Tela Ambulante: brechó criativo combina arte e moda autoral
O artista plástico brasiliense Victor Hugo transforma a memória afetiva da costura em arte. O brechó está confirmado para o MFDF 2023
atualizado
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Victor Hugo Soulivier, artista plástico brasiliense de 25 anos, transformou a memória afetiva da costura em brechó autoral. Fundado há três anos, o Tela Ambulante também leva o título de marca experimental. Não à toa, é um dos nomes que marcarão presença no Metrópoles Fashion & Design Festival 2023.
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O Tela Ambulante foi criado em parceria com a amiga Juliana Gomes, que permaneceu no projeto até este ano. Desde 2020, a iniciativa repagina roupas e acessórios personalizados por meio de técnicas de upcycling, que refletem a personalidade e as experiências de Victor. A inspiração principal vem da ideia de que a moda pode ser uma forma de expressão pessoal, além de uma ferramenta de conexão com a história e a cultura.
Idealizado sobre os princípios de arte vestível, o projeto fez história em janeiro, quando vestiu o influenciador Ivan Baron durante o rito de passagem da faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 1º deste ano.
O modelito foi uma manifestação política, graças à intervenção artística de Victor Hugo. O look teve estampadas frases e palavras de protesto, como “parem de nos excluir” e “anticapacitismo”, na parte de trás do blazer.
“Quando o Ivan encomendou a roupa com a gente, e compartilhou a história de vida dele, a gente pegou essa trajetória e as referências para criar a roupa”, destaca Victor Hugo, em entrevista à coluna. “Inclusive, a gente faz com que toda peça não seja descartada, vira uma obra colecionável porque conta a vida da pessoa”, endossa.
Outras telas marcam a história do empreendimento. Levando ao pé da letra, assim como o nome da marca, as peças de roupa são telas em branco, cheia de novas oportunidades de criações. “A peça passa a ser uma relíquia”, garante o fundador, que transita com facilidade entre as artes visuais e o design de moda.
A arte da moda
Crescido em chão de fábrica, Victor Hugo Soulivier “flerta” com a moda desde a infância. Filho de costureira, ele sempre admirou a dedicação da mãe para colocar comida em casa. A relação com a moda se intensificou durante a pandemia de Covid-19. De pequenos reparos e auxílios no trabalho da mãe, o artista passou a criar peças.
No período, desenvolveu uma ecobag em tamanho grande com a mãe, depois a customizou e colocou à venda no Instagram. Não demorou para amigos e conhecidos se interessarem e encomendarem o acessório. A boa repercussão da bolsa foi o pontapé inicial para o lançamento da primeira coleção-cápsula.
O brechó criativo terá espaço no Metrópoles Fashion & Design Festival 2023, que ocorrerá nos dias 14 e 15 de setembro, no Museu Nacional da República. Quem passar por lá vai conferir de perto as criações recentes do designer. “Vou levar a linha A Roupa Como Órgão, que é uma série que eu trabalho e fala sobre gêneros, sexualidade e todas essas questões”, revela.
Victor também é um dos participantes do circuito de oficinas, que compõe a programação do MFDF Educa, projeto com viés educativo do evento. No dia 14 de setembro, o artista vai ministrar a Oficina de Pintura em Tecido, às 11h30.
Moda Brasília
A coluna deu início à série Moda Brasília em 2021. Toda semana, apresentamos marcas, designers e etiquetas locais, a fim de dar ênfase à moda criada no Distrito Federal, no Centro-Oeste.
O objetivo é compilar iniciativas e empresas que atuam em prol da cadeia produtiva regional de maneira criativa, sustentável e inovadora. Os nomes são selecionados de forma independente pela equipe da coluna, a partir de critérios como diferencial de mercado, pioneirismo e ações que valorizem a comunidade.