Tiffany leva mais de 500 peças de alta joalheria a exposição na China
Exibição é a maior dedicada ao segmento já feita pela marca norte-americana no país asiático, mas será que este é o momento ideal?
atualizado
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Na última semana, a Tiffany & Co. abriu as portas de sua maior exposição de alta joalheria já realizada na China. A exibição vai até esta sexta-feira (16/4) e inclui mais de 500 peças. Uma gema que promete chamar a atenção é o diamante Empire, com mais de 80 quilates, adquirido pela marca no início deste ano. A seleção de itens da mostra inclui as últimas novidades da coleção Blue Book, sob o tema Colors of Nature.
Vem saber!
Destaques da exposição
Na exposição, que começou na última quinta-feira (8/4), a Tiffany explica que o centro das atenções é o “artesanato incomparável e a herança da marca como sendo a provedora das melhores gemas e diamantes do mundo”. A mostra tem mais de 35 gemas de diferentes espécies. Entre elas, tanzanita, morganiza e tsavorite, que fazem parte do legado da marca.
A coleção Colors of Nature aborda quatro temas – terra, paisagem, mar e céu – e integra a edição de 2021 da coleção anual Blue Blook, uma tradição da marca desde 1845. Nela, as pedras preciosas raras e o trabalho artesanal ganham destaque. As novidades incluem designs criados por pelo renomado designer Jean Schlumberger (1907-1987). Aliás, natureza é uma inspiração recorrente nas coleções de alta joalheria da marca.
“Transformando as exibições cromáticas mais vívidas da natureza em obras de arte hipnotizantes, a forte estética da coleção inspira o espaço, onde joias extraordinárias são exibidas em uma jornada pela natureza – terra, mar e céu”, descreve a empresa.
A exposição tem como endereço o North Bund Tower, em Xangai. As cinco salas são divididas pelos temas da coleção. Até então, o último grande evento da joalheria no país havia sido uma exibição com parte dos arquivos da marca, em 2019.
Schlumberger e diamante Empire
Schlumberger foi um importante designer de joias que contribuiu com o legado da Tiffany, com uma trajetória que inclui honrarias e prêmios importantes de arte e moda. Contratado como vice-presidente da marca em 1956, ele foi responsável por criar designs curiosos e diferenciados, que “capturam a irregularidade do universo”, em suas próprias palavras.
“Trouxemos alguns dos designs nunca antes vistos do lendário artista Jean Schlumberger de uma maneira que complementa perfeitamente as obras-primas da alta joalheria da Tiffany. Embora as joias da marca e os designs da Schlumberger tenham sua própria personalidade e espírito distinto, eles estão ligados nesta apresentação pelas ideias de natureza e cor”, compartilhou a gemologista-chefe da marca, Victoria Reynolds, em fala citada pelo WWD.
Já o diamante Empire (80 quilates), adquirido pela label em janeiro, está em exibição na forma de um “preview exclusivo”. Embora o amarelado Diamante Tiffany (128,54 quilates) seja a pedra mais icônica da empresa, de “valor inestimável”, a nova aquisição já é considerada o mais caro diamante na história da marca, estimado na faixa dos oito dígitos. Diferentemente do “irmão mais velho”, a gema recém-chegada será vendida.
A pedra transparente e ovalada fará parte de um colar inspirado no design Água-Marinha, apresentado na Feira Mundial de 1939, onde foi a grande atração. A nova versão promete ser oficialmente apresentada na reabertura da loja da marca em Manhattan, que fechou para reformas em 2020, mas reabrirá no próximo ano.
Números da Covid-19 na China
A China, onde o novo coronavírus foi identificado pela primeira vez em dezembro de 2019, foi também um dos primeiros países do mundo a controlar a situação da pandemia, ainda em maio do ano passado. Em alguns momentos de 2021, como em janeiro, voltou a registrar picos no aumento de casos; o principal deles no dia 31, com 92 novas infecções. Desde o último pico, no dia 5 deste mês, o número não superou 32 casos. Por lá, a situação da pandemia é considerada sob controle.
Segundo dados do site oficial da National Health Comission of The People’s Republic of China divulgados na terça-feira (13/4), o país teve 90.435 casos confirmados e um total de 4.636 mortes. Até então, mais de 171,9 milhões de doses de vacina contra a Covid-19 foram aplicadas na população chinesa, de 1,4 bilhão de habitantes. Com a vida considerada praticamente dentro dos padrões normais, há pessoas por lá que sequer têm pressa para serem vacinadas. A situação controlada tem dado abertura para realização de grandes eventos, diferentemente do Brasil, por exemplo.
Na última semana, a China recebeu a terceira edição da World Health Expo, realizada presencialmente na cidade de Wuhan, onde o vírus Sars-CoV-2 foi detectado pela primeira vez. Por lá, a população tem retomado a “normalidade”.
Na segunda-feira (12/4), por exemplo, a Dior realizou o desfile de pre-fall 2021/22 em Xangai, com 1 mil convidados. Pelo vídeo do desfile, é possível notar que grande parte do público estava sem máscara. Segundo a grife, o evento foi realizado “de acordo com as diretrizes relevantes de saúde e segurança”.
Seria este o timing ideal?
Embora a situação pareça mais favorável, o mundo ainda está de luto e a pandemia segue sem previsão de acabar. Por isso, o momento não parece o mais adequado para eventos de grande porte, com público convidado. Vale destacar que, em setembro do ano passado, artigo publicado na revista científica The Lancet defendeu que a crise global do novo coronavírus não se trata de uma pandemia, mas uma sindemia.
O termo repercutiu entre os principais veículos de comunicação do exterior. No caso de uma sindemia, o vírus em questão não atua sozinho, mas agrega também outras doenças, provocadas, principalmente, pela desigualdade social. A Covid-19, por exemplo, tem interagido com doenças não transmissíveis, como hipertensão, obesidade e diabetes. Dessa forma, demanda uma abordagem diferente do que ocorreu com outras enfermidades que se disseminaram no passado.
Vendas de joias na pandemia
Voltando ao mundo das joias, mas ainda dentro do contexto da pandemia, vale recapitular um dado sobre o setor. Em 2020, números da Edahn Golan Diamond Research & Data apontaram que o segmento joalheiro voltou a recuperar as vendas de joias finas para o público dos Estados Unidos a partir de junho, depois de sofrer queda nos primeiros meses da crise da Covid-19. Só em agosto, o aumento foi de 10% em relação a 2019.
À CNN especialistas explicaram que viagens são a maior concorrência do setor de joias. Já que o momento não estava propício para deslocamentos, esse seria um dos motivos para o público rico norte-americano, que se recuperou rapidamente em relação às famílias de média e baixa renda, direcionar o orçamento de viagens às joias. Essas peças, como indicou a Macy’s, “retêm seu valor”.
Colaborou Hebert Madeira