualquer intriga da parte dela. Aliás, disse que não tinha motivos para competir, já que ela não estava no mesmo patamar de Naomi Campbell. Por outro lado, afirmou que o início de sua carreira como modelo foi difícil por conta do atrito.
“Ela fez tudo ao seu alcance para se livrar de mim. Eu pensava ‘por que ela estava fazendo isso? Isso é tão mau! Isso é tão horrível’, mas agora entendo que ela estava reagindo à indústria. ‘Naomi, olhe! Tem uma garota negra que vai pegar o seu lugar’”, relatou.
Heidi Klum x Elle Macpherson
A revista Time apelidou a modelo Elle Macpherson de The Body (o corpo) em 1986, título pelo qual ela ficou conhecida durante muito tempo. Acontece que, 20 anos depois, em 2006, a Victoria’s Secret lançou um sutiã com o mesmo nome, inspirado na modelo e apresentadora Heidi Klum. “Eles me chamam assim e batizaram um sutiã em minha homenagem”, disse ela à época.
A declaração não pegou nada bem para a equipe da colega australiana, que ficou “perplexa”. “Temos inúmeros recortes de imprensa no escritório que se referem a ela como The Body. Em termos de registro público, esse nome pertence à Elle”, retrucou Melissa Edwards, porta-voz da linha de lingeries da modelo.
Curiosamente, Heidi Klum assumiu a direção criativa da linha de lingeries, em 2014. Entretanto, isso ocorreu assim que a controladora Brendon, dona da marca, encerrou o vínculo de mais de 25 anos com sua suposta rival. À época, Klum disse que foi procurada pela Brendon para a parceria e não teve qualquer relação com o fim da parceria com Macpherson.
A marca, que se chamava Elle Macpherson Intimates, foi relançada como Heidi Klum Intimates em janeiro de 2015. Apesar da confusão, a supermodelo alemã garante que não tem nada contra Elle. Disse à Harper’s Bazaar Australia que as duas já se encontraram após as polêmicas e se dão bem. “’Não é como eu tivesse me chamado de ‘The Body’. Não foi tipo, ‘Elle, estou assumindo esse título’”.
PETA x marcas em geral
A organização não governamental ambientalista People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) é conhecida pelo longo histórico de protestos contra marcas de moda que usam peles de animais dentro e fora de desfiles e lojas. Um dos episódios mais famosos foi quando o ativista Brice Friedrich invadiu a passarela de Randolph Duke com tinta vermelha em 2000.
Personalidades fashionistas como Kim Kardashian, Anna Wintour e Paris Hilton foram atacadas por ativistas antipele com farinha durante aparições públicas.
Karl Lagerfeld, que foi diretor criativo da Chanel e da Fendi, era um defensor das peles e contrário aos pedidos da Peta. “Quem pagará por todo o desemprego das pessoas se você suprimir a indústria de peles? Os caçadores de zebelino no Norte, eles não têm outro emprego, não há mais nada a fazer”, questionou ele em entrevista ao The New York Times.
Em dezembro de 2018, a Chanel abandonou o uso de peles e se juntou ao time de marcas que aderiram ao movimento fur free. Hoje, a lista inclui Prada, Burberry, Gucci, Versace, Diane Von Furstenberg, entre outras etiquetas. Por outro lado, a Fendi é uma das que continuam a trabalhar com o material – e, obviamente, já foi alvo de protestos de ativistas da PETA.
Colaborou Hebert Madeira