Tessitura do afeto: Caroll Falcão cria peças em linho e cânhamo
A estilista recifense fundou a própria marca em 2016, com foco em roupas de tecidos naturais e feitas à mão
atualizado
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Linho e cânhamo são os materiais que dão vida ao trabalho de Caroll Falcão. Com apreço pelos tecidos, que veio de família, a estilista recifense desenvolve peças atemporais e minimalistas, baseadas no que chama de “tessitura do afeto”. Em entrevista à coluna, ela relembra a própria trajetória e ressalta a importância da moda responsável.
Vem conhecer!
Impulso familiar e afetivo
Carollina Falcão, 35 anos, tem uma relação antiga com o segmento têxtil. Desde pequena, acompanha a rotina do avô materno, que foi comerciante de tecido durante muitos anos. “Cresci ouvindo as histórias e também rodeada desses tecidos, na cama, nas toalhas de mesa, nas roupas da minha mãe…”, lembra.
Além disso, sempre teve o exemplo da avó, que costurava e bordava roupas para a família. As criações da matriarca viraram referência para as peças que a neta desenvolve como estilista.
Caroll nasceu em Recife, no estado de Pernambuco, onde fez graduação em publicidade. Em 2012, foi morar em São Paulo e também mudou de área profissional: deu o primeiro passo para a carreira na moda. “Foi trabalhando como consultora de estilo que vi que eram pouquíssimas as marcas que trabalhavam com fibras naturais”, conta.
Moda responsável
Em 2016, na cidade natal, Caroll Falcão fundou a marca homônima para lançar peças sustentáveis e feitas à mão. Na iniciativa, escolheu trabalhar com o linho e o cânhamo. “São fibras que vão além da durabilidade. A plantação delas não cansa o solo, precisa de pouca energia na sua produção, e o cânhamo ainda filtra o solo de impurezas”, destaca.
Com base no slow fashion, a etiqueta não segue um calendário específico para as coleções. Na opinião da estilista, o calendário tradicional da moda, com coleções divididas em temporadas comerciais, é insustentável.
“Passo o ano criando e lançando as criações… Depois, eu junto as novidades dos últimos meses e fotografo”, conta à coluna. “Meu processo criativo não tem uma linha certa, eu sempre ando com um caderninho e vou anotando tudo e rabiscando lá. Quando a ideia faz sentido, já vira roupa”, acrescenta.
O resultado são peças fluidas, autênticas e elegantes. Vestidos, camisas, shorts, saias e calças estão entre as apostas, pensadas em meio a uma paleta ampla de tonalidades. Nos detalhes, bordados, amarrações, drapeados, fendas, botões e assimetrias.
“Minha inspiração vem vivendo; e muitas vezes vem da natureza mesmo! Tem coisa mais linda que a paleta de um pôr do sol na praia? Os tons azuis esverdeados do mar com os tons rosas e laranjas do céu: a cartela de cor está lá, de graça e com toda harmonia”, reconhece Caroll Falcão.
Calma no processo
Recentemente, Caroll Falcão inaugurou um novo ateliê, no Edifício Oceania, conhecido pelas gravações do filme Aquarius. Localizado na Avenida Boa Viagem, o prédio foi construído em 1958. Agora, abriga um espaço mais confortável para as clientes locais da label.
Atualmente, a grife também atende via Instagram e pelo WhatsApp, por meio de um catálogo com preços e detalhes. Por enquanto, um e-commerce não está nos planos da estilista.
“Tem funcionado muito bem do jeito que estamos. Eu também dou muito valor a ter momentos de respiro e tempo livre. A inspiração inclusive sempre aparece nessas horas…”, assegura Caroll. “Essa roda vida do capitalismo me assusta um pouco. Por isso, escolhemos esse tempo de trabalho: tudo é feito com delicadeza e calma”, completa.
A recifense faz questão de valorizar o fato de que a vida acontece no agora. “A pandemia nos puxou mais do que nunca pro presente. Então, não consigo pensar muito no futuro. Eu estou gostando de tudo do jeito que está”, conclui Caroll Falcão.
Para outras dicas e novidades sobre o mundo da moda, siga @colunailcamariaestevao no Instagram. Até a próxima!
Colaborou Rebeca Ligabue